Luciano D'Ângelo: 'Debate vai trazer novidades'
“O debate nessa eleição vai trazer novidades, não tenha dúvida”, disse o professor e coordenador do PT em Campos, Luciano D’Ângelo, durante sua participação no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, nessa sexta-feira (28). O petista comentou a situação da ex-prefeita de São João da Barra e deputada estadual Carla Machado (PT), que retirou sua pré-candidatura a prefeita de Campos quase uma semana após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar a jurisprudência da tese do Prefeito Itinerante, que impede a candidatura ao Executivo de político que tenha exercido dois mandatos de prefeito consecutivos, independente do município. Essa impossibilidade já havia sendo alertada pela Folha desde 2023. Segundo D’Ângelo, a retirada da pré-candidatura de Carla foi uma grande perda para o partido, no entanto destacou que o ex-reitor do IFF, o professor Jefferson de Azevedo, é o pré-candidato do PT até que se esgotem as conversas com a federação com o Psol e Rede. A convenção para definição da candidatura está marcada para o dia 3 de agosto. Luciano ressaltou, ainda, que o PT está pacificado. Sobre a projeção ao Legislativo, Luciano D’Ângelo disse que o partido formou uma nominata com 21 nomes e que se as eleições fossem hoje, haveria um vereador eleito. O petista também falou sobre a dependência dos royalties que Campos tem e que se a gestão do prefeito Wladimir fosse comparada a municípios com condições de igualdade, ela seria sofrível.
Tese do Prefeito Itinerante — Eu acompanhei muito de perto. Ouvi alguns advogados. E tem uma formulação própria minha, que não sou jurista, então pode ser um arrobo, mas eu julgo que a jurisprudência, literalmente, ela impede a Carla de ser candidata. Mas no conceito, para que ela veio, se você olhar o que motivou a construção dessa jurisprudência, você vai ver que ela não alcança a Carla. E eu contava que alguns juízes tivessem esse tipo de comportamento. Essa jurisprudência veio com centenas de pequenos municípios no Brasil inteiro, que seis meses antes da eleição, se afastavam do carro e concorriam ao município vizinho. E já isso era um planejamento que eles faziam antes. Isso alterava significativamente o resultado do pleito no município vizinho e também no seu município. A Carla não aconteceu nada disso. A Carla não se organizou para ser candidata em Campos. Quer dizer, esta é a essência da jurisprudência. Eu esperava que os juízes, com algum bom senso, levassem em consideração o fato que levou à criação da jurisprudência. Isso não aconteceu. Com exceção de um dos ministros que levantou essa possibilidade, mas entendeu que o tempo era curto, e aí ele tinha razão, para fazer esse processo e alterar a jurisprudência em cima da eleição. Essa é a minha visão do problema. Alguns advogados que eu conversei disseram que tem pegada, tem sentido, mas é difícil. Então, aconteceu o é difícil.
Aliança com Carla Machado — A Carla Machado é uma pessoa que eu converso há anos. A Carla foi minha aluna, depois ela foi prefeita em São João da Barra muito tempo. Eu sempre tive uma relação de aproximação política com ela, muito generosa. Ela sempre foi muito parceira minha nas lutas. E nesse breve período, eu conversei algumas vezes com ela. E eu espero que a força do Lula nas convicções da Carla tragam para o PT um avanço. Desejo isso. Tenho que falar isso até pessoalmente para ela, mas quero publicamente registrar isso. E que isso reverta em uma situação favorável à disputa que o Jefferson vai fazer.
Surpresa nas eleições — O debate nessa eleição vai trazer novidades, não tenha dúvida. A arguição dessa vantagem enorme que o Wladimir tem, ela vai sofrer impactos. Ele vai ter que explicar uma série de razões pelas quais essa cidade não ganhou. Você pegar indicador de pobreza aqui é uma vergonha. Então essa, para mim, vai ser a nova eleição. Não é a eleição que não tinha candidato, tinha a Carla, que nem botou a campanha dela na rua, já saía com quase 20% dos votos. O Arnaldo migra, quer dizer, tiraram lá da histórica divergência do Arnaldo, viu o Caio com os Garotinhos. Tenho minhas dúvidas se essa migração vai render os frutos desejados. Acho que não vai. Porque não basta você ter resolvido o problema da cabeça do Arnaldo e do Caio para uma base que passou anos sendo adversário daquilo que se tornou uma novidade. Eu tô muito animado com essa campanha. Ela vai ser diferente desse mar de rosas que está posto aí.
