Deam Campos já registrou quase mil casos de violência contra mulher este ano
Catarine Barreto - Atualizado em 20/04/2024 08:22
  • Homem preso ao entrar na Deam para intimidar ex

    Homem preso ao entrar na Deam para intimidar ex

 
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Campos vem trabalhando firme no combate à violência contra mulher na cidade. Neste ano, a unidade já registrou quase mil ocorrências. Com nova delegada titular, Juliana Oliveira, a Deam já realizou, em abril, entre mandados e autos de prisões em flagrantes, por policiais da Deam, dez prisões de homens agressores. Dentro das políticas públicas, o município de Campos passa a contar com um protocolo da “Mulher Segura”. Sua aplicação será dentro de bares e casas noturnas.
— Mas, o número é muito maior, porque a gente conta com a parceria da Polícia Militar, que traz muitas situações flagrânciais de violência doméstica e é lavrado na Deam. O ano de 2023 fechou com mais de 2.500 registros, salvo engano, foi um número muito superior a 2022, que não chegaram a 2.000. Esse ano, a gente já está em quase mil registros, e só estamos no meado de abril — disse a delegada.
Somente no primeiro trimestre de 2024, foram registrados mais de 400 pedidos de medida protetiva feitos pela Deam. “Já tivemos muitos pedidos de prisão também, por descumprimentos de medida protetiva e outros, os mais variados crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher”, acrescentou Juliana.
Os casos chegam à Deam quase diariamente. Na madrugada desta sexta-feira (19), uma mulher relatou na Deam que foi vítima de injúria e agredida com socos pelo ex-marido em frente a um bar na Pelinca. O casal estaria separado há seis meses. O homem foi preso em casa, no Parque Imperial.
Já um outro homem, de 40 anos, foi preso na própria Deam, em flagrante, na quinta-feira (18). A prisão decorreu de tentativa de intimidar a ex-companheira, de 24 anos, que estava dentro da unidade policial.
Segundo a Polícia Civil, a mulher chegou à delegacia e informou que o ex-companheiro, ao descobrir que a jovem estava em um novo relacionamento, passou a ameaçá-la e injuriá-la por ligação. Ela estaria separada há dois anos e teria relatado nas redes sociais que o ex não pagava a pensão do filho do ex-casal, o que fez com que ele invadisse a casa dela exigindo que retirasse a postagem e a segurando pelo pescoço.
A vítima disse ao agressor que o denunciaria e foi até a Deam. Enquanto aguardava o atendimento, a mulher viu o ex-companheiro rondando o local e entrado na delegacia em seguida.
A delegada titular da Deam, Juliana Buchas, destaca que aumentou o número de mulheres encorajadas, através de empoderamento, para denunciar seus agressores.
—Prendemos obviamente para punir, para fazer a nossa parte da persecução penal, mas também como efeito pedagógico, tanto para os demais agressores, como para aquela vítima, para ela sentir a segurança de vir fazer o registro. É importante que as vítimas vejam outros agressores sendo presos para que elas acreditem que algo vai ser feito — destacou doutora Juliana lembrando que mulheres que têm medo de procurar a delegacia por questões da dependência financeira, dependência emocional e os mais variados motivos que levam a vergonha, porém, esse padrão está sendo quebrado. (C.B.)
Protocolo “Mulher Segura” para bares e casas noturnas em Campos
O município de Campos passa a ter o protocolo “Mulher Segura”. A Lei 9.484 de 9 de abril de 2024 foi sancionada pelo prefeito Wladimir Garotinho. Ela estabelece que bares, restaurantes, casas noturnas, de eventos e outras similares no município adotem medidas de auxílio à mulher que se sinta em situação de risco.
A Lei também cria o Selo e Prêmio “Estabelecimento Amigo da Mulher Segura”. A sanção foi publicada no Diário Oficial do Município desta sexta-feira (19).
Entre outros objetivos, o protocolo “Mulher Segura” visa prevenir a violência nos estabelecimentos, mediante ações educativas e de comunicação; capacitar os funcionários dos estabelecimentos para que possam identificar e evitar situações potencialmente perigosas à mulher; e promover o acolhimento e atenção prioritária à mulher em situação de risco ou vítima de violência nos estabelecimentos.
A subsecretária municipal de Políticas para Mulheres, Layla Pinto Tavares, explicou que os estabelecimentos passarão por treinamento de como atuar em situações de risco. A previsão é que o treinamento seja feito mês que vem.
“Os estabelecimentos serão treinados por nossa equipe da Subsecretaria. Serão disponibilizados cartazes nos espaços públicos do local e nas portas dos banheiros. Nesses cartazes terão o QR Code pelo qual a vítima poderá acionar o pedido de ajuda, que vai ser direcionado para um funcionário do local. Este por sua vez, já treinado, vai ao encontro da vítima, levando-a para um lugar reservado, ligando para solicitar os serviços devidos”, disse.

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