A 'Natália da direita' resolverá?
Edmundo Siqueira 31/03/2024 10:00 - Atualizado em 31/03/2024 10:41
Pesquisas apontam tendências. Mesmo se a oposição em Campos tomar para si uma atitude negacionista, e não acreditar no favoritismo de Wladimir apontado em todas até aqui, a presença do prefeito no mundo virtual deixa os opositores em uma situação desconfortável.

Porém, na eleição, quando o jogo é colocado em campo para valer, o resultado pode sempre surpreender.

No meio político, ir ao segundo turno contra o candidato da máquina, ou o favorito, é a vitória que se busca alcançar, porque é sempre uma “eleição nova”, uma chance de virar o jogo quando apenas duas alternativas se apresentam.

Para acontecer o segundo turno, é preciso que se tenha candidatos com resultados que se aproximem, com percentuais próximos de votos. Isso vale tanto para uma eleição polarizada como pulverizada. Se apenas um dos nomes se sobressair a um percentual alto, que o distancie muito dos outros, inviabiliza o segundo turno. É matemática.

O cenário de Campos, a preço de hoje, é confortável para a reeleição do atual prefeito. O papel da oposição é fazer com que o jogo jogado mude os placares na casa de apostas. E para isso, coloca em campo novos nomes com potencial para jogar duro.

No último pleito, o campo progressista de Campos deu à Professora Natália o papel de revelação. Em sua primeira disputa, seus 11.622 votos conferiram a ela um papel de destaque em uma cidade de perfil conservador. Ela teve menos de 1 ponto percentual de diferença para o prefeito da ocasião que tentava a reeleição, Rafael Diniz.

O segundo turno aconteceu pela soma dos votos deles (10,13%) com os resultados de mais de dois dígitos vindos de outros dois candidatos: Dr. Bruno Calil (13,17%) e Caio Vianna (27,71%).

No pleito que se avizinha, a delegada licenciada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Madeleine Dykeman, é a aposta de Rodrigo Bacellar, principal nome da oposição e presidente da Alerj. Com uma carreira brilhante na Polícia Civil, Madeleine tem perfil conservador, alinhado ao bolsonarismo.

Se a ideia é fazer uma “Natália da direita”, vai ser preciso apostar que outros nomes tenham ao menos dois dígitos, ou que o nome da delegada alcance um percentual de ao menos 30%.

Reprodução
Rejeição em 2020, aprovação em 2024


Em 2020, o principal elemento em disputa era a rejeição. Rafael Diniz amargava altos índices de reprovação de seu governo, confirmado com o resultado nas urnas. Era preciso dar uma resposta e apresentar propostas para resolver a crise. A abstenção em torno de 25% foi influenciada pela pandemia, mas mostrou também que havia descrédito de ¼ da população, que não tinha opções que a representasse.
O resultado apertado do segundo turno veio a reforçar a ideia de que o campista não tinha favoritos.

Hoje, o principal elemento em disputa é a aprovação. Com um governo bem avaliado, e com forte presença nas redes sociais, o prefeito Wladimir tem situação oposta à de Rafael. Com a pandemia controlada, a tendência é que a abstenção diminua, o que deve ser reforçado se a imagem de independência de Wladimir do grupo político de seu pai tenha sido efetiva entre o eleitorado mais reativo ao garotismo.

A Virtú e a Fortuna, que Maquiavel conceitua em sua obra prima “O Príncipe”, tratam-se das qualidades do governante e da ocasião oportuna, respectivamente. Embora não se deve depender das vontades da deusa da Fortuna, fazer dela sua aliada, e tentar controlá-la, é fundamental para qualquer candidato, até para que a Fortuna não se transforme em derrocada.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Edmundo Siqueira

    [email protected]