PRF afirma que caminhoneiros começam a deixar a BR 101 em Campos
Dora Paula Paes 26/05/2018 00:37 - Atualizado em 28/05/2018 16:47
As Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Força Nacional foram acionadas para a Garantia da Lei e Ordem (GLO). O presidente Michel Temer assinou, nesta sexta-feira, o decreto para viabilizar o emprego das forças federais para desbloquear rodovias fechadas pelo movimento dos caminhoneiros. Com o decreto, caso algum caminhoneiro não queria retirar o caminhão da rodovia, os militares que estiverem atuando na operação poderão assumir o controle e dirigir os veículos. Após rejeitar acordo com o governo, o que gerou suspeita de locaute, o quinto dia de greve também teve ampliação do movimento “Queremos intervenção militar já!!!”, que chegou ao grupo de caminhoneiros, na BR 101, em Campos. Pouco antes da 0h, a PRF informou que, após acordo, alguns caminhoneiros começaram a deixar a BR 101 e a maioria se comprometeu a seguir viagem na manhã deste sábado.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ainda, concedeu uma liminar em que autorizou o uso das forças de segurança pública, endossando o decreto presidencial.
Os caminhoneiros parados no município, 80% de Campos, chegaram a ressaltar que, independente do que está sendo divulgado, eles iriam aguardar o Exército, mas não pretendiam entregar as chaves dos seus veículos a nenhum militar. “Se pedirem vamos retirar os caminhões do acostamento, mas ninguém vai pegar nossas chaves. Isso também não significa o fim da greve. Esperamos que o governo congele o preço do diesel em pelo menos R$ 3 [na bomba]. O nosso desejo é de trabalhar, está faltando coisas nas nossas casas, para a população, mas falta condição”, disse o caminhoneiro Márcio Machado. Quanto à faixa gigante pedindo a intervenção militar, Márcio explicou: “Vamos jogar aberto. Chegaram aqui e falaram que o Exército ia bater na gente. Colocamos a faixa por medo, porque estamos sendo coagidos pelo governo federal”.
A PRF diz que o movimento dos caminhoneiros foi pacífico em Campos. “Não tem ocupação de pedágio, nem obstrução de vias. O trânsito flui regularmente para todos os veículos, exceto caminhões de carga. Existe a possibilidade de multa pela PRF, caso alguém utilize veículo para bloquear a rodovia, mas os caminhoneiros não estão fazendo isso. Eles estão jogando com a regra. A gente não tem como diferenciar se quem está no acostamento é manifestante ou vítima da manifestação e, então, não tem como sair aplicando multas indistintamente, sem saber quem está provocando a retenção. A solução é em nível nacional”, explicou o inspetor chefe da delegacia da PRF de Campos, Weber Boroto, na manhã desta sexta-feira, antes do decreto e do acordo com os caminhoneiros na BR 101.
Redução do ICMS
O governador Luiz Fernando Pezão enviou, também, na última quinta-feira (24), à Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) o projeto de lei que propõe a redução da alíquota de ICMS do diesel no Estado do Rio, de 16% para 12%. A redução é resultado do acordo firmado entre o Governo do Estado e representantes das transportadoras de combustível e do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Rio.
Jungmann investiga se houve locaute
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que o governo apura se houve prática de locaute pelas empresas de transporte durante o movimento dos caminhoneiros. Locaute é a prática pela qual empresas impedem empregados de trabalhar em razão dos próprios interesses e não das reivindicações dos trabalhadores. Jungmann afirmou que, se ficar comprovada a prática de locaute pelas empresas, serão tomadas “as providências cabíveis”. A Polícia Federal já está apurando.
No caso do movimento dos caminhoneiros, do qual participaram autônomos (sem vínculo empregatício com transportadoras), haveria interesse direto das empresas de forçar a redução do preço do diesel.
— Eu diria que nós temos indícios de que existe uma, digamos assim, uma aliança, um acordo entre os caminhoneiros autônomos e as distribuidoras e transportadoras. Isso é grave, porque isso apresenta indícios de locaute. Evidentemente nós estamos verificando isso porque locaute é ilegal — afirmou o ministro.
O jurista e professor de direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Afrânio Silva Jardim também se posicionou desde o início do movimento, no último dia 21. Segundo ele, “não se trata de greve de caminhoneiros e, sim, uma paralisação determinada pelas empresas que exploram este tipo de atividade econômica. Trata-se de um verdadeiro ‘Lock Out’ (versão em inglês)”.
Petroleiros sentem em alto mar reflexos
A greve dos caminhoneiros já afeta, também, as plataformas da Bacia de Campos. A informação é do coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra. Ele chegou a alertar para o risco de falta de alimentos e outros insumos nas plataformas.
O sindicato orienta a categoria a informar as condições de habitabilidade nas unidades e, caso haja risco aos trabalhadores, a entidade exigirá da Petrobras o desembarque imediato.
Na tarde de terça, o aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos, estava sem combustível. No heliporto de Farol, de acordo com o sindicato, o combustível estocado é suficiente para voos até hoje. Nos aeroportos de Macaé e Cabo Frio, o combustível disponível era suficiente para voos apenas até ontem.
A Petrobras não respondeu aos questionamentos em relação aos insumos nas plataformas.
Quanto ao Porto do Açu, em São João da Barra, continua acompanhando os desdobramentos da paralisação nacional dos caminhoneiros e seus reflexos em todo o país.
Desabastecimento e postos são autuados
Antônio Leudo
A falta de produtos hortigranjeiros em Campos se manteve nos estabelecimentos nessa sexta-feira (25). O setor supermercadista já alertou: serão até 10 dias para normalizar o abastecimento de produtos após o fim da greve de caminhoneiros, dependendo da região, informou ontem a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) em nota. Há produtos perecíveis em falta e um estoque médio de 15 dias para os não perecíveis, segundo a associação.
Nos postos de combustíveis a situação não é diferente. Na cidade, a grande maioria dos postos não tem mais gasolina. Por sua vez, o Procon/Campos segue apurando denúncias de aumentos abusivos de combustíveis e de botijões de gás. A ação começou na quinta-feira e autuou 13 postos até sexta. A orientação é para que os consumidores entrem em contato com o Procon sempre que constatarem cobranças abusivas, através do telefone (22) 98175 2561 e do aplicativo Meu Procon e a solicitarem nota fiscal se houver, efetivamente, o consumo do produto para apresentar ao órgão.
Pode faltar dinheiro — O estoque de combustível dos fornecedores que atendem às transportadoras de valores duram até amanhã, segundo a TecBan, empresa que administra a Rede Banco24Horas de caixas eletrônicos. Segundo a empresa, há risco de desabastecimento de caixas eletrônicos por causa da greve dos caminhoneiros se faltar combustível para os carros-fortes.
Desdobramentos: dia de ações em queda
O principal índice de ações da bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou em queda de 1,53% na sexta-feira, em meio aos cenários externo e interno desfavoráveis, com ações de siderúrgicas, bancos e da Vale pressionando negativamente. Na semana, o Ibovespa encolheu 5,03%.
Agentes financeiros ficaram atentos aos potenciais desdobramentos da greve dos caminhoneiros. Várias companhias já relataram impacto em suas operações, que sofrem com falta de insumos e dificuldades para escoar a produção, inclusive a Petrobras.
As maiores quedas foram as empresas siderúrgicas, com Usiminas e CSN liderando as perdas do Ibovespa. Os papéis da Petrobras, que operaram a maior parte do dia em alta, voltaram a cair no fim do pregão e fecharam em queda. No dia anterior, as ações da Petrobras desabaram 13,71% e 14,55%.
A Petrobras informou, em nota, que o presidente da estatal, Pedro Parente, não irá deixar o cargo, como chegou a ser especulado.
A greve dos caminhoneiros já afeta, também, as plataformas da Bacia de Campos. A informação é do coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra. Ele chegou a alertar para o risco de falta de alimentos e outros insumos nas plataformas.O sindicato orienta a categoria a informar as condições de habitabilidade nas unidades e, caso haja risco aos trabalhadores, a entidade exigirá da Petrobras o desembarque imediato.Na tarde de terça, o aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos, estava sem combustível. No heliporto de Farol, de acordo com o sindicato, o combustível estocado é suficiente para voos até hoje. Nos aeroportos de Macaé e Cabo Frio, o combustível disponível era suficiente para voos apenas até ontem. A Petrobras não respondeu aos questionamentos em relação aos insumos nas plataformas.  Quanto ao Porto do Açu, em São João da Barra, continua acompanhando os desdobramentos da paralisação nacional dos caminhoneiros e seus reflexos em todo o país.

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