Sem PMs nas ruas, Espírito Santo registra 87 mortes, diz sindicato
08/02/2017 09:37 - Atualizado em 09/02/2017 14:02
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Os protestos que impedem o policiamento no Espírito Santo chegam ao 5º dia nesta quarta-feira (8), e o estado já registrou 87 mortes violentas, segundo Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) ainda não tem um balanço.
Nesta quarta-feira (8), os ônibus não circulam na Grande Vitória. Escolas e faculdades estão fechadas, postos de saúde e prefeituras não terão atendimento. Alguns bancos e shoppings também não estão funcionando.
Famílias de PMs fazem manifestações bloqueando as portas de batalhões. Elas pedem reajuste salarial para a categoria, que é proibida de fazer greve. Sem todo o efetivo da PM nas ruas, o estado vive uma onda de violência com mortes, saques e assaltos.
O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSDB), criticou nesta quarta-feira (8) o movimento que impede o policiamento no estado. "O método adotado por algumas lideranças é um método que dá vergonha. É o método da chantagem", disse em entrevista à imprensa.
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que, desde que as Forças Armadas passaram a patrulhar as ruas, "as ocorrências despencaram". Nenhum número oficial foi divulgado.
Garcia afirmou que todos os municípios da região metropolitana de Vitória estão atendidos pela Força Nacional. Agora, será reforçado o policiamento em cidades do interior, como Guarapari.
O governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago, disse que há pelo menos 500 policiais militares na rua, apesar da paralisação, e que vai fazer "tudo o que for preciso" para recolocar todo o efetivo na rua.
A reunião entre mulheres de PMs, associações dos militares e deputados estaduais e a senadora Rose de Freitas (PMDB), na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, nesta terça-feira (7), terminou sem acordo. As manifestantes querem um encontro com o governo estadual nesta quarta, mas não há nada marcado.
Esposa de policial, a manifestante Thamires da Silva disse que espera o diálogo com o governo. "Queremos antecipar o diálogo o quanto antes. Nossa pauta pede o reajuste de 43% referentes aos últimos três anos em que isso não aconteceu, além da anistia dos PMs para que eles não sofram retaliações. Só após essas duas exigências serem aceitas, poderemos negociar a saída dos policiais", disse. Entenda as reivindicações dos PMs.
Negociações
O governo argumenta que está "no limite" para dar reajuste salarial, dentro da Lei de Reajuste Fiscal, e que não deixou de dialogar com os servidores e as mulheres dos PMs, mas espera que a lei seja cumprida.
Colnago disse que, diferente de outros estados, "os servidores do Espírito Santo estão recebendo em dia". "Nós não somos um governo populista, que promete as coisas e não tem como cumprir. Não vamos ser irresponsáveis." Segundo ele, o reajuste pedido pelos PMs – reposição da inflação e ganho real de 10% – custaria R$ 500 milhões ao ano para o estado.
Aquartelamento
No final da noite desta terça-feira (7), segundo a Associação de Cabos e Soldados, a crise foi agravada com o aquartelamento voluntário de militares no 2º Batalhão, em Nova Venécia; no 4º Batalhão, em Vila Velha; no Batalhão de Missões Especiais (BME), em Vitória; e na Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam), em Cariacica.
A Sesp foi questionada sobre a informação do aquartelamento dos militares, mas não se posicionou. Nesta terça, a Secretaria chegou a anunciar a volta às ruas de alguns PMs da Rotam; do 4° Batalhão; do 9° Batalhão e do 13° Batalhão. Mas a Associação não confirmou.
Sem ônibus nesta quarta-feira
Sem todo o efetivo da Polícia Militar nas ruas, o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo, Edson Bastos, publicou uma nota informando que os ônibus não vão circular nesta quarta por causa da insegurança. Nenhum coletivo saiu das garagens.
Segundo Bastos, os motoristas circularam em horário especial acreditando que estariam seguros, mas correram riscos nesta terça.
“Tivemos vários fatos desfavoráveis à nossa categoria, como assaltos, armas na cabeça de motorista obrigando o mesmo a invadir uma loja para os meliantes poderem assaltar, tivemos também um motorista indo pro trabalho que foi fechado por bandidos e tendo sua moto roubada sofrendo várias escoriações pelo corpo”, diz o texto.
Forças Armadas - O Espírito Santo já começou a receber militares das Exército e homens da Força Nacional para fazer a segurança das ruas das principais cidades do estado. Por volta das 12h30 dessa terça (7), um comboio das Forças Armadas que saiu do Rio de Janeiro com destino ao estado vizinho passou por Campos. Cerca de 20 veículos seguiram pela BR 101 em direção à capital Vitória.
O pedido de ajuda foi feito pelo governo estadual na última segunda-feira em razão da falta de policiamento. Desde o último sábado, protestos de familiares de policiais militares bloqueiam as saídas dos quartéis em várias cidades do estado, como Guarapari, Piúma, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e na Grande Vitória. Os PMs são impedidos por regimento interno de fazer greve e, por isso, os familiares, a maioria de mulheres, pedem reajuste salarial.
Fonte: G1

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