A audiência foi no Fórum de Campos
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Foto: Genilson Pessanha
Foi encerrada, pouco mais de uma hora do início, no Fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos, a segunda audiência de instrução e julgamento do assassinato de Letycia Peixoto Fonseca. Segundo a decisão do juiz Adones Henrique Silva Ambrósio Vieira, seriam ouvidas nesta quarta-feira (12) as testemunhas indicadas pela defesa técnica de Diogo Viola Nadai, ex-companheiro da vítima e acusado de ser o mandante do crime. A defesa do acusado arrolou 25 testemunhas, mas apenas 11 apareceram. Deste total, uma pessoa convocada prestou depoimento. Além disso, os acusados de participação no crime ficaram em silêncio. Assim, a sessão foi encerrada.
O advogado da família de Letycia, Márcio Marques, explicou que Diogo mudou de advogados e que os mesmos adotaram uma estratégia diferente dos antecessores.
— Eles não aproveitaram as 25 testemunhas que a defesa anterior do Diogo tinha arrolado. A finalidade de hoje era para ouvir essas testemunhas de defesa já que na primeira audiência nós já tínhamos ouvido as testemunhas de acusação — disse o advogado.
Márcio explicou sobre a testemunha ouvida nesta quarta. “ Nós também tínhamos feito um requerimento para o juiz, uma vez que a doutora Natália se referiu a um policial civil que ficou encarregado da análise técnicas, como localizações geográficas dos telefones dos acusados, por exemplo. O juiz atendeu o pedido da acusação para que fosse ouvido esse policial como testemunha referida, já que a doutora mencionou o nome dele”, explicou.
A imprensa e nem os presentes na sala de audiência puderam participar desse depoimento do policial, que de acordo com o advogado da família de Letycia “ foi bastante proveitoso, esclareceu bastante essa parte que é mais complexa”, pontuou.
Logo depois, na hora de ouvir as testemunhas, a defesa atual resolveu abrir mão de todas que havia sido arroladas pela defesa anterior, como explicou Márcio. Além disso, o advogado de Diogo, Rafael Crespo, também pediu para que seu cliente não prestasse depoimento.
— Hoje, no papel, foram 25 testemunhas arroladas, mas só compareceram 11. Após a conclusão, foi perguntado se eles iriam falar, mas a defesa do Diogo veio suscitando que ainda existem perícias a serem concluídas então pediram a resignação, mas é algo normal, é o direito constitucional — disse Márcio.
Antes de encerrar, o juiz do caso não atendeu o pedido feito pela defesa de Diogo e encerrou a audiência instrução, sendo assim, não haverá nova audiência. “ O juiz vai esperar o laudo ser anexado aos autos e que depois será encaminhado para a acusação para nós apresentarmos a última petição de acusação por escrito. Depois o laudo vai para a defesa, para que ela apresente a última petição de defesa por escrito. Por fim, depois vai para o gabinete do juiz para que ele dê a sentença, que temos certeza que vai ser sentença que encaminha os réus para serem julgados”, explicou Márcio.
A decisão foi tomada após, segundo o advogado da família de Letycia, o advogado de Diogo pedir a prorrogação para mais uma audiência. “ A defesa do Diogo tentou prorrogar para mais uma audiência, alegando que estava faltando alguns laudos a serem anexados nos altos e eles queriam que só depois que esse laudo fosse anexado aos autos que fosse marcado uma audiência para decidir se os réus iriam falar ou não”, explicou o advogado de acusação.
Márcio Marques pontuou ainda que prevê que o julgamento ocorra ano que vem, devido aos possíveis recursos que serão apresentados pelas defesas.
— É importante ressaltar que assim que sair a sentença de pronuncia, é óbvio, nós já sabemos, que a defesa vai tentar procrastinar o máximo possível, com recurso em cima de recurso. Mas eu sempre conforto a família, dizendo que o dia do julgamento vai chegar. Eu acredito que isso acontecerá no ano que vem, porque prevejo muitos recursos da defesa — disse.
O advogado de Diogo, Rafael Crespo preferiu não se pronunciar.
Família acompanhou a audiência (Foto: Genilson Pessanha)
Familiares de Letycia (Foto: Genilson Pessanha)
A família de Letycia, assim como na primeira audiência, esteve no Fórum. Os familiares levaram cartazes com fotos de Letycia e pediram justiça pelo crime.
Letycia foi assassinada aos 31 anos no dia 02 de março deste ano, quando estava grávida de 8 meses. O bebê, Hugo, chegou a nascer através de um parto de emergência, mas não resistiu e morreu no dia seguinte. O juiz da 1ª Vara Criminal de Campos também deferiu a quebra de sigilo de dados telefônicos do aparelho da vítima Letycia para que a perícia informe se no período de 02 de setembro de 2022 a 10 de março de 2023 a vítima recebeu mensagens de cunho ameaçador.
Diogo Viola participou da primeira da audiência
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Foto: Rodrigo Silveira
A primeira audiência do caso A primeira audiência de instrução e julgamento foi realizada no dia 18 de maio. Na ocasião, seriam ouvidas 50 testemunhas, entre familiares, amigos e policiais que participaram da investigação, mas 19 pessoas falaram na primeira fase. Entre as testemunhas que participaram da audiência, a mãe de Letycia, Cintia Fonseca, a esposa de Diogo Viola de Nadai, Erika Nadai, e a delegada Natalia Patrão, titular da 134ª DP, que ficou responsável pelo inquérito policial. A audiência, que começou às 13h44, foi encerrada após a desistência de interrogar a irmã do Fabiano Conceição da Silva, acusado de ter atirado em Letycia.
Gestante Letycia Peixoto foi morta no dia
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Reprodução de vídeo
O Crime Letycia estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida.
As duas foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta.