Jonas Lopes cobrou R$ 4 milhões de propina à Odebrecht, diz delator
Arnaldo Neto 14/04/2017 11:11 - Atualizado em 15/04/2017 12:57
Divulgação
Jonas Lopes de Carvalho Filho, ex-presidente do TCE / Divulgação
O delator foi delatado. Ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, que em colaboração premiada falou sobre a existência de um esquema de corrupção envolvendo conselheiros e políticos, base para a deflagração da operação o Quinto do Ouro, Jonas Lopes de Carvalho pediu R$ 4 milhões ao executivo da Odebrecht Leandro Andrade Azevedo para liberar o edital para obras no Maracanã. A afirmação é do executivo na “delação do fim do mundo”, em vídeo divulgado nessa quinta-feira. Da região, Leandro, assim como Benedicto Barbosa da Silva Júnior, também falou sobre o casal Garotinho, mas, até o fechamento da edição, não havia sido revelado o teor dos depoimentos.
No caso de Jonas Lopes, segundo o delator, a forma de pagamento foi esquematizada com Jonas Lopes Neto, filho do ex-presidente do TCE. Leandro contou ainda que só a primeira parcela foi paga, em 2014. Depois, com a deflagração de novas fases da Lava Jato, a empreiteira não pagou as outras parcelas.
Ainda de acordo com o delator, Jonas Lopes o chamou, no fim do ano, até sua sala. Leandro diz que o presidente do TCE assinava cartões de Natal na sua mesa. Lá fez a cobrança das demais parcelas:
— Eu fiquei sem graça por que a gente estava no meio da Lava Jato, tinha acabado de acontecer a prisão, se não me engano, do presidente da OAS. Era capa de jornal todo dia. Em cima da mesa tinha O Globo. Eu delicadamente virei para ele e falei: presidente, eu vou ao toalete, o senhor dê uma olhada na capa do Globo e eu volto. Ele ficou super sem graça, virou pra mim e falou: “eu peço mil perdões, eu sei do momento que vocês estão vivendo, mas estou sendo pressionado por outros conselheiros”.
Jonas e o filho estão fora do país, autorizados pela Justiça, desde que delataram o esquema do TCE. A Quinto do Ouro culminou com a prisão de cinco conselheiros do Tribunal, que chegaram a ficar em Bangu, e a condução coercitiva de Jorge Picciani (PMDB) presidente da Alerj.
Jonas Lopes é campista. Chegou ao TCE em 2000, por indicação do então governador Anthony Garotinho (PR) e presidiu a corte entre 2011 e 2016.
Pezão e Cabral — Ex-presidente da Odebrecht, Benedicto Júnior afirmou em delação premiada que a empresa gastou em torno de R$ 120 milhões com o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) entre caixa dois e propinas pagas a Cabral. Em troca, a empresa recebeu contrato de obras. Pezão afirmou que nunca recebeu recursos ilícitos. A defesa de Cabral não havia comentado até o fechamento da edição.
Ex-governadores — O casal Garotinho foi citado por Benedicto e Leandro nas delações. Até o fechamento da edição, o teor continuava desconhecido. A relação da empresa com a Prefeitura de Campos, na gestão Rosinha (PR), é mostrada, em parte, no infográfico abaixo. O casal nega envolvimento em qualquer ilicitude.

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