Ingrid Silva
22/01/2025 09:13 - Atualizado em 22/01/2025 09:51
Apresentação no 36º Festival da Canção de SJB
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Divulgação
A banda campista “Atriô”, uma das finalistas do 36º Festival da Canção de São João da Barra com a música autoral “Por que eu sou assim?”, está ganhando cada vez mais espaço. Composta por Allu Novaes no vocal, Icaro Campagnaro no violão/guitarra e Le Muti na percussão, a banda teve sua primeira apresentação oficial em julho do ano passado, em um espaço cultural no Parque Corrientes, e, além de eventos fora da cidade de origem, o trio se apresentou, no dia 10 de janeiro, em um bar na avenida Pelinca.
Após o reconhecimento no festival em SJB, o foco agora é nas canções autorais e novos arranjos. “Neste ano, resolvemos diminuir um pouco nossas expectativas e estamos com os pés no chão, entendendo como realmente funciona o cenário na indústria musical. Não é fácil viver de música, mas é possível. No momento, estamos em processo de composição de novas canções e de criação de arranjo das que já existem. A divulgação das músicas autorais está acontecendo nos nossos shows acústicos pelos bares da vida que estamos ocupando”, explica Allu, vocalista da banda.
Banda "Atriô"
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Divulgação
O projeto surgiu, segundo os membros da banda, numa tarde tocando para os amigos, no quintal da casa de Le Muti. Antes disso, os encontros aconteciam apenas pelo gostar de fazer um som juntos. Existia a intenção de profissionalizar, mas em conjunto decidiram ficar “na garagem” por um tempo, antes de iniciarem os ensaios mais frequentes, entre fevereiro e março do ano passado. Um tempo depois, em julho, realizaram o primeiro show acústico.
— Nós não fazíamos ideia que os nossos movimentos tomariam os rumos que tomaram. A gente só tem a agradecer pelas oportunidades que estão chegando em nossa direção. Pretendemos lançar nosso primeiro EP ainda neste ano ou no início de 2026. Tudo vai depender de recursos. Investidores de plantão, olhem pra gente — brincou Allu.
A vocalista relembrou, ainda, da experiência de participar do festival em SJB, em novembro do ano passado. “O sentimento foi de realização pessoal e coletiva. A gente ‘botou a cara’ e foi confiando na nossa canção. Nos inscrevemos no edital, e foi uma experiência incrível! Precisamos de muita energia e tempo para fazer o ‘corre’ acontecer, e valeu a pena cada momento vivido. Defendemos nossa canção, conhecemos artistas de outros municípios e estados, recebemos conselhos de quem está na caminhada há mais tempo que nós com humildade. Pisamos no mesmo palco que a Sandra Sá pisou e chegamos à final”.
Confira o link da apresentação completa do grupo na final do festival neste link.
Travesti e transexual, Allu sente que está ganhando cada vez mais espaço no município, que é mais conservador, mas ressalta também a luta constante por espaço na música. “Ser mulher não é nada fácil, ser trans e travesti menos ainda. Eu sou campista, amo a minha cidade e me sinto pertencente dela, apesar da massa conservadora que a todo tempo me invisibiliza, estigmatiza e marginaliza corpos trans e travestis na sociedade. Na minha arte, consigo romper com minha voz as barreiras do preconceito. Me sinto reconhecida nos momentos em que sou humanizada e vista com respeito, que é o mínimo que eu mereço. Eu quero mais! Eu existo!”, declara.
Em dezembro do ano passado, a banda viajou a trabalho para Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, para participar do lançamento do EP “Ser”, do artista capixaba Ronnie Silveira. Além do evento, eles se apresentaram em dois outros ambientes no município, sendo a Casa Cultural Carmô e um bar com vista para um mirante. Em Campos, também fizeram show em um bar no bairro da Pelinca, assim como retornaram ao local do primeiro show. As apresentações contam com canções originais, como “Medo de Avião” e “Por que eu sou assim?”, além de repertório com arranjos diferentes de artistas como Djavan, Liniker, Rita Lee e Gilsons.