Dez anos de queda do Prédio do Julinho
Arnaldo Neto 05/04/2018 00:17 - Atualizado em 06/04/2018 15:01
Era fim da tarde de sábado, 5 de abril de 2008, quando o Prédio do Julinho, uma referência dos tempos áureos do Pontal de Atafona, não resistiu às constantes investidas do mar. Como em uma perfeita implosão, o edifício desabou sobre ele mesmo. Hoje, dez anos depois, as ruínas continuam a ser visitadas. O mar ainda avança na região. Projetos para conter o processo de erosão costeira foram apresentados, antes e depois da queda do Prédio do Julinho, mas nada de concreto foi realizado até o momento.
O edifício foi erguido na década de 1970 por Júlio Ferreira da Silva, um comerciante e leiloeiro campista que passou a viver em Atafona. Ele morava com a família em uma casa que ficava próximo ao antigo Farol, na beira mar. No térreo do prédio chegaram a funcionar o primeiro supermercado da praia, bar, padaria e restaurante. Era o ponto final do ônibus, na entrada do antigo Pontal. Filha do Julinho, a jornalista Júlia Maria Assis conta que o pai ergueu mais três andares, com um total de 48 suítes. O primeiro foi concluído, mas o hotel nunca funcionou. O segundo e o terceiro não chegaram a ter o acabamento finalizado.
Julinho ficou doente e morreu em 1981, aos 66 anos. No período da doença, o espaço comercial foi arrendado e alguns apartamentos, que passaram a ser residência, chegaram a ser vendidos. Anos mais tarde, com risco de desabamento, o imóvel, um projeto ousado, foi interditado pela Defesa Civil. “Meu pai foi um grande empreendedor. Era apaixonado pelo projeto do hotel e por Atafona. Com certeza a doença veio muito da tristeza de ver o mar começando a levar as ruas de Atafona e saber que seu sonho estava ameaçado. Mas nunca ouvi dele nada sobre arrependimento. Perdemos um patrimônio e isso é difícil, claro, mas nem para o meu pai e nem para ninguém da nossa família isso significou que Atafona deixasse de ser para nós o melhor lugar do mundo. Atafona é nosso lugar e temos um respeito muito grande pelo mar”, afirmou Júlia.

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