Cai venda de carros para a Argentina
12/06/2019 18:19 - Atualizado em 17/06/2019 20:08
Diante da crise na Argentina, o Brasil deve deixar de exportar 240 mil veículos para o país em 2019, estima a SWassociação das fabricantes, a Anfavea.
Os argentinos são os maiores clientes da indústria nacional, e o número representa 7,6% da previsão de produção para o ano, de 3,14 milhões de veículos, feita pela própria Anfavea, no início de 2019.
O mercado automotivo da Argentina tem apresentado queda considerável no número de emplacamentos. Em maio, de acordo com a associação das concessionárias local (Acara), foram vendidas 36.770 unidades. O número é menos da metade dos 83.200 exemplares no mesmo período do ano passado.
Rivalidades à parte com os brasileiros, o mau desempenho da economia do país vizinho também pode ser sentido aqui. Isso porque, segundo a Acara, 69% dos carros vendidos na Argentina são importados — grande parte tem o Brasil como origem.
Entre janeiro e maio, foram enviados 107 mil veículos para a Argentina, 54% menos do que as 233 mil unidades do mesmo período do ano passado.
Individualmente, poucas fabricantes comentam a queda nas exportações.
Nove empresas que enviam carros para a Argentina avaliam a previsão de queda na produção por conta da crise.
A Honda afirmou que não pensa em reajustar sua produção no Brasil.
A Volkswagen disse que espera aumentar a produção no Brasil em 20%, mas que prevê redução nas exportações para a Argentina.
A Renault afirmou que espera “uma queda nas exportações”. Segundo a empresa, entre janeiro e abril, a queda foi de cerca de 53% na comparação com 2018.
A Nissan disse que “está ajustando a produção de veículos para exportação para a Argentina”. No entanto, as empresas acima não detalharam os números.
Chevrolet e Ford disseram que não comentariam o assunto.
Apenas Toyota, Peugeot Citroën e Fiat Chrysler informaram quantos veículos devem deixar de ser enviados para o país vizinho.
Ajustes nas empresas
A Toyota anunciou, no fim de maio, que vai demitir 340 funcionários da fábrica de Sorocaba (SP), além de reduzir o ritmo da produção dos modelos Etios e Yaris. Tudo por conta de uma revisão para baixo na produção do ano: de 154 mil para 137 mil veículos até o fim do ano. O motivo? A queda na demanda do mercado argentino.
A Fiat Chrysler (FCA), que produz carros nas unidades de Betim (MG) e Goiana (PE), disse que deixará de exportar cerca de 20 mil unidades para o país vizinho.
Segundo FCA, foram enviados 64 mil veículos para a Argentina no ano passado — 43 mil Fiat e 21 mil Jeep. Para este ano, a previsão é de redução de 30%.
Já a Peugeot Citroën (PSA) reviu seus planos de produção para a unidade de Porto Real (RJ). Por lá, a produção deve ser entre 10% e 15% menor do que no ano passado, quando foram fabricados 77 mil unidades. Isso significa entre 7,7 mil e 11,5 mil unidades a menos.
Além disso, a fábrica também precisará paralisar a produção. “Vamos fazer uma parada técnica por conta dos estoques na Argentina. De 10, 15 ou 20 dias, dependendo do que acontecer”, afirmou o vice-presidente da PSA, Fabrício Biondo.
Outras alternativas
Para o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a crise no país vizinho deve provocar estragos nos números da produção local. “A Argentina está dando impacto maior do imaginávamos, então vamos, em um momento oportuno, revisar a exportação, e isso vai afetar a produção total também”.
No início do ano, a entidade divulgou uma previsão de exportar 590 mil veículos. O número já era 6,2% menor do que as exportações de 2018.
Vale lembrar que as fabricantes brasileiras também enviam veículos para outros países. Aliás, essa tem sido uma alternativa para a queda abrupta do mercado argentino. A PSA, por exemplo, fechou contrato de exportação do Citroën C4 Cactus para países africanos.
Também houve um esforço para enviar mais veículos para outros mercados, antes menos explorados.
“Aumentamos a exportação para fora do Mercosul, como Colômbia e outros países menores na América Central”, afirmou Biondo.
A Nissan disse que “mantém estudos para expandir a produção de modelos brasileiros para atender mais mercados na América Latina”. (A.N.)

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