Sem hospitais psiquiátricos em Campos, famílias buscam Prefeitura
Catarine Barreto 18/11/2023 09:39 - Atualizado em 18/11/2023 09:48
  • Hospital Henrique Roxo

    Hospital Henrique Roxo

  • Hospital Doutor João Viana

    Hospital Doutor João Viana

 
Após o fechamento dos hospitais psiquiátricos de Campos — o Henrique Roxo em 2017, e João Viana, em 2022 —, familiares de pacientes precisam procurar equipamentos públicos para atendimento. A família de Emanoel Silva, morador do Parque Nova Brasília, por exemplo, teve que buscar auxílio na rede municipal, pois o jovem, diagnosticado com esquizofrenia, começou a ter crises este ano, três dias antes de completar 21 anos.
— Ele começou a andar pelado na rua, parar as pessoas para dar a mão e quebrar as coisas dentro de casa. Meu tio chegou a sair de casa depois de ser ameaçado durante um desse surtos — relataMarianna Luiza Correia, prima do jovem.
Em uma dessas crises, um tio de Emanoel acionou uma ambulância para levá-lo à Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Saldanha Marinho, onde foi medicado e liberado.
— Alguns remédios pegamos na farmácia, outros compramos, mas ele evita tomar. Temos que misturar na comida para ele ser medicado, mas é uma situação complicada. Precisamos interná-lo, porque os surtos ainda acontecem — afirma a prima do jovem.
A ida à UPH Saldanha Marinho não foi o primeiro atendimento a Emanoel por conta de crises. Marianna diz ter perdido as contas de quantas vezes precisou chamar uma ambulância da Prefeitura para buscar o jovem.
— Ele já apanhou de alguns vizinhos. Em um desses surtos, chamou um vizinho para brigar. Enfim, as pessoas sabem que ele está doente e que o que dá, estamos fazendo, mas ele precisa ser internado. Meu tio voltou para casa, mas ainda sob ameaças dele — lamenta.
Ainda segundo Marianna, seu primo começou a ouvir vozes que estariam lhe mandando jogar comidas fora.
— Meu tio não está vivendo, porque não consegue manter nada em casa por medo de ele fazer algo. Ele precisa ir todo dia 30 ao Caps tomar uma injeção para ajudar, mas às vezes é difícil levá-lo, e recorremos à ambulância. Só acredito que isso funcionará se internar ele, para o seu próprio bem — desabafa a prima.
De acordo com o presidente do Hospital Psiquiátrico João Viana, Edmar Cruz, mesmo com o fechamento da unidade, há um ano, ainda há muitos pessoas que tentam atendimento para familiares.
— Nós indicamos o Posto de Urgência (PU) Salo Brand. É um posto de urgência psiquiátrico, e ali vai ser dado o encaminhamento. O paciente vaificar internado no próprio posto ou mesmo enviado para um Caps. É um tratamento que a própria Prefeitura tem atendido — explica Edmar.
Em nota, a Prefeitura informou que, observando a legislação vigente, mantém, por meio do Programa de Saúde Mental, uma ampla rede de atendimento e acolhimento para as pessoas em sofrimento mental.
— Além de Caps, a rede conta com cinco RTs. Em breve, a Prefeitura entregará à população o Caps III, que está passando por obras de reforma e ampliação para adequação aos modelos dos equipamentos de atenção à saúde mental do país. A obra está em fase de conclusão, e o equipamento vai funcionar no espaço que abrigou a Unidade Básica de Saúde (UBS) Salo Brand. O Caps III não será uma emergência psiquiátrica, mas terá leitos de retaguarda e de estabilização do paciente — diz a nota.
A Prefeitura pontuou que a rede também conta com o Ambulatório Ampliado de Saúde Mental, no Parque Imperial, cujo atendimento é feito mediante agendamento presencial, das 8h às 17h; e a Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI), para crianças e adolescentes em uso abusivo de substâncias psicoativas. A porta de entrada para atendimento no UAI é o Caps Infantil, situado na rua Salvador Corrêa, 218, no Centro. Há, ainda, leitos de retaguarda na UPH Saldanha Marinho, que funciona 24 horas.
— Vale ressaltar que todos os munícipes estão sendo acolhidos através da Rede de Atenção Psicossocial. Quanto aos pacientes de outros municípios, cada cidade é responsável pela assistência à saúde mental dos seus munícipes — completa a nota.

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