Situação de Carla ajudou ou atrapalhou? — Eu não sei. Eu acho que nós temos muito tempo. O Jefferson se manteve candidato o tempo todo. Eu tenho minhas dúvidas se ajudou ou atrapalhou. Mas que trouxe uma grande polêmica, trouxe. A cidade inteira acompanhou esse fato. Então, eu diria que para o PT, como um todo, estar pautado na discussão política não foi de todo ruim. E eu acho que o PT está pacificado, não houve nenhuma grande confusão. O PT está acostumado a conviver com mais de uma ou duas, três candidaturas para o mesmo pleito. Isso faz parte da vida nossa, do PT. Então, não é a primeira, nem será a última vez que nós teremos três ou quatro pré-candidaturas e vamos acabar com uma só com unidade. Eu quero dizer que a Carla fez muito bem o partido, ela traz um comportamento novo, público novo. E eu espero que, caminhando com o Jefferson, e com a Carla também, porque ela é deputada estadual, tem prestígio, tem muito voto na cidade, que eu acho que era mais um atenuante para ela não estar incursa nessa questão, que é a questão da vontade do eleitor. As pesquisas mostram que Carla não era uma viajante nessa viagem eleitoral. Ela tinha consistência na cidade. 20% da população de Campos queria ela como candidata. Há de convir que a jurisprudência inibiu essa questão. E eu acho que a vontade popular é muito forte, talvez mais forte que a própria jurisprudência. Ela constrói a jurisprudência. O negativo e o positivo. E essa jurisprudência veio para coibir o negativo, mas pune o positivo excepcionalmente. E eu tenho minhas dúvidas se essa jurisprudência é até uma coisa boa, saudável. Eu acho que a vontade do eleitor está acima de muita coisa. Embora prevenir alguns exageros, seja o que aconteceu.
Pré-candidatura de Jefferson — O Jefferson é o nosso pré-candidato, até esgotarmos essa conversa com a federação, porque nós hoje somos uma federação. Nós ainda vamos levar o nome do Jefferson para conversa com a federação. Isso, às vezes, é meio cansativo, essas etapas todas, mas democratiza a solução. E em um momento que eu conversei com os companheiros da federação, dos outros partidos, eles indicaram algum outro nome, de modo que eu acho que vai ser muito pacífico também receber o Jefferson como candidato. E a posteriori, tem alguns partidos que a gente anda conversando, como a federação ligada ao Psol, tem o Psol e a Rede, e estamos discutindo a possibilidade de ter conversas.
Definição de vice — Nós não discutimos a questão do vice. Está em aberto.
Aliança com Carla Machado — A Carla Machado é uma pessoa que eu converso há anos. A Carla foi minha aluna, depois ela foi prefeita em São João da Barra muito tempo. Eu sempre tive uma relação de aproximação política com ela, muito generosa. Ela sempre foi muito parceira minha nas lutas. E nesse breve período, eu conversei algumas vezes com ela. E eu espero que a força do Lula nas convicções da Carla tragam para o PT um avanço. Desejo isso. Tenho que falar isso até pessoalmente para ela, mas quero publicamente registrar isso. E que isso reverta em uma situação favorável à disputa que o Jefferson vai fazer.
Surpresa nas eleições — O debate nessa eleição vai trazer novidades, não tenha dúvida. A arguição dessa vantagem enorme que o Wladimir tem, ela vai sofrer impactos. Ele vai ter que explicar uma série de razões pelas quais essa cidade não ganhou. Você pegar indicador de pobreza aqui é uma vergonha. Então essa, para mim, vai ser a nova eleição. Não é a eleição que não tinha candidato, tinha a Carla, que nem botou a campanha dela na rua, já saía com quase 20% dos votos. O Arnaldo migra, quer dizer, tiraram lá da histórica divergência do Arnaldo, viu o Caio com os Garotinhos. Tenho minhas dúvidas se essa migração vai render os frutos desejados. Acho que não vai. Porque não basta você ter resolvido o problema da cabeça do Arnaldo e do Caio para uma base que passou anos sendo adversário daquilo que se tornou uma novidade. Eu tô muito animado com essa campanha. Ela vai ser diferente desse mar de rosas que está posto aí.
