Sigilo na Lava Jato da região
Aldir Sales 19/08/2017 16:02 - Atualizado em 22/08/2017 14:57
Os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, além do prefeito de Macaé, Dr. Aluízio, o ex-prefeito macaense, Riverton Mussi, seu irmão e ex-deputado federal, Adrian Mussi, e o ex-prefeito de Rio das Ostras, Alcebíades Sabino, continuam na mira da Lava Jato. O Ministério Público Federal (MPF) informou que as investigações estão sob sigilo e os procuradores que receberam os ofícios preferem não se pronunciar no momento para não atrapalhar o andamento do processo. No último dia 22 de julho, a Folha da Manhã divulgou que as petições envolvendo políticos da região delatados por ex-executivos da Odebrecht já estavam nas mãos do Núcleo de Combate à Corrupção do MPF do Rio de Janeiro.
Da delação, o ex-executivo Benedicto Júnior relata a doação de R$ 12 milhões via caixa dois para as campanhas entre 2008 e 2014 do próprio Garotinho e da esposa nas duas empreitadas vitoriosas à Prefeitura de Campos. Em troca, Benedicto diz que esperava uma “relação diferenciada” em assuntos relacionados à empresa e afirma que a obteve. No primeiro ano da gestão Rosinha, a empreiteira venceu a licitação para obras do programa habitacional Morar Feliz.
Rosinha Garotinho
Rosinha Garotinho / Folha da Manhã
Os dois delatores também declararam que fizeram doações irregulares a Riverton Mussi e ao ex-deputado federal Adrian Mussi. À época das doações, segundo os delatores, ambos estavam no PMDB. Leandro relata que os pedidos de doações nas campanhas de 2008, para reeleição de Riverton, e 2010, quando Adrian se elegeu deputado federal, partiram do ex-prefeito. O objetivo era, segundo delatores, manter uma boa relação com o então prefeito macaense, já que a Odebrecht realizava, em sociedade com uma empresa local, uma obra de macrodrenagem.
Outro nome citado é do Alcebíades Sabino, em duas petições, onde apenas uma já está nas mãos dos procuradores do MPF. A delação de Leandro Azevedo relata como o pagamento de quase R$ 200 mil via caixa dois chegou ao ex-prefeito. Somente no ano de 2006, o repasse seria em torno de R$ 200 mil. Segundo a delação de Leandro, o dinheiro foi entregue, em parcelas programadas, a um “assessor do Sabino”, em um canteiro de obras na cidade de Rio das Ostras.
Já o ex-diretor regional da Odebrecht, Renato de Medeiros, cita uma doação por caixa dois ao prefeito de Macaé Dr. Aluizio (PMDB) no valor de R$ 500 mil.
Todos os citados negam qualquer irregularidade. No caso do casal Garotinho, quando a delação veio à tona, a assessoria dos dois divulgou que ambos “jamais receberam qualquer valor não contabilizado da Odebrecht”.
Petições com MPF
As petições sobre as delações da Odebrecht já estão nas mãos do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, mas ainda não foram distribuídas na Justiça Federal carioca, sendo assim, ainda não há juízes designados para nortearem as ações e julgarem os casos. Isso porque elas ainda estão em fase de recursos no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
No início de abril, as delações foram tornadas públicas pelo ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin. A lista de Fachin tem 108 nomes, dos mais variados partidos. A relação de políticos sem foro privilegiado, por não exercerem no momento função pública, será encaminhada aos tribunais federais dos estados de origem, como é o caso do Rio de Janeiro e dos políticos do Norte Fluminense.
Atualmente, as petições estão com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, na última sexta-feira, recebeu os autos após despacho de Edson Fachin determinado vista da Procuradoria para posterior intimação dos investigados.

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