A campanha Novembro Azul, dedicada à conscientização em torno da saúde do homem, em especial o câncer de próstata, tem um papel fundamental na tentativa de reduzir os casos de mortes e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da população masculina. Dados da secretaria municipal de Saúde de Campos revelam um índice preocupante: 41 homens morreram em decorrência do câncer de próstata na cidade entre janeiro e as duas primeiras semanas de novembro de 2023. Já no ano de 2022 foram registrados 54 óbitos pela doença. Ainda segundo o levantamento que a reportagem teve acesso, vieram a óbito em 2023 o correspondente à 76% das mortes de 2022.

O índice municipal acompanha os dados nacionais. Segundo a “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, lançada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano do triênio (2023-2025), atrás apenas do câncer de pele não melanoma.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Campos, a campanha Novembro Azul passou a ver o homem como um paciente completo, tendo outras doenças como foco, não apenas o câncer de próstata. Entre elas estão a hipertensão, o diabetes e doenças renais que são doenças crônicas, prevenidas e/ou controladas através da Atenção Primária à Saúde, com consultas médicas e exames de rotina, além de cuidados necessários como uma vida mais saudável possível, evitar a obesidade, controlar as comorbidades, além de ter uma alimentação equilibrada.

Para o médico urologista e andrologista, Bernardo Puglia, o mês de novembro, que é destinado ao alerta para prevenção do câncer de próstata, vai além. Segundo ele, a Urologia deve ser tratada como a Ginecologia é para a mulher, que trata a mulher desde a menarca e no seu todo. O médico ainda ressalta que o exame para detectar a doença precisa ultrapassar as piadas.

— É neste momento que é preciso ampliar o debate do Novembro Azul e falar sobre a saúde do homem. Obviamente, o homem está mais exposto à violência e outros fatores de mortalidade. Mas, historicamente, a mulher tem muito mais acesso à Saúde Pública. Ela é muito mais encorajada a fazer isso desde muito cedo. A menina quando menstrua pela primeira vez, já vai ao ginecologista e isso não acontece com homem. Geralmente, quando o homem vai ao urologista é quase que puxado pela orelha pela mulher, filho... O homem é mais suscetível a morte de causa violenta, o homem é mais suscetível ao risco cardiovascular e o homem tem mais dificuldade de acessar o seu médico. É preciso, no consultório, o profissional também ter uma visão de que a saúde do homem é global — disse Bernardo Puglia.

Exame e tratamento - A prevenção ao câncer de próstata se baseia basicamente no exame de rotina que é a dosagem de Antígeno Prostático Específico (PSA), o toque retal e, quando houver necessidade, o ultrassom, ressonância e biópsia. Em Campos, no caso do paciente diagnosticado com câncer de próstata, ele é encaminhado para tratamento em uma Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), conforme prescrição/indicação médica.