A pandemia de Covid-19 mudou o mundo em 2020 e as eleições municipais também foram impactadas. Inicialmente marcadas para outubro, o pleito foi adiado para 15 e 29 de novembro, quando os eleitores de todo o país foram às urnas no primeiro e segundo turno, respectivamente. Depois de uma campanha que demorou para engrenar, mas que foi marcada por acusações, fake news e decisões judiciais, o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) foi eleito prefeito de Campos ao derrotar o candidato Caio Vianna (PDT) no segundo turno, com a menor difereça de votos da história. No entanto, a decisão final só aconteceu em 10 de dezembro, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter batido o martelo e confirmado a validade da candidatura do vice eleito, o empresário Frederico Paes (MDB). No Legislativo, embora com nomes conhecidos, a renovação chegou a expressiva marca de 80% dos vereadores em comparação com a atual legislatura, mas nenhuma mulher foi eleita para ocupar uma das 25 cadeiras da Câmara.

Na primeira eleição com a proibição das coligações para a eleição ao Legislativo, a nova regra teve reflexos claros na disputa ao Executivo. Ao todo, foram 11 candidatos a prefeito no primeiro turno, um recorde desde o retorno do pluripartidarismo, em 1979, ainda durante a ditadura militar.

Wladimir recebeu 106.526 votos, o que representou 42,94% do total, e passou para o segundo turno contra Caio Vianna, que foi a escolha de 68.732 eleitores (27,7%). O atual prefeito Rafael Diniz (Cidadania) foi votado 13.530 vezes (5,4%) e ficou na quarta colocação, atrás ainda de Dr. Bruno Calil (SD), com 32.673 votos (13,2%).

Em sua primeira disputa eleitoral, Professora Natália (Psol) conquistou um bom resultado, com 4,68% votos votos válidos, à frente de Tadeu Tô Contigo (Republicanos), Odisseia (PT), Roberto Henriques (PCdoB), Dra. Carla Waleska (PSDB), Jonathan Paes (PMB) e Cláudio Rangel da Boa Viagem (PMN), respectivamente.

No segundo turno, foram apenas 14 dias de campanha e o Grupo Folha contribuiu para o processo democrático goitacá com a realização do debate entre Wladimir Garotinho e Caio Vianna a três dias dos votos nas urnas, em 26 de novembro. No confronto direto com o pedetista, o candidato do PSD levou a melhor, mas por uma margem curta de apenas 4,8% em uma apuração marcada pela emoção, com virada a favor do deputado na reta final.

No entanto, como virou tradição na política campista, a disputa nas urnas foi parar nos tribunais. Isso porque o terceiro colocado no primeiro turno, Dr. Bruno Calil, entrou com uma ação de impugnação contra a candidatura de Frederico Paes, vice na chapa de Wladimir. O argumento era de que o então diretor do Hospital Plantadores de Cana (HPC) não teria deixado o cargo dentro do prazo exigido pela legislação. Em primeira instância, a Justiça Eleitoral negou o pedido de Calil e confirmou o registro de Frederico.

Os advogados de Bruno Calil recorreram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE)e, mesmo com o parecer do Ministério Público pela manutenção da decisão anterior, os desembargadores decidiram indeferir a candidatura de Paes com o argumento de que, apesar do HPC ser uma entidade de natureza privada, tinha mais de 90% dos seus recursos provenientes do poder público e, por isso, Frederico deveria deixar o cargo dentro do prazo exigido para funcionários públicos.

Com essa reviravolta, e já sem tempo para a troca do vice, a chapa formada por Wladimir e Frederico concorreu no segundo turno com os votos “anulados sub judice”. Apesar da escolha nas urnas, o resultado só foi confirmado após julgamento pelo TSE em 10 de dezembro. Na ocasião, os ministros decidiram, por unanimidade, que, apesar de receber recursos públicos, o HPC é uma entidade privada e não está sujeita às regras dos servidores públicos. Com isso, a eleição de Wladimir e Frederico foi confirmada e os dois assumem a prefeitura do maior município do interior fluminense em 1º de janeiro de 2021.

A Câmara Municipal de Campos vai substituir 20 dos 25 vereadores para a próxima legislatura. O mais votado, porém, foi o experiente Dr. Abdu Neme (Avante), com 5.574 votos. A Casa também contará com o segundo vereador mais jovem da história. A maior bancada é do PSD, partido de Wladimir Garotinho, com quatro cadeiras, seguida pelo PDT de Caio Vianna, com três. Contudo, há a marca negativa, de ser um grupo sem a representatividade de mulheres.

O time dos reeleitos, conta, além de Abdu, com Igor Pereira (SD), Cabo Alonsimar (Podemos), Silvinho Martins (MDB) e Fred Machado (Cidadania), atual presidente da Câmara.

A Casa conta, ainda, com Rogério Matoso (DEM), Fábio Ribeiro (PSD) e Nildo Cardoso (PSL), que já foram vereadores e retornam à Câmara.

Já outros cinco eleitos são herdeitos políticos de ex-vereadores: Helinho Nahim (PTC), filho de Nelson Nahim; Bruno Vianna (PSL), filho de Gil Vianna, que morreu em maio, vítima de Covid-19, enquanto exercia o mandato de deputado estadual; Marquinho Bacellar (SD), filho de Marcos Bacellar; Dandinho de Alciones de Rio Preto (SD), filho de Alciones de Rio Preto; e Juninho Virgílio (Pros), primo de Thiago Virgílio. Os três últimos ex-vereadores citados estão inelegíveis. Já o filho de Gil, com 24 anos, é o mais jovem entre os eleitos e o segundo mais novo parlamentar da história do legislativo campista, atrás apenas do advogado Manoel Luiz Martins Neto (MDB), eleito em 1966 com 23 anos.