As articulações para a formação de novas federações partidárias estão ocupando a agenda dos líderes das legendas desde as eleições de outubro de 2024 e devem influenciar diretamente o pleito de 2026. Um dos objetivos é escapar da cláusula de barreira, caso de partidos menores. O outro é reunir a maior bancada da Câmara dos Deputados, como tentam União Brasil, PP e Republicanos. Um obstáculo são as alianças locais, que prevalecem e nem sempre refletem as mesmas que existem no Congresso. Em Campos, por exemplo, partidos que estudam a federação no nível nacional estão em lados opostos.
As federações partidárias funcionam como uma única agremiação. Elas podem apoiar qualquer candidato e devem permanecer no mesmo bloco por pelo menos quatro anos. Uma das negociações envolve a formação de uma nova federação entre União Brasil, PP e Republicanos. Caso se concretize, a União entre esses partidos colocaria do mesmo lado dois partidos que são base do governo Wladimir Garotinho, PP e Republicanos, e outro de oposição ao chefe do Executivo, o União Brasil.
O cenário político de Campos é um exemplo das dificuldades encontradas nesta empreitada: a dificuldade de acomodar diferentes interesses das legendas em cada estado e município. Outro impasse seria escolher quem comandaria a federação em cada local.
Outra possível federação envolve as siglas Solidariedade e Agir, que iniciaram conversas para discutir a possibilidade no último dia 20 de janeiro. Em Campos, são partidos da oposição e da situação. Embora não tenha eleito nenhum vereador, o Agir compôs a coligação "O Trabalho Só Começou", que reelegeu Wladimir Garotinho. Já o Solidariedade conquistou duas cadeiras na Câmara Municipal e fez parte da coligação "Campos Pode Mais", da ex-candidata a prefeita Madeleine Dykeman.
Para Orlando Portugal, presidente do diretório municipal do Republicanos e também do Fundo de Desenvolvimento de Campos dos Goytacazes (Fundecam), a formação da federação pode ser positiva."Política é feita de entendimentos, entre os pontos que cada partido defende. O diálogo é salutar quando os assuntos são republicanos e democráticos. Uma federação entre esses grandes partidos com certeza quem ganha é o cidadão, que terá mais representantes em prol do desenvolvimento humano, social e econômico", disse.
Ele, no entanto, pontua a necessidade de se chegar a um entendimento caso a federação envolvendo o Republicanos se torne realidade."Quanto a um movimento a nível local teremos que ter grande maturidade política, deixando de lado qualquer vaidade. Mas até agora é só especulação", falou Orlando Portugal.
Thiago Virgílio, ex-vereador e presidente municipal do Agir, acredita que a federação com o Solidariedade deve acontecer, mas deseja continuar no comando da legenda em Campos."A gente acredita que deva acontecer, mas está cedo ainda, está conversando. É hora de continuar dialogando. E a gente já passou pro doutor Daniel (Tourinho, presidente nacional) a possibilidade de estar à frente, continuar à frente do partido. Eu estou à frente desde 2011. E a gente continuar à frente, mesmo que aconteça uma federação", afirmou Virgílio.
Virgílio reconheceu que a formação de federações no nível nacional esbarra em peculiaridades locais, mas reiterou que pretende estar à frente, mesmo que ocorra a federação."A gente sabe que, às vezes, um acordo é muito bom nacionalmente pros partidos, mas existem aquelas peculiaridades locais, municipais e até mesmo estaduais. Mas isso a gente sabe que vai ser tratado com muito carinho, com muita calma. E acredito que continuo à frente, mesmo ocorrendo uma fusão ou federação", falou o dirigente partidário.