Sobre Lins: nem sim, nem não
Suzy Monteiro 02/04/2017 11:02 - Atualizado em 03/04/2017 18:09
Nem sim, nem não. Questionado durante o programa “Mariana Godoy entrevista”, exibido na noite de sexta-feira (31) pela Rede TV, se houve o encontro entre ele e o ex-Chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) não negou nem admitiu o encontro: “Não estou proibido de me reunir com Álvaro Lins”, afirmou apenas. A suposta reedição da parceria entre os dois foi levantada na coluna Ponto Final, da Folha da Manhã, na edição do último dia 12 de março. Segundo a coluna, Garotinho teria contratado o escritório de Lins, que é advogado, para montar um dossiê sobre as vidas de autoridades envolvidas na investigação do caso Chequinho. Cinco dias depois, o Ministério Público Estadual pediu e a Justiça deferiu mandado de busca e apreensão das imagens das câmeras de segurança do prédio onde ele mora, no Flamengo, Rio de Janeiro.
Na entrevista à jornalista Mariana Godoy, um internauta enviou pergunta sobre o dossiê e o encontro com Álvaro Lins. Questionado sobre o que existe de verdade, ele respondeu: “Nada”.
Ligação política entre aliados de longa data
A ligação entre Anthony Garotinho e Álvaro Lins é antiga. Em 2001, o advogado foi chefe de Polícia Civil no governo de Garotinho, então governador. Em 2003, voltou ao posto, já com Rosinha como governadora, e permaneceu até se eleger deputado estadual, em 2006.
Em 2008, ele foi preso na Operação Segurança Pública S/A, acusado de integrar uma organização criminosa — junto com o chamado “grupo dos Inhos” — que loteava delegacias e, em troca de propina, oferecia proteção ao bando de Rogério Andrade, que explorava máquinas de caça-níquel.
Após a prisão, foi cassado pela Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Álvaro Lins foi expulso da Polícia Civil em 2009. Em 2010, Lins foi condenado a 28 anos de prisão por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Garotinho foi condenado a dois anos e seis meses de prisão no mesmo processo.
Hoje, Lins atua como advogado e trabalha em um escritório em Copacabana, na Zona Sul. Ele recuperou a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2013.
Em 2014, quando Garotinho disputava o Governo do Estado, vazou um áudio em que Lins pedia votos pelo WhatsApp a policiais para o ex-governador.
— Não estou proibido de me reunir com Álvaro Lins. Ele não fez nenhum dossiê. Não existe isso. Olha como que as coisas são: Foram em um jornal lá em Campos e colocaram uma notinha. “Ouvimos dizer que o ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins tem se encontrado com o seu ex-chefe Anthony Garotinho”, ponto, acabou a nota. Aí, com base nessa nota, o Ministério Público diz: ‘Ouvimos dizer que... pedimos mandado de busca e apreensão. Aí o juiz dá. É que eu não posso falar — disse o ex-governador, acrescentando que é contra a dossiê e que já apresentou Notícia Crime ao Ministério Público Federal (MPF), mas contra o grupo do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
A suposta contratação do escritório de Lins para investigar a vida do juiz Ralph Manhães, o promotor Leandro Manhães e o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano, levou a Polícia do MPE ao apartamento onde mora o ex-governador, no Rio de Janeiro, como mostrou o site do O Globo, em 17 de março. A edição do jornal trazia a nota da Folha sobre o assunto.
Já no dia 21 do mesmo mês, a defesa de Garotinho entrou com Habeas corpus (HC) junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), contra a decisão do juiz Ralph Manhães, que determinou a busca e apreensão. A defesa pedia que as imagens recolhidas no prédio não fossem utilizadas. De acordo com a desembargadora Cristina Feijó, do TRE, não estava demonstrado o “constrangimento ilegal”, apontado pela defesa, nem a “iminente utilização do material ilegalmente apreendido para novas medidas arbitrárias”, disse.
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