Cabral nega propina, mas admite caixa 2
28/04/2017 09:48 - Atualizado em 30/04/2017 16:28
Sérgio Cabral em depoimento a Moro
Sérgio Cabral em depoimento a Moro/Reprodução
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral admitiu ter recebido caixa 2 para financiar a própria campanha eleitoral. “Não posso negar que houve, em função de eu ter sido um político sempre com desempenho eleitoral muito forte no estado. O financiamento acontecia, e estes fatos são reais”. Ele foi ouvido nessa quinta-feira (27) pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, na condição de réu do processo a que responde no âmbito da operação Lava Jato. Cabral negou ter recebido propina da Andrade Gutierrez no contrato para construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
No início da audiência, os advogados informaram a Moro que Cabral responderia apenas às perguntas formuladas pela defesa. O juiz reconheceu o direito ao silêncio do réu, mas comunicou que faria os questionamentos e deixaria ao próprio ex-governador a decisão de se calar ou responder.
Moro perguntou, então, se Cabral recebeu vantagem indevida da Andrade Gutierrez na contratação para construção da Comperj. “Não é verdade”, respondeu Cabral, que foi imediatamente orientado pelos advogados a se ater ao plano inicial. O réu, então, silenciou durante o restante dos questionamentos do juiz e dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF).
Aos próprios advogados, Sérgio Cabral ressaltou que não recebeu propina da Andrade Gutierrez. Ele também afirmou que mantinha apenas “relações institucionais” com os executivos da empresa. Cabral negou ter comprado mercadorias com propina para dissimular a origem do capital. “Comprei com recursos próprios e sobras de recursos de campanha”, afirmou.
Sérgio Cabral está preso desde a 37ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Calicute, que foi deflagrada em novembro do ano passado. Ele atualmente está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio. O ex-governador fluminense foi transportado para Curitiba em um avião da Polícia Federal na manhã dessa quinta-feira. Mais quatro réus desta ação penal foram ouvidos por Moro — inclusive a esposa de Cabral, Adriana Ancelmo. A ex-primeira-dama disse que seu relacionamento com Cabral “é matrimonial, não econômico-financeiro”. Ela ainda afirmou que jamais desconfiou da origem dos recursos usados para pagar suas contas. (A.N.)

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