Transporte público na linha do debate
17/06/2023 09:36 - Atualizado em 17/06/2023 09:54
Vans e ônibus disputam espaço no trânsito
Vans e ônibus disputam espaço no trânsito / Genilson Pessanha
A questão do transporte público de Campos, com problemas considerados crônicos, sempre suscita o debate na sociedade, que grita em manifestações, e chega na política. O próprio prefeito Wladimir Garotinho diz que é “complexo e não tem solução rápida’’. Por outro lado, os projetos estão em andamento. O Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) estima entregar até novembro os terminais da integração que darão um novo rumo à mobilidade urbana no município. O governo também vem destinando, mensalmente, R$ 3 milhões em subsídio de óleo diesel aos ônibus e vans e segue com o processo licitatório da bilhetagem eletrônica unificada.
No momento, o terminal de Donana é o mais adiantado, tem cerca de 70% do projeto pronto. O de Canaã, próximo a BR 101, está com aproximadamente 35%, informa o governo. No caso do terminal deUruraí, este está em fase de licenciamento ambiental, já que teve alteração do local a pedido da população que rejeitou a ideia do terminal na única praça da localidade. O projeto foi transportado para uma área da estrada do Araçá.
— O problema do transporte é crônico em Campos e em grande parte do país. No nosso casotem atraso, mas foi concedido um subsídio do óleodiesel para não aumentar a passagem.O prefeito e a Câmaraforam sensíveis. Pode demorar, mas o transporteque estava 200% ruim caiu para 60% — disse o presidente do IMTT, Nelson Godá, durante entrevista, no Folha no Ar, na FolhaFM.
Ainda segundo ele, a intenção é entregar à população um sistema remodelado, mas existem outros cenários como iniciar primeiro com a integração na Baixada.
Antes de Godá falar da complexidade, o prefeito Wladimir também comentou e rebateu críticas ao transporte na cidade no âmbito político, na semana passada. “O transporte público em Campos é complexo e não tem solução rápida. Sempre foi dito isso, por qualquer estudioso do assunto, não por palpiteiros. Isso se deve a extensão territorial do município e o sucateamento das empresas”, disse ele.
Contudo, Wladimir ressalta que não pretende “fazer errado” e caotizar todo o sistema como ocorreu no governo Rafael Diniz. “Temos estações de integração sendo construídas, bilhetagem eletrônica unificada sendo licitada, onde hoje as vans atuam, devido a um acordo judicial, passarão a atuar microônibus,dando mais conforto ao usuário e ainda o subsídio do óleo diesel”, disse ele, destacando que o segundo passo, após as estações, será a modernidade da frota, com ônibus elétricos. No caso, o prefeito conta que as conversas estão acontecendo.
Quanto à mobilidade, a cidade e a população têm tudo a ganhar com estações é o que garante o subsecretário de Mobilidade Urbana, Sérgio Mansur. “As áreas do interior atendidas pelas vans (permissionários) e a área central pelos ônibus (consórcios), no projeto anterior não teve sucesso porque as estações de embarque não ofereciam conforto e dignidade aos usuários. Agora, com essas novas estações haverá condições de atender à população”, disse.
Terminal de integração em Donana
Terminal de integração em Donana / Genilson Pessanha
Permissionários ainda aguardam respostas
Membro do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana (Comurb), Bruno Santana, que também é presidente da Campos Cootran(cooperativa de vans), que defende a pauta dos permissionários, fala de temores com a implantação das estações, em parte, por causa, de perguntas sem respostas. Ele teme como o atual governo incorra no erro do anterior, segundo ele, “de não valorizar e ouvir quem está na ponta do sistema trabalhando direto com a população”.
— (A relação dos permissionários com o governo) Sempre foi muito boa, porém esse ano parece que as portas estão meio fechadas para o transporte Alternativo, já que não estamos tendo respostas de muitas perguntas e também não estamos tendo êxito nas sugestões dadas para melhorias do transporte público e isso é lamentável já que o último governo cometeu o mesmo erro — ressalta Bruno.
