Galpão em Campos
Jhonattan Reis 28/05/2018 17:51 - Atualizado em 01/06/2018 14:37
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A bagagem é grande — muito grande! —, a estrada é longa e a história, de muitos sucessos. O Grupo Galpão, que já rodou todos os cantos do Brasil e 18 países em seus 35 anos de existência, passa por Campos para apresentações de dois dos seus mais recentes espetáculos quarta (30) e quinta-feira (31), sempre às 20h, com entrada gratuita. O tradicional grupo mineiro, considerado um das companhias de teatro de maior expressão do país, encenará “De Tempo Somos”, dirigido por Lydia Del Picchia e Simone Ordones, nesta quarta, e “Os Gigantes da Montanha”, do diretor Gabriel Villela, na quinta. As apresentações acontecerão no estacionamento do Shopping Boulevard, no Parque Leopoldina.
As apresentações acontecem depois da temporada comemorativa dos 35 anos do Galpão, que reuniu um público de quase 40 mil pessoas no ano passado. Além de Campos, o grupo visita outras quatro cidades na turnê intitulada “Litorânea”, que segue até o início de junho, com patrocínio da Petrobrás. Os artistas já passaram por Santos, Caraguatatuba — ambas em São Paulo — e Macaé, sendo que, depois de passarem por Campos, seguirão para duas apresentações em Vitória, no Espírito Santo, no começo do próximo mês.
“Os Gigantes da Montanha” está no repertório do Grupo Galpão desde 2013, sendo a 21ª montagem da companhia. A peça foi uma escolha de Gabriel Villela para celebrar seu reencontro com o grupo, depois do sucesso de “Romeu e Julieta” (1992) e “A Rua da Amargura” (1994). O espetáculo, escrito por Luigi Pirandello, narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo Mago Cotrone. O clássico atemporal do dramaturgo italiano é uma alegoria sobre o valor do teatro — e, por extensão, da poesia e da arte — e sua capacidade de comunicação com o mundo moderno.
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O ator Eduardo Moreira, um dos fundadores do Grupo Galpão, comentou sobre o trabalho de Gabriel Villela.
— Ele é um diretor notoriamente barroco, que pensa no espaço e no figurino junto com os personagens. Tudo é detalhadamente costurado com a exuberância visual típica do barroco — disse.
Já “De Tempo Somos”, de 2014 e com direção das atrizes Lydia Del Picchia e Simone Ordones, do Galpão, tem a música como seu elemento fundamental. A peça realiza um sonho antigo do grupo de celebrar, com o público, o encontro da música com o teatro, que está presente em toda a trajetória do grupo. Em cena, eles propõem um novo formato de espetáculo apresentando um sarau de canções, poesias e festa. Os atores cantam e executam, ao vivo, 25 músicas de trabalhos mais antigos, como “Corra Enquanto é Tempo” (1988) e “Álbum de Família” (1990), passando, ainda, por “Romeu e Julieta” (1992), “Um Moliére Imaginário” (1997) e “Partido” (1999), e chegando a espetáculos mais recentes, como “Tio Vânia” e “Eclipse” (ambos de 2011), além de canções que surgiram em workshops internos.
— A cantoria é a celebração do encontro, da festa, da disposição para seguir em frente, do espírito libertário e contestador inerente a toda reunião festiva — comentou Lydia Del Picchia.
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Eduardo Moreira falou, também, sobre diferenças entre os dois espetáculos.
— No primeiro, “Os Gigantes”, trabalhamos com um diretor convidado, o Gabriel Vilella. Como o segundo (“De Tempo Somos”) tem direção de duas atrizes que fazem parte do próprio grupo, foi um processo muito mais coletivo e discutido internamente. Por outro lado, “Gigantes” é uma fábula, com personagens bem construídos e delineados, enquanto “De Tempo Somos” é um espetáculo que mistura canções e textos poéticos, numa encenação marcadamente épica, narrativa e despojada. As duas peças mostram facetas bem distintas do nosso grupo — concluiu ele, lembrando que os dois espetáculos já cumpriram quase 150 apresentações cada um.
História —
O Grupo Galpão foi criado em novembro de 1982 e tem sua origem ligada à tradição do teatro popular e de rua. Desde seu surgimento, desenvolve um trabalho que reúne rigor, pesquisa e busca de uma linguagem própria, com montagens de peças que possuem grande poder de comunicação com o público.
Formado por atores que trabalham com diferentes diretores convidados, como Gabriel Villela, Cacá Carvalho, Paulo José, Yara de Novaes e Marcio Abreu (sendo que também há peças dirigidas pelos próprios componentes do grupo), o Galpão — que, em sua trajetória, conta com 23 espetáculos, cerca de 1.800.000 espectadores e apresentações em mais de 270 cidades brasileiras e em outros 18 países — formou sua linguagem artística a partir desses diversos encontros, criando um teatro que dialoga com o popular e o erudito, a tradição e a contemporaneidade, o teatro de rua e o palco, o universal e o regional brasileiro.

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