Velhos problemas pelo caminho
Virna Alencar 07/12/2019 15:07 - Atualizado em 11/12/2019 13:04
O verão se aproxima e, com ele, aumenta o movimento nas estradas que dão acesso às praias da região, principalmente nos fins de semana. Mas as condições das RJs 216 (Campos-Farol), 194 e 224 (Campos-São Francisco de Itabapoana) e da BR 356 (Campos-São João da Barra) não são das melhores, com problemas como buracos, animais soltos, lixo nas margens e acostamentos, falta de placa de sinalização e de iluminação pública, além de radar com placa de sinalização escondida pela vegetação.
Aqueles que vão se deslocar para as praias sanjoanenses devem redobrar a atenção às obras de interseção, no Km 174 da BR 356, na curva de Grussaí. No local, o trânsito não será liberado dentro do prazo inicial estabelecido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As obras foram iniciadas com o objetivo de organizar o trânsito devido ao aumento de veículos na rodovia evitando o número de acidentes.
Já no distrito de Goitacazes, na Baixada Campista, é possível perceber os buracos à margem da RJ 216, que, para a comerciante Imperalina Soares Rangel, de 51 anos, ficam piores no período de chuvas. O trailer dela é fica ao lado de uma marquise de ônibus e, por causa dos buracos, os motoristas de vans não param no acostamento para o embarque dos passageiros, que se arriscam ao dividir o espaço na pista com os veículos.
— Há cerca de um ano estou com meu trailer em frente ao Hospital São José e divido o espaço com os buracos, que chegam a ter dois metros e acumulam água de chuva. Na semana passada, um motoqueiro, em alta velocidade, foi surpreendido com a cratera e caiu na pista. Outro perigo é a água acumulada em período de epidemia das doenças provocadas pelo Aedes aegypti. Com essa situação, os clientes deixam de parar aqui no meu comércio e acabo amargando prejuízos — contou a comerciante.
Mais à frente, na RJ, é possível perceber grande quantidade de lixo em vários trechos da rodovia, como na localidade de Campo Limpo. Na entrada de Poço Gordo, próximo à Igreja do Carmo, foi instalado novo radar, mas motoristas que seguem da praia campista em sentido ao Centro não conseguem avistar a placa de sinalização do redutor de velocidade, escondida pela vegetação.
Buracos também são obstáculos para aqueles que desejam passar os dias de veraneio nas praias sanfranciscanas. O motorista Aldemir Alves de Souza, de 47 anos, mora próximo à Usina São João, na RJ 194, rodovia com 44 quilômetros de extensão, que liga Campos até a localidade de Gargaú, em São Francisco de Itabapoana (SFI). Ele apontou os prejuízos que vem tendo com reparos no veículo.
— A gente sofre muito com essa estrada. Só na semana passada gastei R$ 2 mil em mecânica por causa desses buracos. Tem lugar que a cratera é tão grande que toma conta de todo o asfalto. Isso, fora o lixo e falta de iluminação — declarou o motorista.
Quem segue pela RJ 224, na primeira entrada de acesso ao distrito campista de Travessão, se depara com paralelepípedos soltos e não há qualquer placa que sinalize o caminho para o município vizinho. Seis quilômetros após o distrito, a rodovia apresenta buracos no acostamento, em plena curva. A falta de iluminação também foi apontada pelo morador do distrito Deivison da Conceição Silva, de 30 anos, que costuma frequentar as praias de SFI.
— Os buracos são mais evidentes próximo à Usina Canabrava e na divisa com Campos. Além disso, a falta de sinalização e iluminação aumenta a sensação de insegurança, principalmente para quem mora no caminho. Deveria haver investimentos em melhorias nas estradas antes de chegar o período de verão, quando o fluxo de veículos tende aumentar — falou Deivison.
A estudante de Direito Camila Barreto, de 29 anos, que mora em São João da Barra e estuda em Campos, contou que o trânsito carregado entre os municípios, no período de verão, costuma causar retenções em diversos pontos da BR 356, principalmente em dias de shows em Grussaí, Atafona e na área central de SJB. A estudante comentou sobre a expectativa de conclusão da obra de interseção na curva de Grussaí.
— Aquele contorno é muito perigoso porque a gente tem pouca visão para os veículos que vem no sentido contrário. Já presenciei acidentes no local e nós, que somos da região, sempre recebemos notícias de colisões ali — destacou a estudante.
DER-RJ e Prefeitura intensificam trabalhos
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) informou que, por meio de operações tapa-buracos, está realizando reparos nas rodovias da região para solucionar o problema. Em Campos, o órgão iniciou os trabalhos terça-feira passada na RJ 216, de Farol de São Thomé até a entrada de Donana. Na quarta-feira, a operação aconteceu na Estrada dos Ceramistas, a RJ 238, sendo também executada em São Francisco de Itabapoana (SFI), nas praias de Santa Clara e Gargaú, assim na RJ 158, em São Fidélis.
De acordo com o DER, o correto seria tratar o asfalto com maquinário, mas, por se tratar de um trabalho emergencial, em função das últimas chuvas, o asfalto é colocado sobre o buraco e compactado.
— No momento, estamos fazendo só a tapa-buracos porque é emergencial e há muitos buracos grandes. Motoristas reclamam que os pneus do carro estão rasgando e colocando vidas em perigo. Depois, nós iremos fazer até a limpeza de mato para finalizar perto do Natal — disse o encarregado da operação em Campos, Alexandre Gomes.
