Asilo do Carmo ainda carece de atenção
22/04/2017 16:27 - Atualizado em 24/04/2017 13:03
Rodrigo Silveira
Asilo do Carmo/Rodrigo Silveira
Fundado há 113 anos, o Asilo Nossa Senhora do Carmo, em Campos, vive uma intensa crise financeira. O motivo, além do momento econômico que o país e, particularmente, o estado do Rio de Janeiro atravessam, é a falha no repasse de verbas, insumos e medicamentos, pela gestão municipal anterior, que também suprimiu dois meses do contrato de convênio. Das 10 parcelas que caberiam à instituição em 2016, somente oito foram repassadas. Segundo o presidente da instituição, André Araújo, a atual gestão reafirmou as 12 parcelas do contrato e retomou o fornecimento de medicamentos e insumos, mas teria reduzido para R$ 44 mil o repasse que antes era de R$ 66 mil. Para driblar a situação, que acredita ser temporária, André Araújo conta com doações voluntárias e realização de eventos.
André contou que a casa abriga 63 idosos e conta com 39 funcionários pagos pela instituição, além de outros cedidos pela Prefeitura. Cada idoso contribui com 70% do valor de sua aposentadoria, os demais 30% ficam para o próprio idoso ou para o curador dele. Dos 63 idosos, oito foram internados por solicitação do Ministério Público Estadual e até que tenham situação de documentação e cadastro no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) regularizada, não recebem e, por isso, não contribuem com a instituição.
Uma fonte de renda extra, os espaços de publicidade, na parte externa dos muros geravam recurso que ajudavam no fechamento das contas, mas com a crise muitos parceiros desistiram de anunciar. A aposta para tentar gerar mais recurso tem sido a busca por colaboradores através do carnê, no qual é possível fazer doações a partir de R$ 5, e a realização de eventos como a tradicional Festa Junina, que este ano acontece nos dias 3 e 4 de junho, além do também tradicional "churrascão" e as serestas mensais e bingos realizados a cada dois meses.
Rodrigo Silveira
Asilo do Carmo tem atuado com ajuda comunitária / Rodrigo Silveira
— A gente passou uma fase um pouco difícil nessa transição de governo porque a gente não conseguia medicamento nenhum. A casa teve que arcar com essa despesa e isso gerou um déficit muito alto no caixa. A gente vive uma fase bem complicada — disse o presidente ao ressaltar que na gestão passada também ficou por dois anos sem receber fralda geriátrica. “A gente conta sempre com a ajuda da comunidade que toda vez que a gente pede é sempre muito solícita".
Solar espera por obra de reestruturação
Construído em 1846, o solar do Barão de Carapebus, ou solar de Santo Antônio abrigou o Imperador D. Pedro II, em 1883, quando visitou Campos para a assinatura do termo de implantação de energia elétrica no município. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi interditado pelo órgão e pela Defesa Civil em 1999, em virtude dos danos estruturais causados pela infestação de cupim e falta de manutenção.
Em 2014, segundo André Araújo, a verba no valor de R$ 1,48 milhão, para a primeira etapa das obras de reestruturação do prédio foi liberada pelo Governo Federal. Para isso seria necessária a remoção dos idosos para um prédio que atenda às necessidades da instituição, o que não aconteceu.
— Na gestão passada eles não conseguiram arranjar esse local. O asilo até indicou locais, mas por dificuldades da parte da gestão passada, eles deixaram passar o tempo, virou o ano e esse recurso voltou para o Governo Federal — contou André Araújo.
Governo diz que não reduziu valor de verba
Em nota, o secretário da Transparência e Controle de Campos, Felipe Quintanilha, informou que não houve redução de repasse para nenhuma instituição. O secretário explicou que, em 2016, o valor total foi dividido em 10 parcelas, sendo que duas não foram pagas pela gestão anterior. Este ano, o mesmo valor foi dividido em 12 parcelas e está sendo pago em dia.
Já a secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Sana Gimenes, que chegou a visitar o asilo, explicou que existe uma determinação do Ministério Público Estadual para que os idosos sejam transferidos para outro local. Ela lembra que essa transferência é necessária, mas deve ser feita de forma cuidadosa, pois há questões envolvidas, como o pertencimento.
A assessoria do Iphan informou que “enquanto os idosos ocuparem o local não há condições seguras para a realização das obras. A retirada já foi solicitada, já havia recursos alocados para os trabalhos, porém, diante da não remoção dos idosos, os trabalhos não puderam ser iniciados. Agora teremos que iniciar um novo processo para as obras, mas antes os idosos devem ser retirados do local”.

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