Diocese de Campos quer encontro com candidatos em mais 16 municípios
17/02/2024 08:53 - Atualizado em 17/02/2024 09:06
Novos encontros
Com paróquias em 17 municípios do Norte e Noroeste Fluminense, a Diocese de Campos pretende aproveitar o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, que é a Amizade Social ("Vós sois todos irmãos e irmãs" - Mt 23,8) para promover encontros com candidatos ao Executivo e Legislativo na região. A proposta é de nivelar por cima o debate das eleições municipais. Em Campos, o primeiro encontro aconteceu no dia 25 de novembro com a presença dos pré-candidatos Wladimir Garotinho (PP), atual prefeito, Jefferson Manhães (PT), reitor do IFF, e o dentista Alexandre Buchaul (Novo), que se comprometeram com o nível do debate, com política limpa e propositiva.
Vereadores também
Ao participar do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, na última quinta-feira (15), o bispo Dom Roberto Ferrería Paz falou sobre a proposta de não só repetir a realização do encontro em Campos, como também estender a outras cidades. A ideia, segundo o bispo, é esperar que de fato as candidaturas estejam definidas para promover os encontros, inclusive com os que querem estar na Câmara. “Quando definidos, vai haver um segundo encontro em Campos e com os vereadores, especialmente com aqueles de valores cristãos(...), que não é só a nossa a doutrina cristã. Nós não limitamos a participação. Vamos apresentá-los e, ao mesmo tempo, deixá-los falar, qual é a proposta que tem”.
Constituição cidadã
Comandados pela Pastoral da Cidadania da Diocese de Campos, os encontros buscam a política melhor. “Os princípios da política não só à luz da doutrina da Igreja, mas do direito natural e da Constituição do país, que é a Constituição cidadã. Deixamos eles se apresentarem e é um bom momento, porque eles têm que condensar, centrar no programa a que vieram. Qual é a proposta? É também interessante a capacidade do realismo das propostas, temos que ter essa consciência, discernimento. Se uma pessoa está nos promovendo que vai fazer um Palácio e não tem dinheiro nem para um puxadinho, está nos enganando”.
Contra o ódio
Com a Campanha da Fraternidade, reforçada pelos encontros, o objetivo é superar o clima de ódio, de conflito, de divisão que a sociedade brasileira vive. “Desde 2013, o Brasil entrou numa fase de divisão muito grande de dilaceração e de ataques mútuos e não nos recuperamos, continua a ver esse antagonismo, que não é ser oponente, porque a democracia precisa de um debate de ideias diferentes, porém, não é uma guerra. E não podemos praticar o que se chama a política do inimigo, a necro-política de eliminar aquele que nós taxamos como inimigo, inimigo público número 1. Não é isso, não é democrático. A ideia é reconstruir a partir da amizade social”, disse Dom Roberto.
De baixo para cima
Ainda segundo o bispo, as eleições municipais se tornam um cenário muito favorável para construir, de baixo para cima, uma sociedade orgânica, democrática e participativa. “Temos que também pensar no sonho de cidade ou que tipo de cidade nós queremos. A gente vê realmente ainda nos vereadores, ou às vezes até nos prefeitos, uma carência de um programa de conhecer a cidade, e o que é o futuro? Porque nós não só votamos para hoje. Outro aspecto é construir espaços de controle cidadão, controle social, porque não é só escolher um candidato, mas também aprender a fiscalizar esse candidato, a acompanhar esse candidato. Devemos aprender a acompanhar, por exemplo, as sessões da Câmara”.
Participação
Ao avaliar a tensão na política campista, acentuada com o recente impasse da Lei Orçamentária Anual na Câmara, Dom Roberto aponta que esse tipo de polarização acontece quando o cidadão fica recuado, não intervém. “Nós não somos massa de manobra. Não somos só elementos votantes, somos contribuintes, somos cidadãos que devemos saber onde se aplica o dinheiro da Prefeitura. Deveria ter (orçamento participativo), porque é justamente efetivar esse controle, essa transparência. O poder de decisão está nas mãos do povo sempre. Nós transferimos isso, claro, aos nossos representantes, mas os representantes são nossos, são nossos servidores, não nossos donos. A maior forma de controle é a participação popular”.

Cidadania
Além dos encontros, a proposta da Pastoral da Cidadania quer contribuir com a formação do eleitor. “Também teremos vereadores e prefeitos (mais qualificados) na medida que o cidadão exerça mais sua cidadania e exija mais. Aquele cidadão que faz um pacto de mediocridade de votar apenas aquele candidato que lhe dê alguma coisa, é um mendigo, não cidadão. Então nós, a Igreja, não só participaremos formando ou abrindo espaço para conhecer os candidatos, a Pastoral da Cidadania trata de formar bem o cidadão, para ele aprende a cobrar, acompanhar, a exigir. Ele tem todo o direito, porque o voto não tem preço, tem compromisso e consequências. Então é isso que nós devemos ensinar e viver, porque a gente ensina vivendo”.
Bastidores
Uma movimentação política feita pelo prefeito e pré-candidato à reeleição Wladimir Garotinho a que tudo indica instalou mais uma crise familiar, envolvendo o seu pai Anthony Garotinho. O ex-governador não teria ficado nada satisfeito com a “nova” aquisição do grupo do filho. Trata-se de Marcos Soares, ex-subsecretário de Rosinha e Rafael Diniz, que estava no grupo dos Bacellar e vinha sendo apontado como um dos articuladores pelas nominatas da oposição. Uma foto dele com Wladimir e Dudu Azevedo (braço direito do prefeito e pré-candidato à Câmara) logo gerou repercussão, assim como um texto com autoria atribuída a Garotinho, no qual, em tom irônico, é suspostamente questionada a volta de Soares.

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