Logo ao nascer, gris. A noite, marrom sob o breu, abriu em nuvem prestes a tocar o chão. Pássaro ágil, dia lânguido, penumbra solar, chacoalhante vento, cachorro escondido, movimento cortina, folha voante, largado tempo sobre o sofá.
Os carros fazem barulho no asfalto quieto, refletido no céu do sábado que promete chuva. Uma frente fria se aproxima do município, e a temperatura deve cair neste fim de semana, anuncia a previsão do tempo na TV preguiçosamente ligada.
O que não é dito, nos dias sem cor, é o fato de todas as cores banais disputarem com o cinza, criando o contraste que as permite ser cor todos os dias, muitas vezes não notadas nas pressas sob o céu azul – que já compõe o dia com sua própria cor.
O dia acinzentado – fuga da coloridade cotidiana – faz os segundos passarem levemente mais lentos, dando tempo aos olhos para ver as cores que passam depressa, podendo até a captura de um instante caber numa prosa, enquanto costuma mesmo caber nos instantâneos versos de um haikai.
*Ronaldo Junior tem 27 anos, é carioca, licenciando em Letras pelo IFF Campos Centro e escritor membro da Academia Campista de Letras. www.ronaldojuniorescritor.com