Cana domina na região e não é única opção, aponta estudo
Dora Paula Paes - Atualizado em 23/08/2023 08:33
Safra de cana-de-açúcar
Safra de cana-de-açúcar / Divulgação - Agência Brasil
Os municípios de Campos e São Francisco de Itabapoana seguem como os maiores produtores rurais do Estado do Rio de Janeiro. No entanto, um levantamento do Núcleo de Pesquisa Econômica do Estado do Rio de Janeiro (Nuperj) mostra a evolução do setor, com seus altos e baixos, em um espaço de tempo de 10 anos. A cana-de-açucar continua dominando o cenário, por outro lado, outras culturas têm apresentado maior valor de recursos para o homem do campo. A necessidade de políticas de competitividade setorial é apontada no estudo.
No levantamento divulgado pelo presidente do Nuperj, o economista Alcimar Ribeiro, a área colhida de lavouras temporárias e permanentes da microrregião somou 108.651 hectares em 2012, representando 52,05% da área total do estado do Rio. Desse total, Campos ocupou 56,61% e São Francisco de Itabapoana ocupou 35,88% do total.
Já, em2021, dez anos depois, a área colhida na microrregião somou 64.196 hectares, caindo 40,92% em relação a 2012. Da nova área, Campos ocupou 63,45% e São Francisco 35,09%. “Ao longo de todo o período, Campos apresentou uma dedicação quase que total à cana-de-açúcar com uma ocupação de 97,55% da área em 2012 e98,20% em 2021. Já São Francisco de Itabapoana ocupou 59% da área com cana de açúcar em 2012 e 62,15% em 2021. Campos encolheu 33,78% de área colhida e São Francisco encolheu 42,21% em uma década”, destaca o estudo.
Segundo Alcimar, a importância da Agricultura na região, principalmente em Campos, tem sido motivo de constante reflexão. “Agriculturaainda é a melhor alternativa econômica para Campos? Sim, ela é uma atividade fundamentalmenteimportante. Agora, hoje é necessário modernidade e investimento. É preciso um trabalho coletivo. Uma governança com participação efetiva para gerar renda, emprego e tributos”, destaca o economista.
Cultivo de maior valor - De acordo com o estudo, os outros municípios na região também perderam área colhida, porém concentraram a atividade em cultivo de maior valor. Em 2021, São João da Barra reduziu a área colhida em 83,12% em relação a 2012. Da nova área, colheu 57,25% em abacaxi, 16,10% em coco, 8,8% em mandioca e 4,20% em goiaba. Cardoso Moreira reduziu a área colhida em 96,17% em dez anos, concentrando as atividades em 64,94% no cultivo de cana-de-açúcar, 7,0% em feijão e 6,6% em milho e uva em 2021. Já São Fidélis encolheu a área colhida em 74,90% no mesmo período, concentrando as atividades em 57,90% no cultivo de cana de açúcar e 15,44% na produção de tomate em 2021.
”Observando a produtividade através da receita monetária por hectare, ficou evidente que os municípios não dependentes ou com menor dependência do cultivo da cana-de- açúcar, alcançaram um maior valor. O destaque nesta análise ficou por conta de São João da Barra, cuja parcela relativa de 2,21% da área colhida foi com cana-de-açúcar e o restante distribuído em 57,25% com abacaxi, 16,6% com coco, 8,88% com mandioca e 4,2% com goiaba. A produtividade (R$/hac) no município foi de R$47.246,18, em 2021. Inversamente, Campos com 98,20% da área colhida concentrada na cana de açúcar, apresentou a segunda menor produtividade (R$/hac) de R$6.200,95, em 2021”, exemplifica o estudo. (D.P.P.)

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