O setor aponta três questionamentos. Mesmo com as obras em andamento, os permissionários reclamam dos locais escolhidos para as estações, na questão de logística. Apontam que no horário de pico, “os locais escolhidos vão afunilar e trazer lentidão para o trânsito, que já é caótico”.
Também estão preocupados com o encurtamento das linhas de atuação do transporte alternativo e, como isso, afetar a arrecadação, inclusive, dificultar a manutençãodos custos da operação. Uma necessidade, que eles apontam, é um subsídio para manter qualquer tipo de “passagem social”.
Expectativas por parte dos dois consórcios
Os representantes dos consórcios Planície e União, do setor de transporte de passageiros do município, também falam das expectativas com o início das estações e da bilhetagem eletrônica e do atual cenário.
Em nota, o Consórcio Planície salienta: “O setor de transporte de passageiros passa por uma séria crise em todo o país, e, em Campos, essa situação se estende por mais de uma década, em consequência de uma série de fatores, como o excesso de gratuidade sem os devidos repasses, valor de passagem defasado e forte atuação do transporte ilegal. O subsídio para aquisição do óleo diesel auxilia bastante as empresas concessionárias, mas não é o suficiente para o setor sair da crise. Atualmente, as empresas ainda enfrentam dificuldades para conseguir bons profissionais para atuarem no setor”.
Já o representante do Consórcio União (São Salvador, Cordeiro e Siqueira), Ernandes Neto, afirma que são as melhores a expectativa para o início do projeto de integração. “Na maioria das cidades do país tem e dá super certo, além de que a bilhetagem eletrônica vai facilitar bastante o controle de pagantes, gratuidades, etc. Também vai possibilitar a renovação de toda a frota para maior comodidade da população”, afirmou.(C.B.)
“Moro em Mineiros e posso reclamar do transporte público que atende minha localidade. Por lá só tem van e por trabalhar no Centro da cidade, eu preciso sair mais cedo de casa para não perder a hora porque ficamos um bom tempo no ponto e todas passam cheias. É um absurdo essa situação do transporte, sinceramente, espero que essas estações resolvam alguma coisa”.
Edinaldo Pessanha, 62 anos
“Para morador do Alphaville não existe transporte público na cidade é uma das maiores dificuldades do bairro. Eu preciso andar até a Avenida 28 de Março para pegar o coletivo. No meu bairro não tem van e preciso pagar minhas coisas, ir ao médico e não tenho carro. Quem precisa de transporte está a pé em Campos”.
Fátima Cristina Silva, 61 anos
“Atualmente, onde eu moro, em Ibitioca, só tem ônibus e até demora, mas tem. Os ônibus andam com muitos estudantes e gratuidade, mas sempre que preciso, consigo pegar no horário. A população da Ibitioca e Serrenha já fez muita manifestação para ter uma oferta de transporte público decente”.
Claudio Roberto Martins, 43 anos
“Moro no Jóquei e quase perdi um médico semana passada porque cheguei ao ponto 15h10 e o ônibus passou 16h. Meu médico era 16h10. Quando tinha van na linha, por mais que andasse cheia, nos ajudava, mas agora não tem van e são poucos os ônibus. Eu considero o serviço muito ruim”.
Márcia de Souza, 58 anos
“Eu não posso reclamar, consigo transitar na cidade sem problemas. Como morador do Parque Tarcísio Miranda, temos na Avenida 28 de Março van e ônibus toda hora, com muita facilidade. Talvez para dentro dos bairros possa ser que seja ruim, mas na Avenida 28 de Março temos com frequência”.
Claudio Fernando Fernandes, 54 anos
“Mesmo com inúmeras reclamações que ouvimos nas notícias e de pessoas conhecidas em relação ao transporte público, eu que sou moradora de Pernambuca no momento estamos melhor atendidos. Lá só temos ônibus e passa com regularidade. Eu particularmente não tenho muito o que reclamar”.
Alessandra Terra, 41 anos

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