Impactos ainda são sentidos
28/05/2018 22:25 - Atualizado em 29/05/2018 15:56
As áreas de Saúde, Educação e Transporte na maioria dos municípios da região Norte Fluminense continuam sofrendo os impactos da paralisação dos caminhoneiros, que completou nessa segunda-feira seu oitavo dia. Em Campos, alguns postos de saúde não tiveram atendimento e a clínica Pró-Rim, que realiza procedimentos de diálise no município, também teve o atendimento prejudicado. Aulas foram suspensas tanto em escolas públicas e privadas quanto em universidades. Já os ônibus ainda circularam com a frota reduzida. Além de Campos, Macaé, Quissamã e outras cidades também sofrem os impactos.
Embora a Prefeitura tenha informado que um novo levantamento de atualização do estoque de toda a rede seria feita nessa segunda-feira, representantes da secretaria de Saúde e da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Campos apenas se reuniram para traçar estratégias de atendimento de urgência e emergência à população. No entanto, nada de concreto foi anunciado e uma nova reunião está prevista para esta terça-feira para dar sequência às medidas.
Segundo a secretária de Saúde, Fabiana Catalani, o estoque de medicamentos está sob controle, porém o problema seria garantir a chegada de outros insumos. “Nosso objetivo foi unir informações dos setores para termos o controle efetivo das principais dificuldades encontradas atualmente no município, principalmente com relação ao abastecimento de diesel e demais combustíveis. Recebemos medicamentos na última semana e ainda temos a situação sob controle. O maior problema é garantir a chegada dos demais insumos, materiais e oxigênio, porque muitos caminhões continuam retidos principalmente no município do Rio de Janeiro e temos fornecedores de Minas Gerais que não estão conseguindo trafegar nas estradas. O objetivo é garantir o atendimento de urgência e emergência a nossa população”, disse ao ressaltar que a estratégia é garantir que estes veículos cheguem ao município por meio do abastecimento que seria realizado pelo Corpo de Bombeiros, já que a pasta recebeu um comunicado do Estado se comprometendo em atender os municípios nesta situação.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão com atendimento dentro das possibilidades existentes no momento. Segundo a subsecretária de Atenção Básica, Cintia Ferrini, apenas as unidades de Saturnino Braga e Serrinha não abriram nessa segunda.
Em Quissamã, a coleta de sangue em cinco Unidades de Saúde da Família (UBSF) e as visitas domiciliares foram suspensas. Já em Macaé, a área da Saúde ainda não sentiu os reflexos da paralisação e manteve as atividades inalteradas.
Em São João da Barra, as unidades 24 horas funcionam somente com serviços de urgência e emergência. O serviço ambulatorial foi suspenso e as consultas serão remarcadas logo que a situação for normalizada. Nas unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF) e nas UBSs, os serviços estarão funcionando parcialmente. Já os serviços administrativos realizados na Policlínica central, continuarão funcionando normalmente.
Pró-Rim ainda espera chegada de insumos
A clínica Pró-Rim, no Centro de Campos, também está em situação crítica, com redução do tempo na diálise para poupar recursos. A unidade aguarda a chegada do caminhão com insumos desde o início da greve, e tinha expectativa que o abastecimento ocorresse na noite do último sábado, o que não aconteceu. Nessa segunda, a unidade informou que o estoque de materiais seguia abaixo da quantidade necessária, mas os atendimentos continuam sendo feitos.
Ainda em consequência da greve dos caminhoneiros, a secretaria de Estado de Saúde suspendeu a realização de cirurgias eletivas na rede estadual desde essa segunda. A secretaria afirma que o estoque de sangue está baixo e pede à população que compareça às unidades de coleta para doação. Em Campos, o Hemocentro Regional também apresenta estoque baixo e as cirurgias eletivas também ficaram comprometidas.
— Estamos monitorando a situação 24 horas por dia. Todas as nossas unidades estão em funcionamento, mas com os baixos estoques de sangue precisamos priorizar as cirurgias de urgência e emergência. Quem morar ou trabalhar próximo ao hemocentro e puder doar sangue vai nos ajudar — disse o secretário estadual Sérgio Gama.
IMTT garante circulação de ônibus
No campo do transporte público, o presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT) de Campos informou que as empresas de ônibus de Campos receberam combustível suficiente para que o transporte coletivo funcione nesta terça-feira. Nessa segunda, os ônibus e as vans circularam em horários reduzidos.
Na tarde dessa segunda-feira, o IMTT solicitou escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para que um caminhão-tanque com óleo diesel deixasse uma distribuidora na localidade de Ibitioca e se dirigisse diretamente às garagens das empresas de ônibus, garantindo o abastecimento dos veículos. A medida foi adotada depois que a direção dos consórcios Planície, Rogil e União emitiu um comunicado alertando sobre a possibilidade do desabastecimento.
Além do transporte, outros serviços também foram afetados. Os cinco Conselhos Tutelares instalados em Campos passaram a funcionar exclusivamente em regime de plantão.
Em Macaé, a secretaria de Mobilidade Urbana informou que a estratégia de circulação de coletivos da SIT Macaé, nesta terça, seguirá com a atuação de 60% da frota e todas as linhas circulando. Outras medidas poderão ser adotadas até que esteja normalizado o abastecimento de combustível.
As linhas intermunicipais também sofreram alteração. Segundo a Auto Viação 1001, foram canceladas 184 viagens nessa segunda, com transferência de passageiros para outros horários, com o objetivo de otimizar a frota e economizar combustível.
Aulas suspensas em diversas instituições
A dificuldade de locomoção imposta pela paralisação dos caminhoneiros passou a afetar, além das aulas na rede municipal, as atividades nas redes estadual e particular de ensino em Campos. Grande parte das escolas particulares do município anunciou a suspensão das aulas ontem por conta do desabastecimento de combustível.
A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) informou que as aulas foram suspensas até esta quarta-feira, porque grande parte dos estudantes da unidade tem encontrado dificuldades com o transporte público, já que as linhas de ônibus tiveram redução da frota devido à falta de combustível. Segundo a direção da instituição, muitos alunos entraram em contato com a unidade para que não tivessem falta. Em reunião, na tarde dessa segunda, o reitor da Uenf, Luis Passoni, informou que, apesar da suspensão das aulas na instituição de ensino, os setores e a área de pesquisa e extensão permanecerão em funcionamento.
Apesar de a secretaria de Estado de Educação ter informado que as escolas da rede estadual funcionaram nessa segunda, no Liceu de Humanidades de Campos (LHC) diversos alunos que se dirigiram à unidade informaram que não houve aula. À tarde, a direção da unidade escolar negou a suspensão das aulas, esclarecendo que “a escola encontra-se aberta e que todos os alunos que entraram na escola tiveram aulas diversificadas e que não foram liberados”.
Já a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) informou que “está acompanhando a greve e, junto com a equipe do Governo do Estado, está monitorando a situação, inexistindo até o momento autorização para fechar ou interromper as suas atividades. Assim, as unidades e a administração Central da Faetec deverão funcionar prevalecendo o bom senso, respeitadas as dificuldades de cada uma”.
Ainda nessa segunda, as aulas também foram suspensas na rede municipal de ensino de Campos. A decisão da secretaria de Educação, Cultura e Esporte foi tomada em decorrência do desabastecimento de combustível nos postos da cidade. Na semana passada, a secretaria suspendeu as aulas em algumas escolas e creches, onde o abastecimento de água é feito por caminhão pipa. De acordo com a secretaria de Educação, tão logo a situação seja normalizada, as aulas serão retomadas com reposição dos dias parados em calendário especial.
A greve dos caminhoneiros também levou o Instituto Federal Fluminense (IFF), Centro Universitário Fluminense (Uniflu) e a Universidade Cândido Mendes (Ucam) a suspenderem as aulas em Campos, a partir dessa segunda-feira. Em notas publicadas em seus portais, as instituições não confirmam data para retorno.
Macaé - A Prefeitura de Macaé informou que estão suspensas as aulas nas unidades municipais de ensino nesta terça e quarta-feira. As escolas estarão abertas somente para atividades administrativas.
Quissamã - No município de Quissamã, as aulas da rede municipal também estão suspensas, assim como o transporte universitário.
SJB - A Secretaria de Educação e Cultura de São João da Barra comunicou que as aulas estão suspensas nas 38 unidades de ensino até esta quarta. O transporte universitário também não atenderá aos estudantes sanjoanenses, devido à falta de combustível.
(V.N.) (J.L.) (D.A.) (A.N.)

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