Garotinho e seu poder centralizador que o faz ser amado por alguns
21/09/2017 00:46 - Atualizado em 25/09/2017 16:19
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Centralizador
No auge da carreira política, o ex-governador Anthony Garotinho chegou a concorrer à presidência da República, em 2002, quando acabou na terceira colocação, com 15.180.097, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acabaria vencendo o pleito contra José Serra (PSDB) no segundo turno. Garotinho conquistou admiradores fervorosos com seu estilo populista, assistencialista e sua oratória fácil. Um desses fãs é o advogado e ex-procurador da Câmara de Campos na gestão Edson Batista (PTB), Luiz Felippe Klem de Mattos, apontado pela Polícia Federal como intermediador de uma proposta de suborno ao juiz Glaucenir de Oliveira.
Amor
Glaucenir foi quem mandou prender preventivamente o ex-governador em novembro do ano passado, no âmbito da operação Chequinho, na ação que ficou conhecida nacionalmente pela imagem de Garotinho esperneando em cima de uma maca e resistindo à ordem judicial de transferência ao hospital do presídio de Bangu, no Rio. Klem foi apontado pelo delegado Paulo Cassiano como “umbilicalmente” ligado ao ex-secretário de Governo de Campos. Em uma interceptação telefônica feita com autorização judicial, Garotinho diz que não existe meio termo com ele: “Ou me ama ou me odeia”. Então o advogado afirma: “eu amo”.
O preço
Após a denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral, a Justiça impôs a Klem medidas cautelares, como comparecimento em juízo mensalmente, proibição de manter contato com as testemunhas, proibição de acesso à Câmara Municipal e as dependências da Prefeitura, além de recolhimento domiciliar aos finais de semana, mas ele ainda não foi localizado. Se não se apresentar hoje ao juízo, poderá ser preso.
Ultrapassado?
Garotinho gosta de ter o poder nas mãos e não abre mão disso. Seja das pessoas a sua volta ou da cidade inteira. Natural de quem pratica uma política centralizadora e apontada como antiquada que o levou a ser condenado a 9 anos, 11 meses e 10 dias como “comandante de esquema criminoso” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição e causou um colapso financeiro nos cofres da Prefeitura depois de, entre outras coisas, comprometer irresponsavelmente o orçamento do município com a “venda do futuro”. Um empréstimo de R$ 1 bilhão com a Caixa que foi utilizado para “custear todo o esquema criminoso”, segundo o juiz Ralph Manhães na sentença que mandou Garotinho para prisão domiciliar.
Para lembrar
Felippe Klem, por seu histórico, tem tamanha confiança de Anthony Garotinho, tanto que ele foi nomeado pela então prefeita Rosinha Garotinho, no apagar das luzes da última gestão, mesmo sendo procurador da Câmara, para ser o responsável pela polêmica intervenção na Pátio Norte, que presta os serviços de remoção de veículos em Campos. Aliás, a subordinação do Legislativo campista a Garotinho até o final de 2016 ficou evidente em outras interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial em outubro do ano passado, onde Edson Batista aparece recebendo ordens do então secretário de Governo e o chama de “comandante”.
Ligações
No dia 27 de outubro, Edson se negou a assumir a Prefeitura de Campos após a cassação da prefeita Rosinha Garotinho (PR) por causa de uso irregular do site oficial do Executivo durante a campanha eleitoral de 2012. Após pedir orientação do líder do grupo político, o então presidente da Câmara convocou uma coletiva de imprensa e não tomou posse, contrariando a decisão do Tribunal Regional Eleitoral, que chegou a condenação dele por desobediência. Na conversa, Anthony Garotinho manda Batista divulgar uma nota de apoio a Rosinha no site e na TV Câmara, além de uma rádio e um jornal.
Manobras
Além de dar apoio jurídico à manobra de Edson Batista para não assumir no lugar de Rosinha, mesmo com decisão judicial, Felippe Klem também deu embasamento a outras manobras contestáveis envolvendo os aprovados no concurso público da Câmara em 2012. Atual procurador-geral do município e adversário político do grupo garotista, José Paes Neto foi o primeiro colocado. Desde então, o que seria a conquista de um sonho para os concursados se tornou um pesadelo. Edson “empurrou com a barriga” a convocação aconteceu apenas neste ano, depois de cinco anos de batalhas jurídicas.

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