Situação de Carla ajudou ou atrapalhou? — Eu não sei. Eu acho que nós temos muito tempo. O Jefferson se manteve candidato o tempo todo. Eu tenho minhas dúvidas se ajudou ou atrapalhou. Mas que trouxe uma grande polêmica, trouxe. A cidade inteira acompanhou esse fato. Então, eu diria que para o PT, como um todo, estar pautado na discussão política não foi de todo ruim. E eu acho que o PT está pacificado, não houve nenhuma grande confusão. O PT está acostumado a conviver com mais de uma ou duas, três candidaturas para o mesmo pleito. Isso faz parte da vida nossa, do PT. Então, não é a primeira, nem será a última vez que nós teremos três ou quatro pré-candidaturas e vamos acabar com uma só com unidade. Eu quero dizer que a Carla fez muito bem o partido, ela traz um comportamento novo, público novo. E eu espero que, caminhando com o Jefferson, e com a Carla também, porque ela é deputada estadual, tem prestígio, tem muito voto na cidade, que eu acho que era mais um atenuante para ela não estar incursa nessa questão, que é a questão da vontade do eleitor. As pesquisas mostram que Carla não era uma viajante nessa viagem eleitoral. Ela tinha consistência na cidade. 20% da população de Campos queria ela como candidata. Há de convir que a jurisprudência inibiu essa questão. E eu acho que a vontade popular é muito forte, talvez mais forte que a própria jurisprudência. Ela constrói a jurisprudência. O negativo e o positivo. E essa jurisprudência veio para coibir o negativo, mas pune o positivo excepcionalmente. E eu tenho minhas dúvidas se essa jurisprudência é até uma coisa boa, saudável. Eu acho que a vontade do eleitor está acima de muita coisa. Embora prevenir alguns exageros, seja o que aconteceu.
Pré-candidatura de Jefferson — O Jefferson é o nosso pré-candidato, até esgotarmos essa conversa com a federação, porque nós hoje somos uma federação. Nós ainda vamos levar o nome do Jefferson para conversa com a federação. Isso, às vezes, é meio cansativo, essas etapas todas, mas democratiza a solução. E em um momento que eu conversei com os companheiros da federação, dos outros partidos, eles indicaram algum outro nome, de modo que eu acho que vai ser muito pacífico também receber o Jefferson como candidato. E a posteriori, tem alguns partidos que a gente anda conversando, como a federação ligada ao Psol, tem o Psol e a Rede, e estamos discutindo a possibilidade de ter conversas.
Definição de vice — Nós não discutimos a questão do vice. Está em aberto.
Reflexos da saída de Carla do páreo — A perda da Carla como candidata, do ponto de vista eleitoral, foi grande para o partido. Seja para a eleição dela, seja para a composição da nominata. Essa é uma observação nos dias de hoje. Eu não sei como a sociedade vai reagir à candidatura do Jefferson, porque ela não foi posta na rua com intensidade. Eu acho que vai ser muito boa a reação, porque o Jefferson é um grande quadro. Ele foi um excelente reitor, é um bom comunicador, um bom orador, sabe de política, ele acompanha a política muito de perto, e mostra que ele pode surpreender em muito. Eu acompanhei muito de perto essa discussão e reconheci que ela seria uma grande candidata nossa, mas nós temos quadros valorosos e o Jefferson é um deles.
Carla vai abraçar Jefferson? — Surgiu uma fofoca aí uns seis ou oito meses atrás, que ela (Carla) ia mudar de partido, mas ela foi peremptória em falar que vai continuar no PT. E eu tenho absoluta convicção que a Carla vai abraçar a candidatura do PT. Tanto ela quanto o Jefferson, num período que não tinha essa definição, ambos disseram que eles seriam solidários com quem fosse indicado.
Migração de votos — Eu acho que não passa 20% para a Jefferson, evidentemente. Mas eu acredito que uma boa parte daquelas pessoas que votaram na pesquisa na Carla, votarão no Jefferson.
