Filme de Murnau é destaque na retrospectiva dos anos 20
Celso Cordeiro Filho 05/04/2018 19:07 - Atualizado em 09/04/2018 14:09
Cineclube Goitacá
Cineclube Goitacá / Rodrigo Silveira
Durante a apresentação de “Nosferatu” (1922), dirigido por F. W. Murnau, na quarta-feira (5), no Cineclube Goitacá, o professor e crítico de cinema, Aristides Soffiati, lembrou que trata-se de um clássico da cinematografia mundial e servia para mostrar a genialidade de um dos expoentes do expressionismo alemão. “As sombras, os claros e escuros dão um significado especial ao filme que, por não usar a palavra, se vale tão somente das imagens. Elas compõem uma linguagem e, para exercitá-las, é preciso muito talento”, destacou.
Contou detalhes da produção e o contexto da época. Foi a única produção da Prana Film, fundada em 1921 por Albin Grau, especificamente com o objetivo de fazer um filme de vampiro, pois, reza a lenda, seu pai havia sido um. Mesmo sem obter autorização do espólio de Bram Stoker, que falecera em 1912, Grau encarregou Henrik Galeen, que havia escrito o roteiro de “O Golem”, de 1920, de escrever um roteiro com base em “Drácula”. Para tentar evitar uma ação judicial, o Conde Drácula se tornou o Conde Orlok e até mesmo a palavra “vampiro” foi substituída pela que dá nome ao filme, “nosferatu”, palavra de etimologia romena que pode significar “o repugnante” ou “o sujo” ou, até mesmo, “o demônio”.
Além disso, diversos personagens da obra original são eliminados e a ação, apesar de começar na Transilvânia, não migra para a Inglaterra e sim para a Alemanha, na cidade fictícia de Wisborg. “No entanto, ‘Nosferatu’ é, sem tirar nem por, uma adaptação de ‘Drácula’. Está tudo lá e, arrisco dizer, de maneira mais fiel à obra de Bram Stoker do que em qualquer outro filme. Nada do vampiro charmoso que o mundo aprendeu a “gostar” e sim um monstro horroroso, assustador, que representa, na obra de Murnau, a própria Peste Negra, praga de peste bubônica trazida pelos ratos, que assolou a Europa do século XIV, matando um terço da população. O lado romântico do vampiro que o Conde Orlok representa não existe em ‘Nosferatu’. Há, apenas, medo”, observou. Ao final da sessão muitos aplausos. Aristides confirmou que vai continuar apresentando no Cineclube Goitacá filmes da década de 1920.

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