O ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior apresentou ao Ministério Público uma tabela em que detalha pagamentos que teriam sido feitos via caixa 2 a 182 políticos. Entre 2008 e 2014, há registro de R$ 246 milhões em repasses ilegais. Dos 10 primeiros do ranking divulgado pela Folha de S. Paulo, seis são do Rio de Janeiro. Entre eles está o “Bolinha”, apelido relacionado ao ex-governador Anthony Garotinho (PR), na lista que é liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Em Campos, a Odebrecht foi responsável pelas obras do Morar Feliz durante a gestão da prefeita Rosinha Garotinho (PR). O contrato de quase R$ 1 bilhão foi assinado por Benedicto, Rosinha e Leandro Andrade Azevedo, também executivo da empreiteira. Benedicto e Leandro firmaram acordo de delação e citaram o casal. Ao que se sabe até o momento, houve menção de doações irregulares entre 2008 e 2014, mas conteúdo total dos depoimentos ainda não foi revelado.

No ranking dos que mais receberam caixa 2 da Odebrecht entre os anos de 2008 e 2012, Cabral lidera com folga: foram R$ 62 milhões. O ex-ministro das Comunicações Gilberto Kassab (PSD) é o segundo, com R$ 21,2 milhões. Depois, mais cinco nomes do Rio, em ordem: o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), com R$ 20,3 milhões; o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (PMDB), com R$ 16,1 milhões; o deputado federal Júlio Lopes (PP), com R$ 15,6 milhões e Garotinho, com R$ 13 milhões.

O senador Lindbergh Farias (PT) fecha a lista “Top 10”, com R$ 5,4 milhões. Antes dele, aparecem o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com R$ 9,6; o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB), com R$ 7,2; e o senador Antonio Anastasia (MG), com R$ 5,47. Outro nome da lista que aparece entre os 15 primeiros é Jorge Picciani (PMDB), presidente da Alerj.

Os citados negam que tenham recebido recursos ilícitos ou não comentam. Em nota enviada pela assessoria, Garotinho diz que “se a petição chegar a virar inquérito, vai provar que o delator está mentindo”.

Planilhas — Em fevereiro do ano passado, planilhas foram apreendidas na casa do Benedicto Júnior durante a 23ª fase da Lava Jato. No mês seguinte, os nomes vazaram para a imprensa e todos os citados nesta matéria já estavam listados. No início de abril, a Folha revelou que o Benedicto das planilhas é o mesmo que assinou o contrato do Morar Feliz em Campos.