Nélio Artiles: Fazer e aprender
- Atualizado em 04/03/2021 10:32
Infectologista Nélio Artiles
Infectologista Nélio Artiles / Rodrigo Silveira
“Ver pacientes sem ler livros é como navegar sem mapa, mas ler livros sem ver pacientes é a mesma coisa que não navegar”, citou Sir William Osler, médico canadense do século 19, patologista, amante da medicina interna e, sobretudo, educador, considerado por muitos como pai da Medicina Moderna.
Estamos em uma semana de retorno às aulas em muitas instituições de ensino de diversas áreas. O ensino teórico recheado pela prática é, sem dúvida, a forma mais importante de aprendizado em qualquer função profissional. Milito no ensino médico há muitos anos e as aulas durante atividades em ambulatórios, enfermarias e unidades intensivas fazem toda a diferença para os futuros médicos.
Monólogos tradicionais em salas de aula, repletos de alunos que nem sempre estão presentes, seja online ou mesmo presencial, podem ser longos e enfadonhos, atraindo pouco a atenção. Mesmo em aulas motivadoras e com excelente aplicação da didática, o grau de um real aprendizado é discreto. Existe uma clássica pirâmide de aprendizagem proposta por William Glasser psiquiatra americano, em que na afunilada ponta, em menor dimensão, está o aprendizado pela leitura, representando em torno de 10% de real sedimentação do que se leu. Na base maior, em elevado percentual, está o debate, a prática e, principalmente, o repasse das informações.
Enfim, os alunos não imaginam como nós professores aprendemos quando damos uma aula. Por isso é preciso estimular alunos das diversas áreas ou níveis de graduação a aplicar a teoria, em uma prática supervisionada, ou mesmo em problematizações bem estruturadas, o que está escrito nos livros e textos. Isso deve acontecer em todas as escolas das áreas da saúde, mas também nas humanas e exatas.
Usar a criatividade faz parte de uma atividade docente competente e responsável. Quem leciona há anos precisa sempre avaliar se as aulas que estão sendo aplicadas hoje não seriam as mesmas de dez anos atrás, pois além de a mudança ser a única constância da vida, a estagnação é deletéria em todos os sentidos, principalmente no que concerne o processo ensino e aprendizagem.
A educação brasileira precisa se reinventar, trazer novos horizontes, com cenários diversos, aproveitando o momento da pandemia, saindo mais das salas de aula, trazendo o estudante ao humano, onde o raciocínio deve ser mais valorizado que a memorização, já que não há por que competir com a tecnologia que absorve plenamente esta demanda. Precisamos todos, gestores, escolas, professores, alunos e pais, modificarmos nossos objetivos e metodologias e assim cumprirmos a missão educacional de forma eficiente e racional.
 

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