João Peixoto na lista do Coaf de deputados com movimentações atípicas
21/01/2019 12:17 - Atualizado em 21/01/2019 16:54
O blog do Fausto Macedo, hospedado no Estadão (aqui), informa que além do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), citado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter recebido R$ 96 mil de forma fracionada entre junho e julho de 2017, as movimentações financeiras de outros 21 deputados e seis ex-deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) foram citadas em comunicações do órgão por apresentarem atipicidades. Entre os nomes está o de João Peixoto (DC), deputado da região reeleito, com movimentação considerada atípica de R$ 0,5 milhão.
Os nomes dos políticos estão em um relatório produzido pelo Coaf e enviado ao Ministério Público em junho do ano passado. As movimentações financeiras dos parlamentares foram anexadas aos autos da Operação Furna da Onça, que, em novembro do ano passado, prendeu sete deputados estaduais suspeitos de receber propina; outros três tiveram os pedidos de prisão feitos, mas já estavam detidos. Nove dos dez alvos da operação são citados no documento produzido pelo Coaf.
Ao Estadão, a assessoria do deputado João Peixoto informou que o parlamentar e sua equipe estão “em recesso”. À Folha da Manhã, Peixoto afirmou: “Não sei de nada, não tenho conhecimento sobre nada do que foi falado. Se alguém tiver algo para provar... Mas acredito que ninguém tenha e estou pronto para provar minha inocência”.
Outros — Também está citado no relatório do Coaf o deputado federal eleito Christino Áureo (PP). A movimentação atípica apontada é de R$ 0,8 milhão, mais oito operações imobiliárias (sendo uma de um imóvel na Gávea de R$ 1,2 milhão). A assessoria do deputado não respondeu aos questionamentos do Estadão. Ao blog, o deputado enviou a seguinte nota: “Embora não tenha tido acesso ao referido relatório, o deputado Christino Aureo informa — ressaltando sua indignação com a forma de divulgação —, que não há qualquer movimentação suspeita em suas contas. Sua única aquisição de imóvel no período, foi um apartamento no valor de 1 milhão 260 mil reais, onde reside com a família (financiado pela PREVI BB- 945 mil, em 30 anos, e o restante - 315 mil reais - vindos de sua rescisão por aposentadoria depois de 40 anos de trabalho no Banco do Brasil, no valor de 850 mil). Tudo rigorosamente declarado em seu Imposto de Renda. Reafirma sua disposição para esclarecimentos, em quaisquer instâncias necessárias”.
Quem lidera a lista se considerado o valor das movimentações citadas pelo Coaf é o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani (MDB). Preso na Operação Cadeia Velha, em novembro de 2017, e também alvo da Furna da Onça, o emedebista, diz o Coaf, está atrelado a comunicações de operações financeiras no valor de R$ 478 milhões. A quantia alcança esse valor pois abarca as transações de empresas de sua família que atuam no setor de mineração e pecuária. Veja a lista completa:
Reprodução/Estadão
(*O Coaf não deixa claro se o valor é de movimentações nas contas do próprio deputado ou, também, de outras pessoas ligadas a ele.)
Os citados — O deputado Márcio Pacheco (PSC) disse que recebeu “com indignação” as informações sobre o relatório do Coaf. Afirmou que “jamais movimentou em sua conta algo perto da quantia mencionada, o que pode ser comprovado em seus extratos bancários”.
Os ex-deputados Farid Abrão (PDT), atual prefeito de Nilópolis, e Ricardo Abrão (PDT) disseram que exercem “atividade empresarial paralela à política” e que “todo o dinheiro que entrou ou saiu da conta tem origem lícita”. Quanto à movimentação vinculada à conta da escola de samba Beija-Flor, afirmaram que “é comum o saque de quantidade elevada de dinheiro para o pagamento de pessoal, prestadores de serviços e fornecedores”.
O casal Andreia e Carlos Busatto (ambos do PDT, ele atual prefeito de Itaguaí) informou que não foi notificado oficialmente sobre o relatório e só vai se manifestar após ter acesso ao documento. Os deputados Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Pedro Augusto (PSD) disseram que não comentariam.
Procurados por telefone e e-mail, os deputados Jorge Picciani, Marcos Muller (PHS), Marcelo Simão (PP), Marcia Jeovani (DEM) e Coronel Jairo (MDB) não responderam aos questionamentos do Estadão.
Os parlamentares Iranildo Campos (SD), Chiquinho da Mangueira (PSC), Dr. Deodalto (DEM), Daniele Guerreiro (MDB), Átila Nunes (MDB) e a defesa de Edson Albertassi (MDB) também não responderam aos contatos da reportagem.
O Estadão informou ainda que o atual prefeito de São Gonçalo, o ex-deputado José Luiz Nanci (PPS), foi contatado por meio de seu gabinete e de sua assessoria de comunicação, mas não foi localizado. Os deputados Rafael Picciani (MDB) e Thiago Pampolha (PDT) e a defesa do deputado Paulo Melo (MDB), que está preso, também não foram localizados, assim como o suplente Milton Rangel (DEM) e os ex-deputados e hoje prefeitos de Belford Roxo, Waguinho (MDB), e de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PR).
Atualizado às 15h04 — Para inclusão da nota de Christino Áureo.
Atualizado às 16h — Para inclusão do posicionamento de João Peixoto.

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    Arnaldo Neto

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