Beneficência com problemas
Marcus Pinheiro 21/02/2017 21:44 - Atualizado em 24/02/2017 11:50
Médicos que trabalham na maternidade da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos (SPBC) denunciam o atraso dos salários desde 2015. Com o problema, a unidade estaria sofrendo com evasão de obstetras e pediatras. Funcionários do setor revelaram o temor pelo fechamento da maternidade. Além da crise financeira, o local também estaria com falta de medicamentos básicos e de exames fundamentais para pacientes em trabalho de parto. O resultado estaria sendo a ampliação do número de cesarianas, risco de morte as mães e a sobrecarga na maternidade do Hospital Plantadores de Cana, que, assim como a SPBC, também possui leitos contratualizados para atender através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na manhã dessa terça, a ginecologista obstetra Thayanna Alves Matsuda desabafou em uma rede social sobre as dificuldades na Beneficência. “Estou saindo do plantão da maternidade completamente desanimada (…). Os funcionários estão há meses sem receber. Alguns atrasos de 2015 ainda”, ressaltou a médica.
Thayanna afirmou ainda que, em razão dos atrasos nos salários, diversos especialistas pediram demissão nos últimos meses. Segundo a médica, a saída de obstetras e pediatras do hospital e o não preenchimento das vagas comprometeu o atendimento na maternidade. Ainda segundo a ginecologista obstetra, medicamentos para induzir o trabalho de parto e para evitar a eclâmpsia por pico hipertensivo também estariam em falta. “A maternidade está um caos”, disse.
Fachada da Beneficência Portuguesa de Campos
Em nota, a secretaria municipal de Saúde informou que tem feito o repasse aos hospitais contratualizados normalmente e que, inclusive, o próximo repasse deve ser feito nos próximos dias. Em relação à maternidade, a secretaria afirmou que tem feito todo o esforço para suprir as demandas e salienta que não há falta desse atendimento nos hospitais contratualizados do município. Segundo a direção de Auditoria e Controle e Avaliação da Secretaria de Saúde, os leitos voltados para a maternidade são de obstetrícia, que são considerados como “vaga zero”, isto é, sempre que chega uma gestante ela tem direito a um leito disponível.
A equipe de reportagem tentou contato com a direção da Beneficência Portuguesa e do Hospital Plantadores de Cana, mas não obteve uma resposta até o fechamento desta edição.

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