Chefe de gabinete e condenado
Aldir Sales 20/07/2019 18:53 - Atualizado em 05/08/2019 14:50
Folha da Manhã
Durante a última semana a nomeação de Thiago Machado Calil para chefia de gabinete do vereador Paulo Arantes (PSDB) causou polêmica e trouxe de volta aos holofotes uma figura que chegou a ter muito prestígio no meio político durante o governo da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Patri), mas que se envolveu em diversos processos judiciais. Calil chegou a ser condenado por compra de votos em 2008 e, mais grave, por estupro, associação criminosa, submissão de criança/adolescente à prostituição/exploração sexual, tirar proveito da prostituição alheia e cárcere privado no caso que ficou conhecido como “Meninas de Guarus”. A equipe de reportagem entrou em contato com Thiago e enviou um formulário com oito perguntas sobre todas as polêmicas, porém, por telefone, ele disse que iria manter o silêncio.
Thiago Calil ocupou um dos cargos de maior confiança durante o governo Rosinha, o de subsecretário de Governo, responsável pela relação política do Executivo principalmente com o Legislativo. A chefia da pasta, mais tarde, viria ser comandada pelo próprio marido da prefeita, o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido).
O ex-subsecretário foi condenado a 25 anos de prisão, em primeira instância, por manter em cárcere privado crianças e adolescentes, algumas entre 8 e 11 anos, para prostituição. Até 15 menores eram privados de liberdade para este fim, em Custodópolis e, segundo a denúncia, eram obrigados por Calil a consumir drogas, que os levava de carro aos locais dos programas sexuais.
Ao todo, 14 pessoas foram condenadas no processo, entre políticos, empresários e policiais militares. No entanto, todos conseguiram habeas corpus e aguardam julgamento da segunda instância em liberdade.
No entanto, esta não foi a primeira vez que Thiago Calil foi preso e nem condenado. O ex-subsecretário e outros dois réus também foram considerados culpados pela Justiça Eleitoral por compra de votos por R$ 50 em benefício de Rosinha, no distrito de Vila Nova, ainda na eleição de 2008. O trio foi sentenciado a três anos e três meses de prisão e Calil chegou a ir para cadeia, porém, conseguiu novo habeas corpus para responder o processo em liberdade.
A denúncia da operação Cinquentinha foi oferecida à Justiça em 2010, porém, entre vários recursos, o processo prescreveu sem que os réus cumprissem as penas. Em agosto do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) chegou a manter a sentença, mas teve que enviar a ação para ser arquivada na sequência. (
 
 
Vereador tucano diz que não há ilegalidade
Na última sexta-feira, a coluna Ponto Final informou que o presidente da Câmara Municipal de Campos, o vereador Fred Machado chegou a conversar com Paulo Arantes sobre a nomeação de Thiago Calil, tão logo recebeu seu requerimento. Ele avisou ao colega que aquilo iria gerar reações da sociedade. Mas como a Lei da Ficha Limpa aprovada para servidores do Legislativo só impede a contratação de condenados em decisão colegiada de segunda instância, o que não é o caso de Calil, a procuradoria da Casa teria que aceitar sua nomeação. Autor da Lei da Ficha Limpa, o vereador Jorginho Virgílio (PRP) também endossou a explicação do presidente.
Além das explicações sobre a legalidade da nomeação, que já tinham sido dadas por Fred e Jorginho, Paulo Arantes foi indagado se achava ser moral. Educado, ele respondeu ser natural de Vila Nova e que conhece a família Calil desde criança. Explicou que o convite surgiu quando se encontrou com Thiago na festa do distrito em junho: “Eu tinha a vaga da chefia de gabinete e ele me disse que não estava trabalhando com ninguém. Moral é uma coisa que cada um tem sua forma de pensar. Ele se envolveu nisso (o Meninas de Guarus), junto a várias outras pessoas, por estar no lugar errado, na hora errada”.

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