Itaperuna confirma primeiro caso de varíola dos macacos
27/07/2022 19:10 - Atualizado em 27/07/2022 19:13
Médico Frederico Reis Bastos
Médico Frederico Reis Bastos / Divulgação
A secretaria municipal de Saúde de Itaperuna confirmou o primeiro caso de varíola dos macacos (monkeypox). O paciente, um homem jovem de idade não informada e que esteve recentemente em viagem, não precisou de internação e se recupera bem.
De acordo com o urologista Frederico Reis Bastos, o paciente tomou uma série de cuidados. “O paciente super bem orientado, chegou aqui com essa suspeita e ele mesmo teve o cuidado de evitar contato, cuidado de zelo, de tudo; e a partir do momento que ele percebeu, que o parceiro tinha tido lesões de pele na cidade de origem, procurou por ajuda médica. O nível de consciência do paciente foi altíssimo, o cuidado que ele teve foi altíssimo também”, comenta o médico.
Ainda segundo o urologista, o paciente foi isolado na própria residência. “O isolamento foi feito em casa, um isolamento domiciliar e eu mediquei e controlei à distância, com a ajuda de outros colegas, tratando sintomaticamente. Precisei usar antibiótico para as feridas de pele infectada na segunda fase da doença, mas consegui controlar remotamente, sem precisar de internação hospitalar”, diz.
A secretaria de Saúde informou que o paciente está bem e na fase final da doença, em recuperação. “Ele está na fase final da doença, entrou na terceira semana. As lesões já saíram das crostas para cicatrizes, então é a hora que ele para de transmitir. O período de transmissão da doença ocorre quando existe a lesão ativa na pele. E o contato não é a única forma de transmissão. A transmissão acontece através de secreções corporais, isso ocorre através do suor, roupa de cama íntima; o paciente quando é isolado precisa ter o cuidado com a própria roupa. É uma doença que se dissemina pelo contato, e também existe contaminação respiratória em menor número; e para haver uma contaminação respiratória, requer que exista um contato prolongado com o doente no mesmo ambiente”, complementa o médico.
Frederico ainda explicou como deve ser realizado o procedimento, junto a pessoas que tiveram algum contato com a pessoa infectada. “A primeira fase é entender se as pessoas tiveram contato com um caso suspeito ou um caso confirmado. O caso confirmado é o caso PCR Positivo, ele já fez o teste e detectou positivo. O caso suspeito tem a clínica, história epidemiológica compatível com monkeypox e ele é tratado da mesma maneira como caso confirmado, até que sai o resultado laboratorial. Esses pacientes contactantes são isolados por 7 dias, que é o período que você espera que surjam as lesões e caso surja a lesão em até 7 dias, segue o isolamento por 21 dias. Se não surgir lesão por 7 dias, segue medindo a temperatura pelo menos duas vezes por dia, durante 21 dias”.
Principais sintomas
É uma doença que se comporta como se fosse uma gripe. “A primeira fase dela é dor, artralgia, mialgia; surge como se fosse uma gripe, com a presença de febre também. E no segundo momento da doença acontecem as erupções cutâneas, são as lesões que podem surgir do centro do corpo perifericamente ou a doença está mudando, ela pode surgir como lesões genitais. Aproveito o gancho para falar duas coisas: essa doença existe há muito tempo. Ela é endêmica, da região do Congo na África Central. Essa doença é controlada e tratada, mas o que mudou nessa doença?! Primeiro, mudou que ela está em 75 países, o aspecto epidemiológico; ela foi para lugares onde não existia. Segundo, a manifestação clínica dela, agora, já não é mais a mesma também. Ela já tem uma manifestação clínica, com certo grau de atipia, de diferença entre a doença original. Ela, às vezes, está começando como se fosse uma DST, uma doença genital, sexualmente transmissível; mas via de regra ela acontece como se fosse o início de febre, mialgia, artralgia e posteriormente as lesões cutâneas”, reforça.
É importante destacar que a contaminação, mais comumente vai acontecer através do contato, da ferida; e, menos comumente, através de contato indireto, como por exemplo, através da roupa de cama, roupa usada do paciente, suor, e pela via respiratória (que é menos frequente), pois, requer exposição prolongada no mesmo ambiente.
A secretaria municipal de Saúde informou que pensou em dois objetivos principais em relação à informação sobre monkeypox. “Na construção da informação sobre a doença pensamos em dois objetivos principais, visando alertar o médico que vai realizar o diagnóstico, por que sem a detecção precoce não existe controle de surto; o paciente não é colocado em isolamento, e continua transmitindo por contato de forma direta e indireta, e é uma doença altamente contagiosa. E o segundo objetivo é informar a população, pois, existe uma doença em curso; não é uma doença restrita a um grupo de comportamento sexual, ou seja, é uma doença de contato que qualquer ser humano pode ter. Existe uma alta incidência nesse grupo específico de perfil sexual HSH [homens que fazem sexo com homens] e esse grupo precisa ser informado de forma a se proteger e se prevenir, evitando a propagação rápida da doença. Se houver um controle objetivo desses pontos, o surto vai ser controlado”, finaliza Frederico.
A secretária municipal de Saúde, Adriana Levone, informou que a equipe da secretaria vem acompanhando as notas técnicas da Anvisa, Fiocruz, bem como as informações da OMS, Ministério da Saúde e demais entidades que estudam a doença. “Nossos profissionais estão buscando informações sobre o assunto e nós estamos sempre em contato com a Secretaria de Estado de Saúde, objetivando uma informação de qualidade. Já sabemos que a detecção precoce, instrução e o isolamento do caso diagnosticado são formas de conter a doença. Pretendemos ampliar essa gama de informações junto aos nossos médicos, preparando-os para que possam diagnosticar a doença com mais rapidez, além de trabalharmos na divulgação de informações oficiais junto à sociedade. Vale reforçar que o paciente em questão está na fase final de recuperação, com as cicatrizes secando, sem riscos de contaminar outras pessoas, ou seja, não há motivos para que a população se desespere”, finaliza a secretária.
O Ministério da Saúde reforça que “a principal forma de proteção é evitar contato direto com pessoas contaminadas. Lembrando que a principal forma de transmissão ocorre através do contato pele/pele, pessoal, ou obviamente através do contato com objetos pessoais de um paciente que está infectado com a varíola dos macacos. E, ao aparecerem quaisquer sinais ou sintomas como febre alta e súbita, dor de cabeça, aparecimento de gânglios, procure um médico na unidade básica de saúde. Procure seu médico, porque ele terá a capacidade de te examinar, fazer o diagnóstico e a condução clínica necessária. Existem atualmente duas empresas que produzem vacinas contra a doença. O Ministério está em tratativas com a OPAS e OMS para aquisição de doses para a população. Em uma primeira análise, trabalha-se com um quantitativo de aproximadamente 50 mil doses iniciais, a depender da capacidade de produção da empresa e da capacidade de aquisição. A Opas está em tratativas com o fabricante para que, o mais breve possível, essas vacinas estejam disponíveis”, informa matéria no site do ministério.
Fonte: Prefeitura de Itaperuna

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