Chapa “puro sangue” — Eu tenho minhas dúvidas, porque as duas federações que nós vamos entabular a discussão, em uma delas tem assim um nome projetado que resolvesse o problema. O grande nome que eles têm, que é no Psol, é pré-candidata a vereadora e não abre mão dessa candidatura, que é a Natália. Tivemos conversas, oito, dez meses atrás, com a Natália. Eu mesmo tive conversa pessoalmente com ela. E ela tem muito carinho pelo Psol, ela construiu o Psol, ela não admite a possibilidade de fazer qualquer migração. O que é muito louvável da parte dela. Mas a gente deseja essa aproximação. Lá em São Paulo a gente tem essa linha direta, o Lula está lá com o Boulos, conversando diretamente, não seria nenhuma novidade para a gente.
Análise de gestões — Eu diria que analisar hoje essa eleição, aos dados de hoje, eu diria que essa análise vai sofrer deformações. Porque o Wladimir vai para o segundo mandato dele, está disputando esse segundo mandato, com muito dinheiro. De um modo geral, a imprensa, as pesquisas, analisam e fazem uma comparação com quem veio antes. Eu acho extremamente injusto fazer comparação com o sofrimento do Rafael Diniz. O Rafael Diniz recebeu um município endividado, com enorme dívida, inexperiente em gestão, e não construiu uma boa solução para o município. Aí as pessoas tendem a fazer essa coisa. E eu digo não é agora, não. Toda vez que a Rosinha perdeu a eleição aqui, o Garotinho perdeu a eleição, era porque eles tinham um segundo mandato deficiente. Então, a comparação com quem veio antes, isso é muito importante. E aí, diria hoje que o Wladimir tem essa vantagem, ele tem um governo com muito recurso, do município e do Governo do Estado. A campanha para governador, do atual governador, com a venda da Cedae, despejou dinheiro aqui, ele enfeitou a cidade com esse dinheiro. Isso repercute na posição atual dele, de boa vontade do povo com ele, de reconhecimento, de boa gestão. Mas isso é fortuito. Eu quero dizer que o correto seria comparar município de Campos com município em condições de igualdade com Campos. Aí eu quero falar de Niterói, que também tem muito royalty. Quero falar de Maricá, que também tem muito royalty. Quero falar de São João da Barra, que tem muito royalties. Se você comparar a gestão de Wladimir com esses três municípios, ela é sofrível. Ela não tem nada novo.
Dependência dos royalties — Você tem 20 anos de royalties aqui nesse município. Se você perguntar o que essa cidade tem, se eu for para um seminário, um encontro, falar da minha cidade, o que eu vou dizer? O que de significativo? Nenhum fundo, nenhum fundo com dinheiro do royalties foi criado. Gastou-se muito dinheiro dos royalties. O Fundecam, se você pegar os dados, tem pesquisa feita com o gasto do Fundecam, é uma vergonha. Mais de 90% dos empréstimos feitos não foram pagos. E já eram empréstimos políticos, eram empréstimos para não pagar mesmo.
Pesquisa — Se você observar, nunca ouvi ninguém fazer essa observação. É a única pesquisa que põe dois candidatos do mesmo partido na pesquisa. E põe um candidato muito identificado com o processo eleitoral, junto com um candidato que nunca teve identificação. Então você deforma o resultado do candidato que não teve nenhuma projeção. Então, muito petista votou em Carla. É óbvio isso. Se fosse para o interior do partido e conversasse, muitos petistas queriam a Carla como candidata. E é com justa razão. Ela é deputada estadual, com voto e com um real significado. De modo que isso deforma um pouco os números dados por Jefferson. Se fizer uma pesquisa hoje, com a saída da Carla, não pode ser hoje, tem que dar um tempinho para a população compreender isso, você vai ver que vai ser muito diferente.
Representação no Legislativo — O PT ficou duas gestões sem ter um vereador na Câmara. E eu, com um pouco mais de experiência que a maioria dos companheiros, identifico o partido de oposição, que não tem um vereador na Câmara, está fadado ao fracasso. Porque basta um bom vereador para você ajudar a tomar conta da cidade, que é uma das prerrogativas do vereador. E nós tivemos essa experiência, nós acumulamos essa experiência. Com bons vereadores, você impede uma série de atos não republicanos. A expressão indignado é muito forte, mas fiquei muito constrangido de ir para uma terceira eleição se a gente não tomasse conta desse problema. E aí eu conversei isso com a Odisseia, ela muito generosamente disse: ‘Luciano, não fica só criticando, vem ajudar”. Eu fiquei meio mordido com o fato, e aí fiz alguns pedidos de montar um grupo escolhido entre as tendências do partido, para que não tivesse muito cotovelada nas decisões, e nós montamos um belo grupo de sete pessoas.
