Raul Plassmann recorda dificuldade de jogos em Campos e exalta torcida do Flamengo
Matheus Berriel 26/10/2021 20:09 - Atualizado em 08/09/2023 17:46
Raul Plasmann participou de eventos em Campos no fim de semana
Raul Plasmann participou de eventos em Campos no fim de semana
Em Campos no último final de semana para compromissos na embaixada do Flamengo, no Parque Rosário, e na loja oficial do clube em Guarus, o ex-goleiro Raul Plassmann, campeão mundial interclubes e da Copa da Libertadores da América em 1981, reviveu o passado durante visita ao estádio Ary de Oliveira e Souza, do Goytacaz.
— Você voltar aos lugares é como renascer. A sensação é essa. Você se emociona, passa um filme na cabeça. Eu joguei aqui (em Campos) muitas vezes, contra Americano e Goytacaz. Ficou uma lembrança muito grande. Quando entrei pela porta do estádio do Goytacaz, logo falei que nunca havia entrado ali, sempre entrava de ônibus, em outro portão. Foi uma emoção muito bacana. Isso revigora a gente, a ficha cai. Você fica feliz em poder reviver os momentos — disse o ídolo rubro-negro, que também tem no currículo três títulos brasileiros e quatro estaduais pelo Fla.
Na primeira vez que Raul atuou no Aryzão pelo Flamengo, em 21 de setembro de 1980, saiu vencedor por 1 a 0, com gol de Ronaldo Marques. Menos de três anos depois, em 10 de julho de 1983, perdeu por 2 a 1. Bebeto anotou o gol rubro-negro, enquanto Petróleo e Gilmar marcaram pelo Goyta. Entre as partidas, houve dois confrontos com o Americano, ambos no antigo estádio Godofredo Cruz. Em 13 de setembro de 1981, vitória do Fla por 1 a 0, com gol de Adílio. Já em 30 de março de 1983, empata por 2 a 2, com Baltazar balançando a rede duas vezes pelo Fla, e Amarildo e Sérgio Pedro fazendo os gols rubro-negros, em jogo válido pelo Brasileirão. Todos os outros foram pelo Campeonato Estadual.
— Sempre que nós vínhamos a Campos, uns três ou quatro dias antes já ficávamos preocupados, porque íamos sofrer. Eram bons times. Aliás, todos os times, naquela época, tinham potencial maior do que hoje. Você assiste a uma Série B (de Campeonato Brasileiro) de hoje, nossa... O Americano e o Goytacaz eram mil vezes melhores do que qualquer time dessa Série B. Então, a gente sabia que os adversários eram ossos duros de roer. Sabíamos que o estádio aqui estaria cheio. O pessoal vinha, dividia torcida com o Flamengo. A torcida de Campos marcava presença torcendo para o Goytacaz e o Americano — recorda.
Titular nas principais conquistas do Flamengo na década de 1980, Raul evita comparar o time de 1981 com o atual. Mas, valoriza a sua importância na história rubro-negra, sacramentada com a vitória por 3 a 0 sobre o Liverpool (ING), no Japão:
— O clube Flamengo teve várias grandes equipes, campeãs de tudo. Eu e o Diego Alves tivemos um encontro em um programa de TV, no “Esporte Espetacular”, e perguntaram para ele sobre a comparação do nosso time, de 1981, com o dele. E ele disse que o time atual é melhor. Ele tinha que falar isso, não podia falar que não é. Tem que defender o dele, isso dá uma moral. O cara é o goleiro do time e vai dizer que o dele não é melhor do que o outro? Eu concordei com ele. Quando colocaram a pergunta para mim, eu fugi dela por conveniência. Não que eu não quisesse responder, porque eu poderia dizer que o nosso era melhor, e ficava empatado. Mas, resolvi partir para uma outra. Disse que muitas vezes me perguntam se sou o melhor goleiro da história do clube, e eu respondo que não tenho a menor dúvida de que sim, porque sou campeão do mundo. Só tem um, que sou eu. Quando houver outro campeão do mundo, vou ter companhia e vou gostar muito, aí a gente pode dividir. Por enquanto, sou eu o melhor, porque conquistamos o maior título. Ficamos, nós dois, eu e o Diego Alves, com respostas equivalentes (risos).
Revelado pelo Athletico Paranaense, profissionalizado pelo Coritiba, com passagens por São Paulo e Nacional (URU) e ídolo também do Cruzeiro, onde atuou de 1965 a 1978, Raul não titubeia quando é perguntado sobre o clube com o qual possui maior identificação. A preferência pelo Flamengo, do qual foi goleiro de 1978 a 1983, é justificada pelo reconhecimento da torcida, ainda hoje, quase quatro décadas após a sua aposentadoria. São da própria torcida rubro-negra, inclusive, as principais lembranças daquele tempo:
— O futebol mudou, a torcida mudou, o planeta mudou, tudo mudou. Não estou falando que piorou. Mudou, houve uma mudança radical. A torcida do Flamengo, na minha época, era uma torcida que, se o time estivesse um pouquinho lento, começava, lá no canto do anel do Maracanã, à direita do gol da linha de trem, a gritar “Meeeengo, Meeeengo”. Dali a pouco, o anel ia fechando. E, enquanto o anel ia fechando, o time ia acelerando. Nós jogávamos sempre no ritmo da torcida, com esse estímulo. O mundo pode mudar, o torcedor pode mudar, o clube pode mudar, o time pode mudar, mas tem uma coisa que não muda nunca: o time joga por eles e no ritmo deles. Se começar a vaiar, o ritmo afunda. A não ser em raríssimas exceções. Quando o time está bem, você não precisa nem gritar, só olhar. Quando o time está mal, aí, sim, é necessário o grito de apoio. Não adianta você vaiar quando o time está mal e apoiar quando está bem; isso é redundante, qualquer um faz. Eu quero ver fazer diferente. A torcida do Flamengo, evidentemente, tem um ou outro que xinga determinados jogadores, mas, de uma maneira geral, é uma torcida muito fiel.

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