Maestro Ethmar Filho: "Os originais do samba"
Carlos Lyra, além de fundar a escola de música em que Nara Leão estudou, nos anos 1950, influenciou Nara a se interessar pelo samba autêntico e escreveu, junto com Vinícius de Moraes, a comédia Pobre Menina Rica na qual contracena e canta com Nara Leão. Algumas músicas de Pobre Menina Rica, tornaram-se sucessos em gravações posteriores. “Carlos Lyra e Vinícius apresentam o sensacional score musical de Pobre menina rica, com várias canções que se tornam clássicos instantâneos como Primavera e Sabe você”. (Nelson Motta in Noites Tropicais)
Lyra se sentia tão engajado politicamente com sua música que compôs o Hino da UNE em parceria com Vinícius. Sem falar que, as cisões de integrantes do Teatro de Arena de São Paulo com o próprio grupo, resultam na peça “A Mais Valia Vai Acabar seu Edgar”, de Chico de Assis e Oduvaldo Vianna Filho, com música do próprio Carlinhos Lyra, levada no Teatro da Faculdade Nacional de Arquitetura, no Rio de Janeiro, em 1960. É preciso destacar que o CPC também nasceu de outras sementes. A ideia de criar o CPC se baseia em experiências tais como o MCP, Movimento de Cultura Popular, fundado no Recife por Ariano Suassuna, Miguel Arraes e Paulo Freire com diretrizes parecidas.
Revoltas estudantis aconteciam ao longo do chamado terceiro mundo, ao mesmo tempo em que os movimentos estudantis brasileiros contra o regime militar estouravam em resposta ao AI5 (Ato institucional numero 5 que suspendia os direitos e garantias individuais, como o habeas corpus, cassava mandatos de parlamentares em todas as esferas de governo, intervinha nos governos de estados e municípios, nomeava interventores no lugar de governadores e prefeitos, demitia sumariamente funcionários públicos, passava para a reserva militares legalistas e democráticos, confiscava bens de quem enriquecesse ilicitamente no exercício de cargo ou função pública e declarava o estado de sítio no país)
Existe uma grande interação artística entre Ferreira Gullar, Nara Leão e Carlos Lyra, acompanhada de grandes e expressivas realizações desses três ícones da cultura brasileira, principalmente nos anos 1960. Essa década fervilhou de importantes e determinantes acontecimentos para os brasileiros e para humanidade como um todo. Ambos artistas frequentaram os ideais do Centro Popular de Cultura, entidade ligada à União Nacional dos Estudantes, participando diretamente de sua fundação e de sua breve existência. Nara, um pouco menos atuante à frente do CPC do que Lyra e Gullar, estabeleceu uma intensa ligação com os dois através do teatro, dos musicais e das canções compostas para ela por Carlos Lyra. Lyra, assim com ela, abandonara a Bossa Nova com críticas ao seu formato e, em certo ponto ao seu conteúdo. Dizia ele sobre o movimento que revolucionou a música no Brasil no final dos anos 1950 e início dos anos 1960: “...música da classe média da Zona Sul carioca. Não importa o ritmo. Samba, valsa, baião... Será Bossa Nova se criada naquele meio social”. Tudo leva a crer que o CPC, fundado por Artistas, estudantes e intelectuais, unidos pelo objetivo de transformar o país a partir da ação cultural capaz de conscientizar as classes trabalhadoras, no sentido de promover a revolução social, teria aproximado ainda mais Nara, Lyra e Gullar. Esses três artistas, formadores de opinião entre seus pares, detentores de uma originalidade impar e de uma produção muito consistente, diversas vezes mudariam o rumo de suas ideias a partir da descoberta de novos ideais que os fizessem acreditar que seriam aqueles os caminhos mais corretos e a coisa certa a fazer.
Ferreira Gullar, que se filiou ao Partido Comunista no dia do Golpe de 64, foi indicado ao Prêmio Nobel em 2002 e teve que se exilar do país de 1971 a 1977, ao saber que poderia ser torturado e morto pelo regime militar. Esse não pode passar despercebido como resistência artística e cultural. Ele, que teceu duríssimas críticas ao movimento armado que se opôs ao regime militar vociferando: “Os que inventaram a luta armada eram meia dúzia de cretinos que não sabiam atirar com atiradeira”, depois de juntar-se à resistência do golpe, deve ser lembrado e pesquisado como símbolo de autenticidade.