Nominata — Montamos hoje uma nominata com 21 nomes petistas e cinco nomes da federação, do PCdoB e PV. Essa nominata está pronta. E ela é muito estrategicamente montada. Nós procuramos construir uma nominata que eu chamo de nominata de pobres. Então nós temos hoje 21 nomes, temos até mais um pouquinho, acho que uns 23, eu tenho uns dois que ainda estão pensando, mas temos nomes que hoje, se a eleição fosse hoje, nós já temos um vereador eleito, eu não tenho essa dúvida. E temos sobra. Agora, isso depende muito de um andar da carruagem da eleição do prefeito, dos recursos, da energia desses pré-candidatos. Nós fizemos uma avaliação por baixo. Eu posso ter que vir aqui e passar o dissabor e dizer que não elegemos ninguém. Mas é um fato que vai acontecer se todos fracassarem. Então, nós estamos entendendo que isso vai trazer vida à cidade.
Apoio de Lula em Campos — Eu acredito que o Lula vai ajudar a nossa campanha aqui em Campos, que é uma cidade importante. Embora ele ande dizendo que uma das decisões principais do Partido Nacional nessa eleição é a eleição para vereadores. Ele está muito empenhado nessa eleição e foi uma coisa que o PT nunca cuidou com o mesmo carinho que cuidava as eleições para o Executivo.
Carla vai abraçar Jefferson? — Surgiu uma fofoca aí uns seis ou oito meses atrás, que ela (Carla) ia mudar de partido, mas ela foi peremptória em falar que vai continuar no PT. E eu tenho absoluta convicção que a Carla vai abraçar a candidatura do PT. Tanto ela quanto o Jefferson, num período que não tinha essa definição, ambos disseram que eles seriam solidários com quem fosse indicado.
Migração de votos — Eu acho que não passa 20% para a Jefferson, evidentemente. Mas eu acredito que uma boa parte daquelas pessoas que votaram na pesquisa na Carla, votarão no Jefferson.
Chapa “puro sangue” — Eu tenho minhas dúvidas, porque as duas federações que nós vamos entabular a discussão, em uma delas tem assim um nome projetado que resolvesse o problema. O grande nome que eles têm, que é no Psol, é pré-candidata a vereadora e não abre mão dessa candidatura, que é a Natália. Tivemos conversas, oito, dez meses atrás, com a Natália. Eu mesmo tive conversa pessoalmente com ela. E ela tem muito carinho pelo Psol, ela construiu o Psol, ela não admite a possibilidade de fazer qualquer migração. O que é muito louvável da parte dela. Mas a gente deseja essa aproximação. Lá em São Paulo a gente tem essa linha direta, o Lula está lá com o Boulos, conversando diretamente, não seria nenhuma novidade para a gente.
Análise de gestões — Eu diria que analisar hoje essa eleição, aos dados de hoje, eu diria que essa análise vai sofrer deformações. Porque o Wladimir vai para o segundo mandato dele, está disputando esse segundo mandato, com muito dinheiro. De um modo geral, a imprensa, as pesquisas, analisam e fazem uma comparação com quem veio antes. Eu acho extremamente injusto fazer comparação com o sofrimento do Rafael Diniz. O Rafael Diniz recebeu um município endividado, com enorme dívida, inexperiente em gestão, e não construiu uma boa solução para o município. Aí as pessoas tendem a fazer essa coisa. E eu digo não é agora, não. Toda vez que a Rosinha perdeu a eleição aqui, o Garotinho perdeu a eleição, era porque eles tinham um segundo mandato deficiente. Então, a comparação com quem veio antes, isso é muito importante. E aí, diria hoje que o Wladimir tem essa vantagem, ele tem um governo com muito recurso, do município e do Governo do Estado. A campanha para governador, do atual governador, com a venda da Cedae, despejou dinheiro aqui, ele enfeitou a cidade com esse dinheiro. Isso repercute na posição atual dele, de boa vontade do povo com ele, de reconhecimento, de boa gestão. Mas isso é fortuito. Eu quero dizer que o correto seria comparar município de Campos com município em condições de igualdade com Campos. Aí eu quero falar de Niterói, que também tem muito royalty. Quero falar de Maricá, que também tem muito royalty. Quero falar de São João da Barra, que tem muito royalties. Se você comparar a gestão de Wladimir com esses três municípios, ela é sofrível. Ela não tem nada novo.