Sobre a falta de sinalização na RJ 194, o DER informou que “vai encaminhar equipe ao local, nos próximos dias, para realizar uma vistoria e avaliar as medidas a serem tomadas”.
Em caso de lâmpadas queimadas, a superintendência de Iluminação Pública de Campos informou que os moradores devem entrar em contato pelos telefones 98175-0931, 0800 240 1000 (ligações gratuitas, no horário de 8h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira) e o WhatsApp 98126-0880, para gerar protocolo de atendimento. Em rodovias onde não há unidades consumidoras (residência, comércio e outros), os postes de distribuição de energia sob concessão da Enel não possuem rede de baixa tensão e, por isso, a instalação de pontos de iluminação não é possível.
Já a secretaria de Desenvolvimento Ambiental informou que varrição, capina e recolhimento de entulhos são realizados regularmente, mas que os serviços para retirada da vegetação serão, a partir deste mês, intensificados durante o verão.
Expectativa por término de obra na BR 356
A obra de interseção no Km 174 da BR 356, em Grussaí, foi iniciada no dia 26 de agosto pelo consórcio Neovia Infraestrutura Rodoviária Ltda, que ganhou a concessão por meio de licitação. A iniciativa é do Governo Federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O investimento de R$ 2,6 milhões inclui a interseção de Grussaí e Atafona, que deveria ser entregue em 100 dias, conforme prazo inicial informado pelo supervisor de obras do Dnit, Rogério Barreto, em matéria publicada pela Folha, no dia 30 de agosto.
Mas, embora a obra de interseção esteja concluída – considerando a parte de infraestrutura e de viabilidade – o tráfego não será liberado, uma vez que o Dnit aguarda o remanejamento de postes, que deve ser feito pela Enel, empresa responsável pelo fornecimento de energia na cidade.
— Em Grussaí, resta a gente fazer a parte de pintura de sinalização, que é feita em dia de sol. Mas, para liberar o trânsito, precisamos que os postes sejam remanejados pela Enel. Em Atafona, a obra também está concluída, restando só parte de sinalização e meio fio. A ideia é mobilizar uma equipe de sinalização para os dois pontos; mas, se chegar perto do dia 20 e a Enel não resolver a questão dos postes, vamos liberar o fluxo para Atafona primeiro. Nossa intenção era liberar as duas obras de interseção ao mesmo tempo — disse o supervisor.
Ele explicou que, assim que liberada, ocorrerá uma mudança de fluxo na rodovia. “Os veículos não passarão mais em pista única, serão pistas de fluxos diferentes. O objetivo é diminuir o número de acidentes neste segmento e se preparar para o aumento da população. A rodovia já registra fluxo intenso de veículos, especialmente a partir do advento do Porto do Açu, e a gente vem se preparando para isso”, acrescentou Rogério.
Em nota, a Enel Distribuição Rio informou que recebeu, na última quinta-feira, do DNIT, as informações necessárias sobre a topografia do local. “A área técnica da concessionária já iniciou as análises necessárias para apresentação do custo e do cronograma de obras”.
Animais na pista preocupam
Não é só na alta temporada. Durante todo ano a reclamação é constante nas estradas da região com relação a animais soltos às margens das rodovias, sejam as estaduais ou as federais. Sobretudo em locais com menor luminosidade, o risco de acidente fica ainda maior. São muitas as propriedades rurais nas margens das rodovias de caminho para a praia e alguns animais conseguem fugir para pista.
Na edição do último dia 27 de novembro, a Folha da Manhã falou sobre a presença constante de animais soltos na RJ 216 (Campos/Farol), sendo a causa de acidentes como a do motorista de van, que fazia a linha Campos/Farol e foi surpreendido com um búfalo solto na pista. O caso aconteceu no último dia 25, por volta das 21h40, próximo ao heliporto. O acidente também envolveu um motociclista, que foi socorrido para o Hospital Ferreira Machado (HFM). No momento da batida, o coletivo estava sem passageiros. O animal morreu na hora. Já o proprietário do animal não foi encontrado.
A população apontou que o problema, como este do búfalo, é frequente, especialmente em Goitacazes, na RJ 216. Mas na área urbana, como na avenida Arthur Bernardes, onde os veículos costumam transitar em alta velocidade, motoristas também são surpreendidos por animais soltos e muitas vezes não conseguem evitar acidentes.
Na mesma reportagem, a equipe flagrou dois cavalos soltos em frente ao posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv). Ao serem questionados sobre a falta de penalidade aplicada aos donos dos animais, os agentes informaram que não estariam autorizados a prestar declarações, uma vez que o novo comandante assumiu o cargo recentemente.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), deixar animais soltos na pista é crime previsto e a responsabilidade é do proprietário. Se o animal for recolhido pelo órgão municipal, o proprietário pagará uma multa de apreensão, mais diária. Se o dono não for buscar, o animal pode ir a leilão.
Para os casos de animais soltos registrados em Campos, a Prefeitura informou, em nota, que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) reforçou a orientação para que proprietários de animais mantenham os mesmos presos e as propriedades devidamente cercadas para evitar acidentes. Em caso de flagrante de animais soltos, o CCZ atua através do telefone (22) 98126-5234. A população pode ligar ou enviar mensagens através de WhatsApp, para ter a solicitação atendida. O atendimento é feito de segunda a sexta, de 8h às 17h e aos sábados das 10h às 22h. O CCZ está localizado no anexo da Fundação Norte Fluminense de Desenvolvimento Regional (Fundenor), na Avenida Presidente Vargas, 180, Pecuária.

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