T. E. Lawrence e a Arábia no Cineclube
Jhonattan Reis 25/07/2018 13:56 - Atualizado em 25/07/2018 18:46
Esta quarta-feira (25) é dia de Cineclube Goitacá, que exibe o longa-metragem “Lawrence da Arábia” (Lawrence of Arabia, 1962), dirigido por David Lean e vencedor de sete estatuetas do Oscar. A obra será apresentada pelo poeta e jornalista Aluysio Abreu Barbosa. A sessão, que tem entrada gratuita, começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado no cruzamento das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro.
— O filme é muito marcante. Ele foi considerado, pelo American Films Institute (Instituto Americano de Cinema, em tradução livre), o maior filme épico de todos os tempos, sendo o sétimo melhor filme já feito, independente de gênero — comentou Aluysio.
O longa foi baseado no livro autobiográfico “Os Sete Pilares da Sabedoria” (Seven Pillars of Wisdom), do arqueólogo, militar, agente secreto, diplomata e escritor britânico Thomas Edward Lawrence (1888-1935).
O filme começa em 1935, quando T. E. Lawrence (Peter O’Toole) pilotava sua motocicleta e morre em acidente. Em seu funeral, ele é lembrado de várias formas. Daí em diante, em flashbacks, conhecemos a história do jovem oficial do exército inglês no Oriente Médio. Insatisfeito em colorir mapas durante a I Guerra Mundial, ele aceita uma missão como observador na atual Arábia Saudita e acaba colaborando de forma decisiva para a união das tribos árabes contra os turcos.
— Lawrence é não só um personagem real, como uma das maiores personalidades do século XX. Ele tinha uma variedade de conhecimento absurda. Conhecia sobre arqueologia, arquitetura, música, literatura, questões militares, história... Não havia assunto que ele não dominasse. E fazia uma interface renascentista entre esses vários conhecimentos para chegar a conclusões únicas — analisou Aluysio.
Lawrence se tornou conhecido pelo seu papel como oficial britânico de ligação durante a Revolta Árabe de 1916-1918.
— Ele tinha um conhecimento profundo da língua e cultura árabes, assim como da religião. E usava isso para convencer os árabes em várias questões, se apoiando no Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, que era a lei naquele lugar e momento. A grandeza de Lawrence era tanto na pessoa, quanto no que conseguiu fazer, que foi derrotar, com poucos recursos, um dos maiores impérios do mundo à época, a Turquia. É como se alguém, com um monte de camelos e fuzis velhos, derrotasse hoje os EUA, a Rússia ou a China. Depois do que ele fez, não há líder guerrilheiro no mundo que não tenha bebido da fonte de Lawrence. Ele foi o grande herói dos árabes até Osama Bin Laden, sendo que era loiro, de olhos azuis e britânico — falou.
O apresentador ressaltou, além da direção de Lean, dois outros pontos do filme. Um deles é atuação.
— Anthony Quinn, Omar Sharif e Alec Guiness estão muito bem nos papéis de apoio. E, apesar de ter ganhado sete estatuetas, o filme mereceu uma das grandes injustiças da história do Oscar: Peter O’Toole não levou o prêmio de melhor ator, porque é impressionante a atuação dele como Lawrence — opinou.
Do filme, Aluysio também destacou como segundo ponto o trabalho do diretor de fotografia Freddie Young.
— Ele e David Lean formam uma das parcerias mais importantes da história do cinema. É impressionante o que os dois fazem. Lean era o diretor dos grandes planos, das grandes imagens, mas sempre alicerçado por um grande diretor de fotografia. Young é um nome hoje pouco falado, o que acho injusto. Ele ganhou três Oscar, sendo os três com Lean: além de “Lawrence”, com “Dr. Jivago” (1965) e “A filha de Ryan” (1970). Talvez seja o maior diretor de fotografia de todos os tempos, sem os recursos digitais de hoje. Já David Lean ganhou dois prêmios Oscar como diretor — sendo o primeiro deles por “A Ponte do Rio Kwai” (1957) e o segundo por “Lawrence”.
Aluysio relatou, ainda, a riqueza de detalhes e conhecimento presentes no livro em que o filme é baseado:
— É um livro de mais de 600 páginas, difícil de ler pela grande quantidade de nomes de pessoas e lugares em árabe. Mas que faz o leitor pensar na importância que a religião tem para a formação da cultura de um povo. Li na tradução do Carlos Machado, que definiu Lawrence como “Hamlet do Hedjaz (deserto da Península Arábica), que ajustava a mira do velho fuzil enquanto interrogava as estrelas”.
Sobre o debate após a exibição do filme, o apresentador tem boas expectativas:
— É um dos melhores filmes já feitos no século XX, sobre uma das personalidades mais brilhantes e complexas do século XX. Com certeza, o papo tem tudo para render.
Oscar — Entre as premiações que recebeu, estão os prêmios Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora (Maurice Jarre), Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte a Cores e Melhor Fotografia a Cores. Também foi indicado nas categorias Melhor Ator (Peter O’Toole), Melhor Ator Coadjuvante (Omar Sharif) e Melhor Roteiro Adaptado.

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