Companheiro de Letycia Peixoto é preso por envolvimento no assassinato da gestante
07/03/2023 19:14 - Atualizado em 08/03/2023 18:50

Foi preso, no início da noite desta terça-feira (7), o professor e empresário Diogo Viola de Nadai, de 40 anos, suposto pai do bebê de Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos, assassinada a tiros na quinta-feira (2), no Parque Aurora. Ele é suspeito de envolvimento na morte da gestante e do filho e preferiu ficar em silêncio durante o depoimento. Na 134ª Delegacia de Polícia (Centro), a prisão foi aplaudida. Diogo usava uma blusa com a palavra “freedom”, que, em português, significa “liberdade”. Letycia estava grávida de sete meses, quando foi baleada junto com a sua mãe. Um parto de emergência foi realizado, mas o bebê, que recebeu o nome de Hugo, morreu horas depois na UTI da Beneficência Portuguesa. Também nesta terça, o proprietário da motocicleta utilizada no homicídio foi preso. Segundo a delegada Natália Patrão, todos os envolvidos no crime — mandante, interlocutor, proprietário da moto, condutor e atirador — foram presos.
— Não existe ninguém mais para ser preso. Todos os mandados de prisão foram cumpridos, e a divisão de tarefas de cada um está esclarecida. A gente só caminha agora para a análise de dados de inteligência — explicou a delegada, que só falará sobre a motivação do crime ao final das investigações.
De acordo com Natália, em depoimento, o suspeito de conduzir a moto, preso nesse sábado (4), confessou a participação no assassinato. O suspeito de ser o atirador foi preso nessa segunda-feira (6), mas preferiu não falar com a Polícia Civil. O dono da motocicleta também foi detido na segunda, mas liberado após prestar depoimento, quando alegou que sua moto funcionava sem chave e foi levada sem o seu conhecimento, mas admitiu conhecer o condutor. Ele foi preso novamente nesta terça. Na noite dessa segunda, a Polícia Civil conseguiu prender um homem que seria o interlocutor entre o mandante e os executores do crime.
Também nessa segunda-feira, Diogo, que é professor do campus Guarus do Instituto Federal Fluminense (IFF), prestou novo depoimento na 134ª DP, acompanhado de advogados, e, ao ser solicitado a fazer exame de DNA para confirmar a paternidade, se negou a ceder material genético. Na ocasião, a delegada informou ter apreendido o passaporte dele, como medida preventiva.
Após a prisão, nesta terça, o tio-avô de Letycia, Célio Peixoto, disse que Diogo era uma pessoa reservada, não gostava de sair em fotos e vídeos e não participava muito da convivência familiar. Além disso, o tio falou sobre um empréstimo feito por Letycia a Diogo, que teria sido usado para abertura de uma loja em Campos.
O crime
Letycia, grávida de sete meses, estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida.
Sepultamento de Letycia e do filho
Sepultamento de Letycia e do filho / Rodrigo Silveira
As duas foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta. Os corpos de Letycia e do filho foram sepultados, na sexta-feira (3), no Cemitério Campo da Paz. Durante a cerimônia, Diogo chegou a carregar o caixão do bebê. 
Em suas redes sociais, o campus Guarus do IFF divulgou uma nota de pesar. “A Direção-Geral do IFFluminense Campus Campos Guarus vem a público manifestar toda solidariedade e sentimento de pesar aos familiares e amigos de nossa ex-aluna Letycia Peixoto Fonseca, grávida de seu filho Hugo. Ambos foram vítimas de um crime que abalou não só a comunidade do nosso Instituto, mas toda a cidade de Campos dos Goytacazes. Reconhecemos e agradecemos o esforço da Polícia Civil e todo aparato do Estado na elucidação de tão bárbaro crime. Confiamos na rigorosa aplicação da lei e dos procedimentos legais”.
Fotos: Rodrigo Silveira

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