Ação para não esquecer o Pontal
31/05/2018 17:55 - Atualizado em 04/06/2018 13:59
A implantação do projeto de contenção do avanço do mar de Atafona, em São João da Barra, ainda é aguardada pelos moradores da praia sanjoanense. Para que o assunto não caia no esquecimento e para reforçar a necessidade e importância da obra, o movimento “Luto por Atafona” pretende realizar neste domingo (3) o 1° passeio ciclístico “Pedala Atafona”. Segundo os organizadores, a concentração acontecerá no trevo do Cuíca, às 9h.
O movimento “Luto por Atafona” foi criado com o objetivo de fazer cobranças ao governo municipal por ações que minimizem os impactos ocasionado pelo avanço do mar. Um dos integrantes do grupo, Fábio Pedra, chegou a destacar que a situação em Atafona já aflige os moradores há mais de 50 anos.
— Atafona só terá solução quando o povo descobrir a força que tem. A união é a solução. Devemos fazer nossa parte, por menor que seja. Atafona precisa de uma solução para conter o avanço do mar. Foram 50 anos de destruição — disse.
Ainda no papel, o protejo de contenção na orla de Atafona é uma das esperanças tanto do poder público quanto da população. Na busca de recursos para obras, a Prefeitura de São João da Barra enviou à Coordenadoria Geral de Prevenção e Preparação da Defesa Civil Nacional, no ano passado, o Plano de Trabalho de Obras de Contenção. O plano tem como base o anteprojeto elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), cujo valor real ainda não foi mensurado, mas estima-se que seja algo em torno de R$ 180 milhões, para sua execução.
De acordo com historiadores e pesquisadores da área, o que acontece em Atafona é um fenômeno chamado transgressão do mar, que nos últimos 35 anos avançou três metros a cada 12 meses.
Através de uma pesquisa, foi identificado que mais de 50 ruas e cerca de 500 casas já foram engolidas pelo mar. Em a investida do mar sumiu com uma área do tamanho de três campos de futebol.
Neste ano, em um dos avanços do oceano, as ondas chegaram bem próximas à casa da moradora Sônia Ferreira e transformou uma das principais vias de Atafona em apenas uma calçada. Sônia já chegou a falar sobre o avanço do mar, em matéria especial publicada na Folha da Manhã no dia 15 de abril deste ano. “Vivemos aqui desde o final de 1979. É muito triste ver que a água está cada vez mais perto da minha casa. Já vi vários amigos que perderam suas moradias, bares e vários outros estabelecimentos comerciais. Todos eles gostavam muito de ficar por aqui, mas desistiram”, comentou.
População vai às ruas por rapidez nas obras
No início de maio, o movimento “Luto por Atafona” chegou a ir para a rua na tentativa de cobrar uma solução para o problema que aflige os moradores da foz do Paraíba há mais de 50 anos. Com cartazes, a população chamou atenção das autoridades.
Os manifestantes pediram a celeridade na execução de um projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) que, apresentado desde 2014, continua nas discussões burocráticas sobre licenciamento. O grupo percorreu, em passeata, as principais ruas de Atafona.
Prefeitura segue em busca de soluções
A prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PP), chegou a falar sobre a situação de Atafona, assim como outros problemas ambientais que assolam o Pontal. “Os problemas na foz que tanto afligem a população, envolvendo o assoreamento e, principalmente, a erosão costeira e consequente avanço do mar, nos levaram várias vezes ao Rio de Janeiro e a Brasília, em um incansável trabalho de sensibilização junto às autoridades, já que o município não dispõe de recursos suficientes para que seja realizada a obra de contenção do mar, de forma independente. Nossa meta é viabilizar, por meio de licenças e de recursos financeiros, a realização de obras que resolvam de uma vez por todas a situação. As intervenções nos canais é apenas uma parte dessa luta, que continuará firme de nossa parte em prol de Atafona”, disse.
Em 2017, a prefeita Carla Machado entrou na luta e vestiu a camisa do S.O.S. Atafona, além de criar um abaixo-assinado para recolher assinaturas na praça do padroeiro e até mesmo pela internet. Carla Machado esteve em Brasília e entregou o projeto do INPH ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).
Em 2016, a prefeitura decretou situação de emergência nas áreas afetadas pela erosão costeira, mas o decreto não foi reconhecido pelo governo do Estado. Como esse é um problema antigo, o órgão entendeu que não há emergência.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS