Paulo Massa: Trabalho e otimismo para 2025
Um dos mais importantes cases de empreendedorismo no país, o Grupo MPE passou por diversas crises enfrentadas pelo Brasil desde a sua fundação, em 1987, e seguiu como uma companhia de ponta.
Inicialmente focado na engenharia, o Grupo MPE expandiu sua estratégia para a criação de camarões, tilápias, gado de corte, açúcar e álcool. A MPE Participações em Agronegócios absorveu essa experiência também na produção de soja, algodão e engenharia pecuária do Mato Grosso para as fazendas no Noroeste Fluminense, usando novas tecnologias para o plantio, colheita e processamento da cana, produzindo açúcar e álcool em duas grandes usinas em Campos. A genética usada na plantação de frutas, como manga, goiaba e coco, é realçada pela precocidade da produção. E agora expandindo para bebidas finas, como a cachaça Sete Capitães e vinhos especiais produzidos numa vinícola construída no alto da Serra de São Fidélis.
O grupo hoje, em um ano de reorganização e adequação das atividades, tem à frente Cristiane Abreu e Paulo Massa, filha e genro de Renato Abreu, que, ao lado de Mário Aurélio da Cunha, já falecidos, idealizou e fundou o conglomerado. Em entrevista ao Petronotícias, Massa fez um raio x das atividades do grupo e as suas perspectivas para 2025.
Ano de 2024 para o grupo — Não foi muito fácil. A perda repentina do Renato no fim de 2023, apesar de ele ter feito o processo de passar o bastão para os executivos da companhia, foi impactante para todos nós, família e amigos. Quem o conheceu de perto sabe como o Renato era: incansável e com uma visão de futuro extraordinária. Ele não conseguia parar. O foco do Renato era a família reunida. E não só a dele, mas também as de todos que o rodeavam. Como era querido, respeitado e admirado dentro do grupo, com uma liderança absolutamente peculiar, a sua ausência provocou um vácuo natural. Um ano completo de reestruturação, conhecimento e aprendizado para toda a liderança do grupo. Em função disso, assim como quase todas as empresas brasileiras de engenharia, tivemos nossas dificuldades de um lado e um saldo bem positivo de outro, com expansão nos negócios de energia e transporte. No campo agrícola, o grupo se desenvolveu de modo positivo, produzindo álcool e açúcar no Rio de Janeiro e também em outras frentes do setor alimentício, como as produções de tilápias e camarões em nossas fazendas na Bahia. Queremos desenvolver a região Norte e Noroeste do Rio com a atividade agropecuária, trazendo o conhecimento de novas tecnologias e os recursos da inteligência artificial usada no campo. O agronegócio é uma atividade que sustenta o Brasil há muitos anos. Hoje, o nosso país é o maior exportador de soja e seus derivados, suco de laranja, café, carne bovina e frango. O Brasil é o grande alimentador do planeta, produzindo alimentos para 25% da população mundial. E ainda temos potencial para alcançar patamares maiores, principalmente em grãos. Os nossos investimentos fizeram ressurgir a indústria sucroalcooleira no estado do Rio. Estamos produzindo açúcar e álcool através de uma parceria com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro).
MPE Agro na produção de vinhos — A produção de vinho é uma atividade que o Renato sempre deslumbrou. Era uma paixão. A nossa vinícola teve a primeira safra em 2022 e conseguimos produzir um vinho de alta qualidade. Os vinhedos plantados nas serras de São Fidélis, em uma altitude variando de 800 a 1.600 metros, já estão produzindo uvas Cabernet Sauvignon, Shirah e Sauvingon Blanc. É uma indústria bem moderna, numa antiga região de plantação de café, entre Campos e São Fidélis, em Bela Joana. Estamos procurando seguir o desejo dele de desenvolver um complexo de sabores. Além do vinho, pretendemos plantar café e oliva e criar uma queijaria de médio porte, comprando o leite na própria região.
Expansão em outros setores agrícolas — Os números não mentem. O agronegócio é o positivo de nossa balança comercial. E vai continuar sendo o carro-chefe do país. Cada vez mais, o mundo vai depender da produção agrícola brasileira. Nós podemos mais que dobrar a produção do país, sem que seja derrubada uma única árvore. Para isso, basta apenas recuperar terras degradadas, assim como estamos fazendo com as uvas em São Fidélis. O agro demanda muita tecnologia. Os produtores brasileiros entenderam isso, por isso esse sucesso. Não tem volta. Tudo é monitorado por satélites. A quantidade de adubo é calculada à medida que o solo é analisado automaticamente. Estamos falando de uma atividade altamente tecnológica. O agro também é um aliado do clima. Plantações de soja, cana e milho, por exemplo, fixam carbono no solo. O agronegócio brasileiro é uma fonte de captação de carbono. Falando especificamente da cana-de-açúcar, ela sequestra carbono durante seu crescimento. Após a sua colheita, é possível fabricar biocombustível (etanol). Enquanto isso, o bagaço da cana serve para cogeração de energia. Muitos produtores rurais já têm um ciclo fechado e são autossuficientes em produção de energia.
Perspectivas para 2025 — O mundo continuará precisando de alimentos. Isso é um indicativo claro que não devemos tirar a nossa atenção para a produção agrícola. A economia anda nervosa. Há muitos desencontros e imprevisibilidade. E isso é tudo que o empresário não quer. Precisamos de certeza para investirmos. Acredito que por esse movimento haverá uma certa instabilidade nos primeiros meses, mas já estamos atentos aos movimentos. De um modo geral, pela estrutura que ainda estamos montando neste ano de redesenho, há boas possibilidades para sermos otimistas, como o Renato sempre pregava. Sem otimismo, a derrota já está certa. E nós nascemos para vencer.