Fila para marcação de consultas gera queixa
Paula Vigneron 25/04/2017 21:30 - Atualizado em 28/04/2017 12:40
Filas para consultas
Filas para consultas / Paulo Pinheiro
Pessoas dormindo nas filas durante as noites, número restrito de fichas para consultas e exames e discussões sobre os “marcadores” (pessoas que marcam atendimentos para outras): essa é a situação do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA), que concentra centenas de pacientes à espera de vagas em seus arredores, no bairro Pelinca, em Campos. Na expectativa, campistas aguardam semanas, em condições adversas, para terem acesso ao SUS.
Mãe de duas crianças, de oito e três anos, Angélica de Oliveira Guilherme, de 26, deixou os filhos em casa para agendar exames de ultrassonografia e sangue e uma consulta com um ginecologista. Ela chegou à fila do Álvaro Alvim às 3h desta terça-feira, depois de, na véspera, permanecer das 2h às 10h nos arredores da unidade hospitalar. “Não consegui marcar ontem (segunda-feira) porque o hospital disse que o sistema tinha caído. Estou tentando marcar desde o dia 19. Antes disso, liguei. Me disseram que não havia previsão de quando ia abrir a agenda”, contou.
Durante a manhã dessa terça-feira, houve confusão no local. Algumas pessoas na fila contaram que há “marcadores”. Eles seriam responsáveis por guardarem os lugares e marcarem os exames e as consultas, com preços variados, a partir do que seria cobrado por um atendimento social. A informação foi confirmada por um homem, que não foi identificado pela equipe de reportagem e afirmou ser “marcador” há sete anos.
Segundo o homem, ele chega à fila de espera do hospital — a pedido de clientes, que entram em contato pelo celular — até que quem solicitou seus serviços tome o lugar e marque o procedimento necessário. Após a marcação, ele recebe o pagamento combinado, que varia de acordo com o exame ou a consulta solicitada.
A assessoria de comunicação do HEAA informou que a marcação de consultas e exames depende da liberação das agendas por parte do Núcleo de Controle e Avaliação da Secretaria de Saúde. “Já solicitamos por diversas vezes que as agendas fossem liberadas no início do mês anterior ao mês de marcação para que o fluxo fosse diluído. Sem sucesso. Portanto, não temos como informar o dia de início das marcações”. A unidade também informou que são distribuídas, em média, de 130 a 150 fichas nos dias de maior fluxo.
A Secretaria de Saúde informou que a humanização no atendimento para a marcação de consultas é de responsabilidade de cada unidade hospitalar, isto é, cada unidade que monta sua estratégia para atender a população, como a distribuição de fichas. O Núcleo de Controle e Avaliação da Secretaria informou que o calendário de agendamento de consultas de retorno é liberado para todas as unidades contratualizadas toda penúltima semana de cada mês, isto é, o calendário de agendamento do mês de abril, por exemplo, foi liberado para as unidades na penúltima semana do mês de março.
O Núcleo explicou, ainda, que as consultas de primeira vez são agendadas diretamente nos postos de saúde e apenas as consultas de retorno para algumas especialidades são agendadas nas unidades contratualizadas. A Secretaria de Saúde ressalta que tem estudado medidas para amenizar a situação das filas nas unidades contratualizadas. Em relação à suposta oferta de vagas para atendimentos mediante pagamento, a Secretaria informa que irá investigar a situação e ressalta que não compactua com nenhuma atitude como essa.

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