Estátua de Tiradentes no Centro de Campos tem cabeça destruída
05/08/2023 07:37 - Atualizado em 08/08/2023 13:35
  • Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

  • Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

  • Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

  • Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

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  • Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

  • Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

    Estátua de Tiradentes vandalizada (Foto: Rodrigo Silveira)

Evidenciando o descaso com o patrimônio histórico de Campos, a estátua de Tiradentes instalada da praça Batalhão Tiradentes, no Centro de Campos, ficou sem a cabeça, após um ato de vandalismo, ocorrido entre a madrugada e a manhã deste sábado (5). 
De acordo com o funcionário de um estacionamento localizado na rua Carlos Lacerda, o ataque à estátua aconteceu após as 3h deste sábado, já que o estabelecimento funcionou até esse horário por conta da festa do Santíssimo Salvador e nada tinha acontecido até então. 
Também frequentador da praça Batalhão Tiradentes, Cleveraldo denuncia o abandono e a falta de segurança na área do Centro, agravados pela interdição da rua Carlos Lacerda, devido ao risco de desabamento da estrutura que restou do prédio do antigo Hotel Flávio. "Faço parte aqui da praça, trabalho aqui ao lado e hoje, lamentavelmente, me deparo com essa situação com esse patrimônio histórico. Coitado, tiraram a cabeça do Tiradentes. O vandalismo aqui é solto, aqui não temos segurança nenhuma. Lamentavelmente, uma parte da rua fechada, por onde não tem como passar a viatura, não temos polícia, não temos Guarda Municipal, não temos nada. Ou seja, a praça é um abandono total, a chegar a esse ponto que está aqui. Uma peça que é um patrimônio histórico e nessa situação que está­ aí, arrancaram a cabeça do coitado do Tiradentes", disse.
A estátua fica na praça em frente a outro patrimônio histórico que está prestes a se perder: o prédio do antigo Hotel Flávio, que foi destruído por um incêndio em 19 de novembro do ano passado e depende de ações para que pelo menos sua fachada, que corre o risco de desabar, seja preservada.
A historiadora e diretora do Arquivo Público Municipal de Campos, Rafaela Machado, fez um alerta sobre o ocorrido, que reflete, na visão dela, a pouca atenção ao patrimônio cultural e histórico do município. "Há muito tempo estamos perdendo o corredor cultural. Testemunhamos o seu definhar ao longo do tempo. A verdade é que aquele trecho da nossa cidade mostra bem que não temos sido atuantes e preocupados com o nosso patrimônio, e o vizinho Hotel Flávio é prova disso. O corredor cultural definhou ao longo de tempo, a ponto de hoje só restar a icônica estátua de Tiradentes - há muito avariada e sofrida, sem corda e sem placa de identificação.Espero que não apenas o responsável por ato tão leviano e vil seja responsabilizado, mas que a municipalidade entenda a importância da educação patrimonial como forma de conscientização cidadã. Perdemos as peças que faziam homenagem a Zumbi (onde está a família que estava no local?), o Hotel Flávio definha dia a dia. Agora a estátua de Tiradentes - que enforcado e esquartejado na história - é vilipendiado no presente", declarou.
O descaso com a situação do Hotel Flávio foi destaque na edição da Folha deste sábado (aqui).
Jornalista e servidor federal, Edmundo Siqueira, que tem se dedicado à luta pela preservação do patrimônio histórico e é blogueiro do Folha1, também lamentou o ocorrido, trazendo luz à situação da desvalorização cultural no município. "O que aconteceu com o monumento a Tiradentes evidencia o que estamos vendo há décadas em Campos: o patrimônio histórico sendo vilipendiado. Ali foi um ato de vandalismo, em tese isolado, mas é sintomático. Vivemos uma cidade que não se conhece, não tem o pertencimento trabalhado na sociedade. Educação patrimonial então, infelizmente passa longe", alertou.
A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Auxiliadora Freitas, também se manifestou sobre a destruição da estátua. "Realmente , temos muito o que trabalhar. Ao longo do tempo nosso patrimônio foi abandonado, por muitos gestores e proprietários dos mesmos. Recuperar tudo é urgente. A tarefa é coletiva, plural. Temos que, como sempre proponho, levar a importância do cuidado com nosso patrimônio ao cidadão campista e nas escolas, de forma sistemática e potente. A não ser, os que trabalham com a cultura e a história de nossa terra, poucos entendem, porque não a conhecem, cuidam desta riqueza que possuímos. Uma campanha, talvez, via imprensa e outros meios de comunicação, em forma de responsabilidade social seria um dos caminhos necessários para levar nossa gente a conhecer, amar e então cuidar deste patrimônio a céu aberto que temos. Enfim, é um desafio. Poder público e sociedade juntos", afirmou Auxiliadora.

Como gestora da cultura, a presidente da FCJOL disse, ainda, que tem buscado caminhos para resolver as demandas dos equipamentos culturais, encontrados, segundo ela, também de uma forma comprometedora.
Por conta da festa do Santíssimo Salvador, padroeiro de Campos, que acontece na área central de Campos, o 8º BPM já tinha informado que o policiamento está reforçado neste final de semana na cidade. "A tradicional Festa do Santíssimo Salvador terá contará (até domingo) com o reforço diário de 50 policiais militares, distribuídos a pé na Praça principal do evento, bem como em 08 viaturas nas principais ruas de acesso. O Comando do 8° BPM segue atuando de forma proativa, a fim de coibir furtos e roubos, além de outros delitos durante as festividades no município", disse em nota divulgada nessa sexta.
Em nota divulgada no último sábado (5), a seção de comunicação social do 8º BPM comunicou que "estava com o policiamento maciço no centro de Campos em vista a festa do Santíssimo Salvador; infelizmente não fomos comunicados e nem acionados no momento do vandalismo e que investigação futura é a cargo da Polícia Civil, a quem constitucionalmente cabe a repressão do delito".

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