"Entre Outros" no Boulevard
Aluysio Abreu Barbosa 15/12/2017 10:42 - Atualizado em 16/12/2017 14:03
"Para te contar um pouco sobre as histórias. Tantas. Os detalhes perdidos de uma vida". É a abertura do último texto do livro “Entre Outros”, da jovem escritora e jornalista Paula Vigneron, que talvez melhor resuma o que há de comum em seus 33 contos. Transformados pela editora Mucufo em livro, ele será lançado nesta sexta-feira (15), às 20h. A noite de autógrafos será na livraria Leitura, no Boulevard Shopping.
Aos 24 anos, há três como jornalista da Folha da Manhã, Paula já está em seu segundo livro. O primeiro, “Sete balas ao luar”, foi lançado em setembro de 2015. Aquela obra foi produto de uma autora em formação, com textos escritos dos seus 15 aos 22 anos. E já dava algumas pistas valiosas sobre a autora e sua obra.
Na matéria desta mesma Folha Dois que anunciou seu primeiro livro, foi registrado: “escritora em semeadura precoce, Paula apresenta muitas influências em seus contos; e não só literárias. Do cinema, por exemplo, a jovem escritora assumidamente ecoa do sueco Ingmar Bergman (1918/2007) e do estadunidense Woody Allen — o diretor de drama, não o comediante — alguns questionamentos existenciais primários da humanidade: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Quanto tempo tenho? Que diabos estou fazendo aqui?
De lá para cá, 33 contos e dois anos se passaram. Até que, ao eco claustrofóbico de “A canção silenciosa”, um dos textos escritos entre os 22 e 24 anos na composição do novo livro:
— A casa, tão sua em outros tempos, parecia prestes a devorá-la. Sem mastigar. Engolir de uma só vez a mulher solitária.
Com a leitura de “Entre Outros” contraposta à de “Sete balas ao luar”, algumas coisas se assemelham. Em boa parte das histórias dos dois livros, um passado geralmente mais feliz é contraposto ao presente de desencanto, causado por alguma perda ou traição, algum tipo de tragédia humana quase sempre fadada a gerar outra, tão grave ou mais, ao final. E, única certeza da vida, a morte parece estar à espreita nas esquinas dos parágrafos.
Como diferença talvez mais relevante, é perceptível em “Entre Outros” o exercício de carpintaria no estilo, desenvolvida sobre a sintaxe e em frases mais curtas. O cinzel entalha a prosa sem maneirismos, na busca com aparência de encontro: voz própria. Conto de exceção, “Manchete” estofa a literatura com a experiência da repórter, em transição que não faria feio a nenhum Ernest Hemingway (1899/1961). E lança as indagações:
— De onde vieram estas pessoas? Eu não as notei. Por que estão todas concentradas em torno de uma história que não é sua?
A resposta, leitor, cabe a você.
Na bola rolada pela escritora:
— “Entre outros” traz 33 histórias, com personagens de diferentes perfis, vivências, idades e expectativas. Eles vivem e revivem, por meio de memórias, suas trajetórias. São homens e mulheres com os quais podemos nos identificar. São histórias que refletem o cotidiano, com seus caminhos de altos e baixos.

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