Não ao Distritão
Guilherme Fonseca Cardoso
 
O chamado distritão, que está sendo gestado na Câmara Federal, é um retrocesso. E não apenas porque é adotado em apenas quatro países: Afeganistão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Vanuatua. É um retrocesso, também, porque mais de 80% dos municípios brasileiros têm menos de 50 mil habitantes e esse modelo, além de não favorecer a renovação política, dificulta a representação do interior.
 
Um argumento utilizado nas articulações políticas durante a tramitação do projeto na comissão que discutia o assunto era de que o distritão, se aprovado para 2018, seria um passo à frente com vistas à adoção do voto distrital misto em 2022.
 
Duvido que isso ocorra. Primeiro, porque nosso sistema partidário tem muitos problemas; segundo, porque quem está no poder leva vantagem e quem define a regra do jogo é exatamente quem vai jogar.
 
O ideal seria que os eleitos para o Congresso em 2018 não pudessem se reeleger em 2022, para que tratassem da reforma política de forma independente.
 
O distritão é muito simples de entender. No caso do Rio de Janeiro, são 46 deputados federais. Serão eleitos os 46 candidatos mais votados. O mesmo serve para deputado estadual. Parece lógico, mas não é. E por que não é?
 
A proposta já foi aprovada na comissão por 17 votos contra 15. O texto da proposta aprovada já menciona que o distritão será um modelo transição para que em 2022 passe a valer o distrital misto.
 
O distrital misto é sem dúvida, uma boa opção, porém quem garante que as regras do jogo não serão alteradas, novamente, às vésperas do pleito de 2022? Já não é a primeira vez que no ano anterior a uma eleição novas regras eleitorais são criadas. Como acreditar que o distritão, que favorece os donos de partidos e do poder não renovarão as regras do distritão para 2022?
 
É altamente recomendável que as pessoas acompanhem mais de perto esse assunto, para que entendam exatamente o que está ocorrendo.
 
A melhor forma de reduzir o número de candidatos e os custos das eleições é implantar o voto distrital, pois cada candidato fará campanha apenas no seu distrito, garantindo aos que forem eleitos uma proximidade com seus representados e com a população em geral, e desta com seus representantes. Pense nisso!

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    Nino Bellieny

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