Executivo segue na luta por verba
Victor de Azevedo 19/01/2019 18:23 - Atualizado em 22/01/2019 15:50
Moradores ainda estão esperançosos para que projeto de contenção do mar em Atafona finalmente seja concretizado
Moradores ainda estão esperançosos para que projeto de contenção do mar em Atafona finalmente seja concretizado / Aluysio Abreu Barbosa
As mudanças nos governos federal e estadual renovaram as esperanças de moradores de Atafona em relação à obtenção de recursos para execução de projetos de contenção do mar. Apesar de a Prefeitura de São João da Barra ainda não ter recebido nenhuma sinalização dos novos governos em relação à questão, o Executivo segue na luta em busca dos recursos para a realização das obras necessárias. Já em relação à desobstrução e o desassoreamento em dois trechos do rio Paraíba do Sul, a secretaria de Meio Ambiente aguarda licitação da empresa para fazer o projeto executivo e iniciar as dragagens dos trechos.
Verônica Ammar é uma das integrantes do “SOS Atafona”. A chegada de novos governantes renovou a esperança dela de ver a obra de contenção realizada na praia. “A esperança sempre existe. E agora ela foi renovada. O grupo chegou a pensar na possibilidade de ir até o presidente eleito Jair Bolsonaro para alertá-lo sobre a situação, mas, infelizmente, por agora, não foi possível. Vamos aguardar a posse dos novos deputados estaduais e federais para ver como vai ficar a questão. Já que a Prefeitura alega não ter recurso, é preciso lutar de outras maneiras”, ressaltou.
O projeto para contenção do mar em Atafona foi apresentado em 2014 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) ao então prefeito de São João da Barra, José Amaro Martins de Souza, Neco. Desde então, o antigo prefeito e a atual chefe do Executivo, Carla Machado, iniciaram uma luta para levantar recursos para a realização da obra, haja vista que ambos afirmam que apenas o município não tem condições de arcar com os custos. Autoridades já aventaram orçamentos que variam de R$ 150 a R$ 220 milhões, mas nenhuma cotação oficial foi feita.
Em 2017, a prefeita Carla Machado apresentou cópia do projeto de recuperação da orla de Atafona ao presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia. Além disso, o município recebeu a visita de diversos deputados estaduais e federais, mas, até o momento, nenhum apoio concreto chegou ao município.
Vale lembrar que o saldo remanescente das intervenções nos trechos do rio Paraíba do Sul será utilizado para o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para a viabilidade do anteprojeto de contenção da praia de Atafona.
Esperança também é a palavra de ordem da moradora Sônia Ferreira, que recentemente viu o mar se aproximar da sua residência. “É preciso acreditar que os novos governantes vão olhar por Atafona. Tenho certeza de que nossa prefeita está trabalhando, como sempre, no sentido de sensibilizar as novas autoridades a assumirem essa luta por Atafona”, ressaltou.
A Folha da Manhã entrou em contato com os governos federal e estadual, mas não obteve respostas sobre a possibilidade de parceria para o início das obras de contenção em Atafona. 
Avanço do mar já levou vários imóveis a baixo
Avanço do mar já levou vários imóveis a baixo / Folha da Manhã
Avanços de ondas assustaram no fim do ano
O avanço do mar em Atafona voltou a assustar no final do ano passado, na direção da casa de Sônia Ferreira. No local, foram colocados aproximadamente 400 sacos de areia para proteger o muro da residência. O objetivo foi evitar, de forma temporária, que as águas do mar chegassem ao muro. A casa fica ao lado dos escombros do antigo prédio do Julinho, outra referência do litoral sanjoanense e que foi derrubado pela revolta do oceano há 10 anos.
A casa de Sônia Ferreira já sediou grandes eventos, entre eles, o tradicional Atafolia. Em dezembro, quando as águas avançaram, Sônia Ferreira se mostrou preocupada.
— Torço para que as obras de contenção saiam logo do papel porque, infelizmente, a natureza não espera. É uma angústia muito grande. Todo dia, eu acordo, abro a porta, olho para o mar e faço minhas orações porque tenho muita fé que vou viver por muito tempo neste local ainda. Graças a Deus que o mar deu uma recuada boa, as pessoas estão até tomando banho aqui, mas a preocupação é uma constante — disse.
A ação conjunta foi coordenada pela Defesa Civil de São João da Barra e envolveu as secretarias de Transportes, Meio Ambiente e de Obras. Na ocasião, foram colocados aproximadamente 400 sacos de areia na esquina das ruas Nossa Senhora da Penha e Feliciano Sodré.
Dragagem do rio Paraíba aguarda licitação
Após monitoramento inicial feito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a secretaria de Meio Ambiente de São João da Barra aguarda a análise do estudo pelos órgãos ambientais e a licitação da empresa para fazer o projeto executivo e iniciar as dragagens nos dois trechos do rio Paraíba do Sul. Ainda não há prazo para o início dos trabalhos.
O monitoramento ambiental, que compreende a parte física das áreas onde serão realizadas as intervenções de desobstrução e desassoreamento em dois trechos do rio Paraíba do Sul, foi iniciado em outubro do ano passado. Na ação, foram coletadas características iniciais da área, através de técnicas de mapeamento e topografia dos trechos. O projeto é desenvolvido em cumprimento às exigências do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e às recomendações do Ministério Público Federal (MPF).
Vale ressaltar que todas as autorizações ambientais para a realização das obras já foram concedidas pelo Inea. Segundo o órgão, foram concedidas licenças para a “desobstrução de um canal existente numa ilha para possibilitar a redução da salinidade da água do rio Paraíba na captação da Cedae no período de preamar (maré alta), através do direcionamento do fluxo d’água do rio para a margem direita, tendo em vista que o fluxo principal está na margem esquerda” e também o “desassoreamento do canal na entra da foz do rio Paraíba para permitir a acessibilidade das embarcações pesqueiras, descarregar o pescado nos frigoríficos e retornar ao mar, como realizar as ancoragens e manutenção nos portos e estaleiros existentes”.

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