Caso Iuri: primeira audiência reúne 10 testemunhas no Fórum Maria Tereza Gusmão
Ana Laura Ribeiro 23/08/2018 12:42 - Atualizado em 24/08/2018 13:37
Fórum de Campos
Fórum de Campos / Folha da Manhã
Após aproximadamente três horas de duração, terminou, por volta das 13h desta quinta-feira (23), a primeira audiência de instrução e julgamento do caso Fernando Iuri Chagas Rangel, que morreu em 2013 após complicações neurológicas decorrentes de uma cirurgia na clavícula, realizada em um hospital particular. Das 10 testemunhas previamente arroladas, nove foram ouvidas no Fórum Maria Tereza Gusmão, pelo juiz da 1ª Vara Criminal Bruno Rodrigues Pinto. Outra testemunha, madrinha de Iuri, foi chamada para depor durante a audiência. Devido a outros compromissos jurídicos, o juiz Bruno Rodrigues Pinto, remarcou a audiência para o próximo dia 12 de dezembro, quando a última testemunha será ouvida.
Entre os depoentes, estava Fernanda Gomes Chagas, mãe de Fernando. Ela compareceu ao fórum vestindo uma blusa com o rosto do filho. O depoimento de Fernanda durou aproximadamente 45 minutos. Ela contou que, no dia 14 de dezembro de 2013, o filho recebeu atendimento no Hospital Ferreira Machado após sofrer um acidente automobilístico. Com a perspectiva de retornar ao HFM na segunda-feira, a mãe optou por levá-lo, no mesmo dia, a uma unidade particular por precaução.
No hospital, de acordo com Fernanda, ela foi atendida pelo cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha, que apontou a necessidade da cirurgia para a colocação de oito pinos em Fernando e o mandou aguardar em casa até a operação, no dia 18 de dezembro. O jovem, que não teve contato com o médico, retornou à unidade hospitalar no dia seguinte, devido a complicações na perna, e foi atendido por outros profissionais. Pela terceira vez no hospital Dr. Beda, Fernando foi internado para exames prévios de trombose e ficou até o dia da cirurgia. Fernanda ressaltou que o primeiro contato de Iuri e Paulo Cézar foi durante a cirurgia, que resultou na morte do jovem. Ela ainda lembrou que em nenhum momento os profissionais - Paulo Cezar (ortopedista) e Luís Bernardo (anestesista) - procuraram a família da vítima.
Fernando faleceu no dia 26 de dezembro depois de dias internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital (UTI). A mãe recorda que durante o velório, na capela mortuária, o profissional do próprio hospital não estava acreditando que o jovem teria falecido, onde as suspeitas começaram. Fernanda em busca de respostas começou a ir à unidade frequentemente e a realizar protestos para entender o que havia acontecido. Durante a audiência, ela contou que Paulo Cézar Rocha culpou o anestesista. “Quando eu o questionava ele falava que o Fernando foi o seu ‘doente’ e quem teria culpa pela morte foi o Dr. Luis Bernardo”.
Diante do depoimento de Fernanda, o juiz e os advogados solicitaram o depoimento da sua irmã Sheila, que teria a acompanhado nas idas ao hospital pela busca de respostas. Sheila confirmou toda a história da irmã e lembrou que na época estava bastante abalada.
Entre as outras testemunhas havia técnicos de enfermagens, enfermeiros, médicos intensivistas e outros profissionais da área de saúde que participaram de alguma forma da cirurgia de Fernando. Em maioria, elas confirmaram que os quatro médicos participaram da cirurgia, e que o anestesista saiu da sala algumas vezes. Todas lembraram, também, que Fernando teve uma parada cardíaca e que quem teria percebido o fato foi o próprio anestesista. “Durante o procedimento cirúrgico, o paciente sofreu um parada cardíaca, logo todos que estavam na sala iniciaram as manobras de reanimação com medicamentos, o que retornou os sinais vitais”, relatou enfermeira Valéria da Silva Meireles.
Em diversos momentos, os representantes do Ministério Público perguntaram as testemunhas sobre as cirurgias simultâneas, se teriam acontecido no dia da cirurgia e se é algo comum do hospital. Novamente, a maioria das testemunhas não sabia afirmar se ocorriam e negam ser um pratica recorrente. Já a defesa de Paulo Cézar Rocha indagava a todos os funcionários ouvidos se sabiam de algum paciente do médico que, no pós-operatório, sofreu complicações. A pergunta era sempre respondida com negação. As últimas testemunhas a serem ouvidas foram médicos da UTI que estiveram de plantão durante a internação de Fernando Iuri após a cirurgia.
A defesa do anestesista questionou diversas vezes se o mesmo teria prestado assistência ao paciente e se teria descrito o caso ocorrido durante a operação. Os médicos Paulo Marcelo Ribeiro e Marcelo Davila disseram que a parada cárdica foi informada, mas que não teria a possiblidade de saber sobre a lesão neurológica de Fernando, pois ele estava sedado.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS