Christino quer espaço em Brasília
Arnaldo Neto 02/10/2018 23:28 - Atualizado em 04/10/2018 14:06
O deputado estadual Christino Áureo (PP) foi secretário do Rio de Janeiro por cinco vezes. A última foi na Casa Civil, que deixou este ano, com atuação na linha de frente do Plano de Recuperação Fiscal. Agora, luta por uma vaga na Câmara dos Deputados. Considera que Luiz Fernando Pezão (MDB) deixa “legados positivos, apesar das circunstâncias”. Para sucessão, aposta em um candidato como o mais preparado. Já na corrida presidencial, diz não estar convicto quanto quem estará no segundo turno. Apesar de tentar uma cadeira em Brasília, é cético com relação à renovação no Congresso: “As máquinas partidárias se prepararam para não ter”.
Jair Bolsonaro — A candidatura surgiu num ambiente que tem um descrédito em relação ao perfil mais tradicional do político, articulador. Coincide também com um tema importante em qualquer sociedade, do combate à corrupção e à criminalidade de modo geral. Então, tem ali um espaço para ele.
Fernando Haddad — Ocupa, obviamente, o espaço de todo o referencial que o Lula representa na cabeça do eleitor. Essa gratidão e esse saudosismo estão encaixados à figura do Lula que, paradoxalmente, nesse momento em que uma parte da sociedade toca de maneira profunda na questão relacionada à ética, à corrupção.
Ciro Gomes — O Ciro, se não fosse a estratégia deliberada do PT de isolá-lo, se fosse numa conjuntura normal, o Ciro, provavelmente, aglutinaria as forças de centro e seria um candidato fadado ao sucesso.
Geraldo Alckmin — O Alckmin seria o grande pacificador do país, não tenho dúvida, dentro da ideia de que você precisaria de alguém com o perfil de centro, e ele tem. Um preparo muito grande, habilidade política, mas, no momento, as paixões não combinam com o perfil desse tipo.
Marina Silva — A Marina já cumpriu o papel dela em eleições presidenciais, principalmente na última. Cumpriu o papel de oferecer uma alternativa à polarização PT e PSDB, mas num ambiente de menos acirramento. Não deveria nem ter sido candidata nessa eleição, porque o perfil dela claramente não se encaixa.
Lula — O Lula, guardadas as devidas proporções, ocupa um espaço, para a percepção histórica, semelhante ao de alguns estadistas brasileiros: o Getúlio, nessa dimensão... Só que o projeto do PT, já na época do mensalão, tinha que ter passado por uma autocrítica e não passou. Então, o que poderia ter sido uma elevação do Lula, acabou virando isso. Acabou, no meu ponto de vista, destruindo a possibilidade de o Lula se fixar como uma liderança desse tamanho.
Eduardo Paes — O Eduardo tem capacidade de gestão, que na Prefeitura do Rio ele já mostrou. Agora, a dimensão do Eduardo que às vezes as pessoas não conhecem é a capacidade de articulação política. Não vejo isso nos demais candidatos.
Romário — Como deputado federal, até me surpreendeu positivamente, porque abraçou determinadas bandeiras, trabalhou a questão do esporte, das pessoas com deficiência. No Senado já começa a desmontar. No Governo do Estado, então, nem se fala.
Anthony Garotinho — Na fase em que ele ocupou cargos no Executivo soube trabalhar a articulação política. A capacidade dele de articular, ser mais equilibrado naquele momento, ajudou. Acho que, à medida em que o tempo passou, ele foi perdendo isso.
Tarcísio Motta — Eu reputo, hoje, o Psol como um partido com pouca aptidão para projetos de poder. O Psol está se especializando em representar os núcleos de insatisfação.
Voto útil — O voto útil é uma realidade. Eu sou parlamentarista, não sou presidencialista. Se você olhar as grandes democracias, fora os Estados Unidos, elas evoluíram para o parlamentarismo. Você vota no parlamentar com o perfil daquilo. Essa forma de pensar política é muito mais plural. No presidencialismo, zero isso. Então, o voto útil tem a ver, no meu ponto de vista, com a debilidade do sistema político. Você forma a maioria a partir de uma discussão muito pobre, no meu ponto de vista.
Segundo turno — Eu não apostaria todas as fichas de que os candidatos que estão à frente nas pesquisas serão os candidatos do segundo turno da eleição presidencial.
Novo Congresso — As máquinas partidárias se prepararam para não ter renovação, a verdade é essa. Sempre que a pessoa fala de não renovação, ficam pensando nos piores nomes no Congresso. Agora, tem o parlamentar que é experiente, é desejável que a gente mantenha, porque nós vamos precisar dessa experiência.
Governo Pezão — O Pezão pegou um governo numa situação que foi um conjunto, essa combinação de fatores, que é muito pouco provável que vamos ter. Eu nunca vi e é muito provável que a gente não veja tão cedo uma combinação tão forte de elementos nesse sentido. Enfrentou um câncer que não é fácil. Então, sob um olhar crítico, apenas, os números falam por si. Olhado nas circunstâncias, o governo vai chegar ao fim com o salvamento de algumas áreas que vão dar condições de ter um ponto de retomada e seguir em frente. Poderia também ter chegado ao final, de tal forma esfacelado. Um governo que passou por tudo isso, mas que, ao final, tem alguns pontos que vão ficar como legados positivos, apesar da situação.

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