Implantação da EF 118 debatida em Brasília
A viabilização da Estrada de Ferro 118 (EF 118), um dos projetos mais estratégicos para o desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro, foi destaque na audiência pública realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) nessa segunda-feira (27), em Brasília. A Firjan defendeu que a execução da EF 118 seja tratada como prioridade, visando conectar os polos produtivos da região Sudeste por meio da malha ferroviária nacional, promovendo um avanço significativo para a logística e a economia do Brasil.
De acordo com o presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira, a implantação da EF 118 é um projeto fundamental para a região e para o país, que exigirá um grande esforço de integração entre as autoridades e a sociedade civil. “A Estrada de Ferro 118 é um dos projetos de infraestrutura mais importantes para o Norte Fluminense, para o estado e para o país. A implantação é um grande desafio e precisamos que todas as autoridades fluminenses, incluindo parlamentares estaduais e federais, e a sociedade civil, principalmente aqui da região Norte, estejam atentas e participem das discussões em audiências”, destacou Siqueira.
A reivindicação foi reforçada por Márcio Fortes, assessor de Relações Institucionais da Firjan, que participou da audiência pública e falou também da importância do trecho fluminense entre São João da Barra e Nova Iguaçu. “Essa ferrovia não beneficiará apenas os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas impactará positivamente toda a economia brasileira, reduzindo custos logísticos, fortalecendo o comércio exterior e promovendo o desenvolvimento regional”.
O impacto positivo será sentido em diversos setores, com destaque para a redução de custos logísticos e a otimização da matriz de transporte, conectando portos fundamentais como o do Açu, de Vitória e de Itaguaí, além de outros terminais no Rio e Espírito Santo.
Contudo, um dos pontos mais críticos pontuados por Fortes foi a questão do “gatilho” para a implantação do trecho entre São João da Barra e Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), essencial para a plena integração da ferrovia. Ele alertou para o risco de comprometer a funcionalidade da ferrovia caso o “gatilho” não seja bem definido, limitando a capacidade de escoamento e integração com outros modais. Ele ressaltou ainda que a falta de clareza pode gerar incertezas e desestimular investidores.
Conforme ressaltado por Fortes, o posicionamento levado à audiência representa a opinião conjunta das federações de indústrias dos estados do Rio de Janeiro (Firjan) e do Espírito Santo (Findes). “Esse projeto vai muito além dos dois estados envolvidos, refletindo-se no fortalecimento da economia nacional. O Sudeste é responsável por aproximadamente 55% do PIB brasileiro, sendo o Rio de Janeiro e o Espírito Santo estados fundamentais na indústria e na logística do país — afirmou ele.
O superintendente Especial de Gabinete, Rodrigo Florencio, esteve em Brasília representando a Prefeitura de São João da Barra na audiência pública. “É fundamental que o município esteja presente nessas discussões para garantir que o projeto da EF 118 contemple as necessidades de nossa região e potencialize o papel estratégico do Porto do Açu no desenvolvimento econômico do país”, afirmou.
— Estamos acompanhando de perto as discussões sobre a EF 118, pois acreditamos que esse projeto será transformador para São João da Barra e para o estado do Rio de Janeiro. Nosso município tem o privilégio de abrigar o Porto do Açu, que será peça-chave nessa integração ferroviária e na geração de novas oportunidades econômicas, emprego e renda para a nossa população — destacou a prefeita Carla Caputi.
Outras duas audiências públicas acontecerão nesta semana: na quarta-feira (29), em Vitória (ES), e na sexta (31), no Rio de Janeiro. As próximas etapas do projeto incluem, no terceiro trimestre de 2025, a análise do Tribunal de Contas da União (TCU), com a publicação do edital no quarto trimestre de 2025. O leilão está previsto para o primeiro trimestre de 2026 e a assinatura do contrato deverá ocorrer ainda no primeiro semestre de 2026, marcando o início de um novo ciclo para a infraestrutura logística do país.
Dimensão — A construção da ferrovia, que terá 575 quilômetros de extensão, é esperada para impulsionar a economia local, com projeções de geração de R$ 2,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) da região, criação de 68 mil empregos diretos e indiretos, além de R$ 457 milhões de arrecadação em impostos estaduais e federais. Outro dado importante é o acréscimo de R$ 1 bilhão em salários para a força de trabalho.
O projeto da EF 118 foi viabilizado após a realização de estudos técnicos, econômicos e ambientais conduzidos pela Infra S.A., que confirmaram a viabilidade da obra. A ferrovia será composta por vários trechos. O mais avançado envolve a construção de 80 quilômetros entre Santa Leopoldina e Anchieta (ES), que será feito pela Vale, como parte da prorrogação antecipada da concessão de suas ferrovias. O restante, com 170 quilômetros de extensão, conectará Anchieta ao Porto do Açu. A ANTT também planeja incluir no projeto um trecho adicional de 325 quilômetros, ligando o Porto do Açu a Nova Iguaçu (RJ), condicionado à viabilidade econômica do projeto.