Existe uma grande interação artística entre Ferreira Gullar, Nara Leão e Carlos Lyra, acompanhada de grandes e expressivas realizações desses três ícones da cultura brasileira, principalmente nos anos 1960. Essa década fervilhou de importantes e determinantes acontecimentos para os brasileiros e para humanidade como um todo. Ambos artistas frequentaram os ideais do Centro Popular de Cultura, entidade ligada à União Nacional dos Estudantes, participando diretamente de sua fundação e de sua breve existência. Nara, um pouco menos atuante à frente do CPC do que Lyra e Gullar, estabeleceu uma intensa ligação com os dois através do teatro, dos musicais e das canções compostas para ela por Carlos Lyra. Lyra, assim com ela, abandonara a Bossa Nova com críticas ao seu formato e, em certo ponto ao seu conteúdo. Dizia ele sobre o movimento que revolucionou a música no Brasil no final dos anos 1950 e início dos anos 1960: “...música da classe média da Zona Sul carioca. Não importa o ritmo. Samba, valsa, baião... Será Bossa Nova se criada naquele meio social”. Tudo leva a crer que o CPC, fundado por Artistas, estudantes e intelectuais, unidos pelo objetivo de transformar o país a partir da ação cultural capaz de conscientizar as classes trabalhadoras, no sentido de promover a revolução social, teria aproximado ainda mais Nara, Lyra e Gullar. Esses três artistas, formadores de opinião entre seus pares, detentores de uma originalidade impar e de uma produção muito consistente, diversas vezes mudariam o rumo de suas ideias a partir da descoberta de novos ideais que os fizessem acreditar que seriam aqueles os caminhos mais corretos e a coisa certa a fazer.
Ferreira Gullar, que se filiou ao Partido Comunista no dia do Golpe de 64, foi indicado ao Prêmio Nobel em 2002 e teve que se exilar do país de 1971 a 1977, ao saber que poderia ser torturado e morto pelo regime militar. Esse não pode passar despercebido como resistência artística e cultural. Ele, que teceu duríssimas críticas ao movimento armado que se opôs ao regime militar vociferando: “Os que inventaram a luta armada eram meia dúzia de cretinos que não sabiam atirar com atiradeira”, depois de juntar-se à resistência do golpe, deve ser lembrado e pesquisado como símbolo de autenticidade.
Nara Leão, que foi tão importante para aquela Bossa Nova que abandonou, assim como para todos os outros movimentos que participou como protagonista e idealizadora, era consultada por seus amigos, que precisavam saber sua opinião sobre qualquer atitude artística a ser tomada por eles. Enfrentou o regime militar e quase foi presa depois de uma entrevista aos jornais da época onde dizia não entender para que serviam os militares. Defendeu as guitarras elétricas depois de passar anos debruçada sobre os violões da Bossa Nova. Tímida e decidida, deixou sua marca de originalidade em todos os movimentos musicais que atravessaram décadas no Brasil.
Carlos Lyra, compositor, instrumentista e cantor, destacou-se exatamente pelos mesmos motivos de Nara e Gullar: a originalidade. Quando a Bossa Nova e a filosofia do “Amor o sorriso e a flor” já não faziam mais sentido para ele, partiu para defender causas sociais com sua música, acrescentando ao movimento a rebeldia de que a Bossa Nova precisava, posto que, ao mudar o rumo das letras, não abandonou a batida, as harmonias e as melodias características. Música engajada é uma criação prática de nomes como ele.
É mais do que necessário colocar holofotes sobre a história da Música Popular Brasileira, destacando ícones como Ferreira Gullar, Nara Leão e Carlos Lyra que, não caminharam sós mas, à frente da tempestade, valorosa e corajosamente, a partir de seus próprios ideais, com o talento e a competência de poucos.
Maestro Ethmar Filho – Mestre e Doutorando em Cognição e Linguagem pela UENF, regente de corais e de orquestras sinfônicas há 25 anos.
É mais do que necessário colocar holofotes sobre a história da Música Popular Brasileira, destacando ícones como Ferreira Gullar, Nara Leão e Carlos Lyra que, não caminharam sós mas, à frente da tempestade, valorosa e corajosamente, a partir de seus próprios ideais, com o talento e a competência de poucos.
Maestro Ethmar Filho – Mestre e Doutorando em Cognição e Linguagem pela UENF, regente de corais e de orquestras sinfônicas há 25 anos.