Dependência dos royalties — Você tem 20 anos de royalties aqui nesse município. Se você perguntar o que essa cidade tem, se eu for para um seminário, um encontro, falar da minha cidade, o que eu vou dizer? O que de significativo? Nenhum fundo, nenhum fundo com dinheiro do royalties foi criado. Gastou-se muito dinheiro dos royalties. O Fundecam, se você pegar os dados, tem pesquisa feita com o gasto do Fundecam, é uma vergonha. Mais de 90% dos empréstimos feitos não foram pagos. E já eram empréstimos políticos, eram empréstimos para não pagar mesmo.
Pesquisa — Se você observar, nunca ouvi ninguém fazer essa observação. É a única pesquisa que põe dois candidatos do mesmo partido na pesquisa. E põe um candidato muito identificado com o processo eleitoral, junto com um candidato que nunca teve identificação. Então você deforma o resultado do candidato que não teve nenhuma projeção. Então, muito petista votou em Carla. É óbvio isso. Se fosse para o interior do partido e conversasse, muitos petistas queriam a Carla como candidata. E é com justa razão. Ela é deputada estadual, com voto e com um real significado. De modo que isso deforma um pouco os números dados por Jefferson. Se fizer uma pesquisa hoje, com a saída da Carla, não pode ser hoje, tem que dar um tempinho para a população compreender isso, você vai ver que vai ser muito diferente.
Representação no Legislativo — O PT ficou duas gestões sem ter um vereador na Câmara. E eu, com um pouco mais de experiência que a maioria dos companheiros, identifico o partido de oposição, que não tem um vereador na Câmara, está fadado ao fracasso. Porque basta um bom vereador para você ajudar a tomar conta da cidade, que é uma das prerrogativas do vereador. E nós tivemos essa experiência, nós acumulamos essa experiência. Com bons vereadores, você impede uma série de atos não republicanos. A expressão indignado é muito forte, mas fiquei muito constrangido de ir para uma terceira eleição se a gente não tomasse conta desse problema. E aí eu conversei isso com a Odisseia, ela muito generosamente disse: ‘Luciano, não fica só criticando, vem ajudar”. Eu fiquei meio mordido com o fato, e aí fiz alguns pedidos de montar um grupo escolhido entre as tendências do partido, para que não tivesse muito cotovelada nas decisões, e nós montamos um belo grupo de sete pessoas.
Nominata — Montamos hoje uma nominata com 21 nomes petistas e cinco nomes da federação, do PCdoB e PV. Essa nominata está pronta. E ela é muito estrategicamente montada. Nós procuramos construir uma nominata que eu chamo de nominata de pobres. Então nós temos hoje 21 nomes, temos até mais um pouquinho, acho que uns 23, eu tenho uns dois que ainda estão pensando, mas temos nomes que hoje, se a eleição fosse hoje, nós já temos um vereador eleito, eu não tenho essa dúvida. E temos sobra. Agora, isso depende muito de um andar da carruagem da eleição do prefeito, dos recursos, da energia desses pré-candidatos. Nós fizemos uma avaliação por baixo. Eu posso ter que vir aqui e passar o dissabor e dizer que não elegemos ninguém. Mas é um fato que vai acontecer se todos fracassarem. Então, nós estamos entendendo que isso vai trazer vida à cidade.
Apoio de Lula em Campos — Eu acredito que o Lula vai ajudar a nossa campanha aqui em Campos, que é uma cidade importante. Embora ele ande dizendo que uma das decisões principais do Partido Nacional nessa eleição é a eleição para vereadores. Ele está muito empenhado nessa eleição e foi uma coisa que o PT nunca cuidou com o mesmo carinho que cuidava as eleições para o Executivo.