Crítica de cinema - Atual, divertido e ainda incrível
- Atualizado em 06/07/2018 19:07
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(Os incríveis 2) -
Passados 14 anos, é surpreendente que a nova aventura de “Os Incríveis” comece exatamente do ponto em que terminou o anterior e a batalha com o escavador traz consequências importantes para história. Não se trata de uma maneira apelativa de atingir a memória afetiva dos fãs. Buscando atingir esse público que cresceu e amadureceu, a Pixar traz uma animação de temática mais adulta, abordando questões atuais que não eram debatidas em 2004. “Os Incríveis 2” é uma continuação “atualizada” que dialoga com os fãs do original e tem potencial para agregar um novo público.
Após uma catastrófica batalha com o Escavador, a família dos Incríveis precisa voltar para a clandestinidade. Vivendo em um pequeno quarto de hotel, eles são abordados por um excêntrico milionário com um plano para tirar os heróis da ilegalidade. Usando a Mulher-Elástica como personagem de propaganda, é a vez do Sr. Incrível ficar em casa cuidando da família enquanto a Mulher-Elástica salva o mundo, mas a chegada de um novo e perigoso vilão pode mudar tudo.
Uma das principais características da Pixar é mesclar com maestria elementos que agradam tanto o público infantil quanto o adulto. É interessante, pois, conforme você cresce e revisita esses filmes, você observa elementos que anteriormente passavam batidos justamente por falta de maturidade. Porém, nunca antes uma produção da Pixar trouxe conflitos e características tão maduras.
Cinema
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Apesar de cronologicamente se passar pouco tempo depois dos eventos do original, o novo trabalho do diretor e roteirista Brad Bird (também responsável pelo original) é uma atualização tanto visual quanto temática em uma transição bem construída que não tira o peso dos acontecimentos do filme de 2004. Com diálogos que criticam políticos, corrupção, o filme traz a conscientização da importante posição da mulher não só no núcleo familiar, mas na sociedade, característica esta que altera o status quo da família, tornando-se a fonte principal dos conflitos.
Dividindo o filme em dois núcleos que se intercalam, o roteiro de Bird peca ao forçar demais a mão no núcleo da família, cansando um pouco com situações parecidas e tirando o protagonismo da Mulher-Elástica. Mas o ponto mais fraco do roteiro são os personagens secundários. Se no primeiro longa o herói Gelado e a incrível Edna Moda conquistaram os fãs e, lógico, retornam em participações bem inseridas, os novos personagens não encantam. Há um excesso deles e não há um que mereça destaque ou fique na lembrança.
Outro aspecto essencial nos trabalhos da Pixar é o esmero visual na construção daquele universo e o cuidado com cada mínimo detalhe. Usando a estética da década de 60 como base, adicionando elementos do futuro (mas sempre fugindo do óbvio) junto ao traço característico que chama a atenção já no primeiro momento do filme (quando surge o castelo da Disney com os mesmos traços do filme), “Os incríveis 2” segue a evolução visual da empresa a cada novo lançamento.
Por se tratar de uma criação totalmente original (apesar de eu ter, para mim, como o filme do Quarteto Fantástico nunca realizado), a franquia de “Os Incríveis” traz enormes possibilidades, sem ficar presa a outras mídias e permite aos realizadores seguir para qualquer caminho. “Os incríveis 2” chega tardiamente, mas se justifica pela qualidade e pelo conteúdo. Uma continuação que respeita o original, sem se aproveitar da nostalgia, abordando novos conflitos, trazendo elementos atuais e adultos, mas sem nunca perder o principal: o fator humano. Que não demore outros 14 anos.

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