Alunas do IFF de Campos criam robô social
Jonatha Lilargem 22/09/2018 17:57 - Atualizado em 27/09/2018 16:04
Em um mundo que conta com o grande avanço da tecnologia e com várias descobertas impressionantes, não são apenas os profissionais mais experientes que se destacam. Recentemente, duas alunas do Curso de Engenharia de Controle e Automação do campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos, fizeram uma nova produção através da tecnologia que impressionou os estudantes e professores de outras áreas da instituição, e que chamou a atenção até mesmo dos diretores do colégio. A invenção foi um robô, em forma de urso, que interage com as crianças que passam por tratamento médico. Com voz infantilizada, o boneco faz perguntas simples e estimula os pacientes a responderem os questionamentos. Ele pode facilitar o diálogo entre um profissional de saúde e o paciente. Com forma envolvente e amistosa, o robô apresenta comandos remotos, além de comunicação de áudio e vídeo.
Anna Carolline e Mayra junto ao Will
Anna Carolline e Mayra junto ao Will / Divulgação
Batizado como Will, o projeto foi apresentado no final da tarde da última terça-feira (18), no Auditório Reginaldo Rangel, no campus Centro. Ele foi um sucesso entre o público que parabenizou as estudantes que montaram o objeto durante a construção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A boca, cabeça e os braços do urso se mexem, e os movimentos das pessoas podem ser reproduzidos por ele. A voz dele pode ser a de um profissional de psicologia que tem o objetivo de se comunicar com uma criança traumatizada ou que apresenta algum problema médico. A montagem aconteceu no Polo de Inovação de Campos e as peças foram construídas com tecnologia de impressão 3D. A idealização e a criação foram realizadas pelas jovens Anna Carolline Pessoa de Mello Bitão e Mayra Mota Medeiros.
As estudantes contaram como surgiu a ideia de montar o robô.
— Desde quando começamos a pensar no tema do projeto final, nós tínhamos certeza que queríamos algo ligado à saúde; à tecnologia assistiva. Precisávamos pensar em algo que pudesse ser feito com os laboratórios que o IFF e o Polo de Inovação nos ofereciam. Depois de pesquisarmos, junto com nosso orientador, chegamos ao conceito de robô social, que tem sido usado como ferramenta de estímulo de comunicação de crianças em muitos países e já existem muitos projetos e pesquisas na área. Outro objetivo nosso era criar algo mais acessível financeiramente. Quando abraçamos a ideia de fazer o Will, pensamos em fazer algo que pudesse ajudar alguém. Queríamos fazer algo que impactasse diretamente na vida das pessoas. Isso que nos impulsionou a realizar esse projeto — afirmaram.
Tudo aconteceu do jeito que as alunas queriam: houve impacto na vida de muitas crianças. Segundo as alunas, o projeto é importante porque elas precisam de acompanhamento psicológico enquanto ficam internadas nos hospitais, para que consigam se distrair e ficarem mais contentes.
— Infelizmente o fato de essas crianças estarem submetidas a passar grande parte da sua rotina em ambientes hospitalares, longe da família e amigos, acaba comprometendo o desenvolvimento psicossocial delas e, por isso, há necessidade de um acompanhamento psicológico. E tanto com esse fundamento do ambiente hospitalar, no tratamento de crianças com algum transtorno (como o autismo) ou até mesmo no âmbito educacional, é necessária a adaptação e humanização do ambiente para chamar mais atenção do público infantil e tornar o tratamento mais efetivo. A intenção é que a tecnologia funcione como um auxiliar para o profissional que deseja uma aproximação maior com a criança. A figura de ursinho pode ajudar muito no desenvolvimento da confiança dela — disseram.
Ursinho auxilia a comunicação da criança
Ursinho auxilia a comunicação da criança / Divulgação
Idealizado em 2017, o robô começou a ser montado na prática no mês de março e a criação dele durou seis meses. O funcionamento dele é feita por uma bateria de 6V que pode ser recarregada. Acompanhadas e orientadas pelo professor William Vianna, as estudantes resolveram dar o nome para a invenção de Will como forma de homenagem ao educador. William falou sobre a criação das alunas e destacou a realização.
— Desde quando as meninas vieram falar comigo, elas queriam fazer algo relacionado à área de saúde. Aceitei a orientação e fomos debatendo. Durante o desenvolvimento surgiram vários desafios técnicos que foram superados. Neste processo o orientador é apenas um tutor, o mérito do trabalho é das alunas Anna e Mayra. As alunas do curso de Engenharia de Controle e Automação são exemplares e muito dedicadas — afirmou.
Carlos Alberto Henriques, diretor-geral do campus Centro do IFF, se impressionou com o feito e ficou muito feliz ao ser informado da criação. Ele disse que o robô já foi levado para clínicas e que será usado em hospitais para dialogarem com crianças que passam por tratamento médico.
— Eu achei uma realização muito interessante. Elas fizeram essa criação para ajudar no tratamento das crianças que estão doentes. O Will interage com as crianças para ajudá-las a se expressarem. É importante que elas comuniquem também porque é necessário que haja o diálogo dos pacientes com os médicos para que eles possam tratar da maneira certa. Estamos com a ideia de levar o Will para hospitais para que ele interaja com mais crianças — afirmou.

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