TRE unânime: Garotinho preso
19/09/2017 00:12 - Atualizado em 25/09/2017 16:16
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
TRE unânime: Garotinho preso
O juiz da 100ª Zona Eleitoral de Campos, Ralph Manhães, parecia saber o que estava falando quando afirmou à revista Veja na última sexta (15): “Tenho mais de cem depoimentos que mostram como a Prefeitura de Campos (na gestão Rosinha Garotinho) usou o programa Cheque Cidadão para comprar votos”. Ontem, por unanimidade, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) negou habeas corpus ao ex-governador Anthony Garotinho (PR), em prisão domiciliar desde quarta (13), quando foi condenado a nove anos e 11 meses por corrupção eleitoral, associação criminosa, supressão de documentos e coação no curso do processo da Chequinho.
“Justiça de Deus” (e de Brasília)
Logo após a decisão unânime do TRE, Rosinha fez um pequeno comício na noite de ontem, diante à “casinha na Lapa que papai deixou”, transformada em mantra durante a carreira política de Garotinho, e que agora lhe serve de cárcere. Falando para cerca de 100 militantes, a ex-prefeita tentou manter acesa a esperança de uma decisão favorável, numa mistura entre apelo religioso e fé na instância máxima da Justiça Eleitoral: “Mas a justiça de Deus vai vir. Vamos recorrer em Brasília (ao Tribunal Superior Eleitoral, TSE), onde sempre se fez justiça nos casos em que o Garotinho vem perdendo em Campos e no TRE”.
Campos vai quebrar?
Rosinha aproveitou a chance para fazer ataques diretos ao juiz Ralph Manhães, ao promotor eleitoral Leandro Manhães e ao delegado federal Paulo Cassiano, que estiveram à frente da Chequinho. Após fazer críticas também ao governo municipal Rafael Diniz (PPS), a esposa de Garotinho chegou a prever o caos à cidade que deixou com uma dívida de R$ 2,4 bilhões, após governar por oito anos: “Ele (Rafael), sim, vai quebrar a Prefeitura. Porque na hora que a Caixa (Econômica Federal) assumir, porque ele vai perder a liminar que ele ganhou, e a Caixa vai cobrar os juros dos meses que ele não paga”.
Recordar é viver
O que Rosinha não disse é que sua transação com a Caixa, mais conhecida como “venda do futuro”, no apagar das luzes do governo federal Dilma Rousseff (PT), foi feita em troca da ausência da deputada federal Clarissa (PR) na votação do impeachment da ex-presidente. Se não fosse a liminar favorável a Campos no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2), a Caixa poderia cobrar acima dos 10% de royalties do petróleo, estabelecidos pela lei municipal 8273/2015 e pela Resolução Modificativa 002/2015, do Senado. Se vingassem os termos pactuados pelos Garotinho, a cidade não teria dinheiro nem para pagar o servidor.
Esperança
A ex-prefeita também não explicou porque reside em Brasília a esperança maior do seu marido em conseguir sair da prisão domiciliar, onde é monitorado por tornozeleira eletrônica e está impedido de qualquer contato pessoal além da família e advogados. O relator da Chequinho no TSE é o ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto. Ele já atuou na defesa de Rosinha, na segunda de suas duas cassações como prefeita, em 2011. Ainda assim, ele já deu decisões contrárias aos interesses dos condenados na Chequinho, inclusive ao julgar incorreta, na última sexta (15), a reclamação feita no TSE contra a prisão de Garotinho.
Dúvida e certeza
O que existe, por enquanto, é a condenação da 100ª ZE de Campos, referendada por unanimidade na segunda instância. “A sentença expõe minuciosamente os motivos concretos do juízo de periculosidade, pelo qual o paciente (Garotinho), caso permaneça em liberdade, poderá cometer novos crimes”, afirmou ontem a desembargadora Cristina Feijó, relatora do processo no TRE. Rosinha, no entanto, atribuiu a decisão a “um sujeito todo poderoso da toga preta”. E profetizou: “Uma hora a casa dele vai cair”. Na dúvida se a casa já não caiu, fica a certeza: Garotinho continua preso na “casinha da Lapa que papai deixou”.
Uenf em greve
A Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Aduenf) anunciou, ontem, que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai realizar uma audiência pública específica para tratar sobre o orçamento destinado à universidade que está em greve há 47 dias. A Aduenf também informou que realizará uma nova assembleia da categoria na quinta-feira (21), às 15h, no auditório P5.

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